Jantar bloguista da Primavera
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O Judaísmo
(primeira parte)
As raízes
Na mais remota antiguidade o território situado entre a embocadura os rios Tigre e Eufrades, era um pântano coberto de floresta virgem, mato e extensos canaviais de bambus. A luxuriante vegetação atraiu os povos que se tinham instalado nos desertos do Ocidente e nas montanhas do Leste.
Há cerca de 3.000 aC., entraram na região novas tribos em vagas sucessivas. Os recém-chegados com maior interesse, que se estabeleceram na embocadura dos rios, foram os Sumérios, portadores de uma cultura que parece ter as mesmas raízes dos povos que se instalaram, na mesma altura, no Vale do Indo e fundaram uma sociedade assaz evoluída.
Na região dos Sumérios nasceram cidades, sem dúvida das mais antigas do Mundo. A mais célebre foi Ur, a Ur dos Caldeus, como vem referenciada no Velho Testamento. Foi a cidade natal de Abraão.
Os Sumérios viam a origem de todas as coisas em dois princípios opostos: Apsu, princípio masculino, o princípio do bem, e Tiamat, princípio feminino, o princípio do mal. Apsu era o pai do mar e das plantas, enquanto Tiamat era a mãe do lodo e dos monstros.
Da reunião destes dois princípios nasciam deuses: em primeiro lugar, o deus do Céu e a deusa da Terra. Tinham três filhos, os maiores deuses propriamente ditos. Anu, que reinava no Céu, Ea, que reinava no mar, e Enlil, que reinava na Terra.
Acreditavam que os deuses tinham criado o homem para os servir. Para criar o homem, Ea tomara um pouco de argila e misturou-a com o sangue de um outro deus que tinha morto: e assim surgiu um novo ser. (E com o barro Deus fez o homem, Génesis)
O homem participa, portanto, tanto do divino como do terrestre – é a “imagem dos deuses” - (Deus fez o homem à sua semelhança, Génesis), mas como Enil era o deus da Terra, a Suméria e toda a humanidade estavam sob o seu poder.
Os três deuses também tinham criado o Sol, a Lua e os planetas. Diversos deuses eram associados aos corpos celestes, ideia retomada por civilizações posteriores.
A ideia do pecado original também aparece na literatura suméria. Nos arquivos de El-Amarna, como na biblioteca de Assurbanipal, aparecem fragmentos de uma primeira narrativa, cujo herói é Adapa, “a semente da humanidade”, isto é, o primeiro homem.
Mas este Adapa deu um passo em falso que lhe fez perder a imortalidade, assim como à sua descendência. (È fácil identificar Adapa como o Adão da Bíblia).
Adapa era filho de Ea. Seu pai tinha-lhe legado a sabedoria, mas não a vida eterna. Este primeiro homem era bateleiro e vivia da pesca. Habitava perto do templo de Ea, onde oferecia a seu pai e senhor o pão, a bebida e o peixe que pescava.
Mas, um dia em que pescava no mar alto, o vento sul voltou-lhe o barco. Furioso, Adapa conseguiu agarrar-se às asas de um demónio e arrancar-lhas, de forma que o demónio já não pode voar.
Quando Anu, o deus do Céu, teve conhecimento do acto de Adapa, encolerizou-se e chamou o culpado. Ea que sabia o perigo que ameaçava o filho aconselhou-o a não comer pão e nem beber água que o deus do Céu lhe oferecesse, pois perderia a vida.
Mas as coisas não se passaram como Ea tinha imaginado. Adapa chegou ao Céu e Anu, quando o viu, perdeu a sua cólera. Não só perdoou a Adapa, como ainda decidiu, num belo gesto, mostrar-se mais generoso do que Ea. Ordenou aos seus servidores que presenteassem o seu convidado o pão e a água que dão a imortalidade.
Adapa, não esquecendo o conselho de Ea, recusou o que lhe era oferecido. Anu ordenou então aos espíritos que o serviam: “ Tomai conta dele e mandai-o de novo para a Terra”. Este mal entendido privou, assim, Adapa da imortalidade. ( Expulsão de Adão do paraíso)
Enlil estava descontente com os homens e com a aprovação dos outros deuses, resolveu castigá-los pelos seus pecados enviando-lhes uma terrível inundação. Mas Ea opunha-se a este projecto e deu dele conhecimento ao seu amigo Utanapishtim. Este construiu então um barco, que o protegeu, assim como à sua família e aos seus animais. Em seguida, os outros deuses também lamentaram ter enviado o Dilúvio e alegraram-se com o facto de o género humano ter sobrevivido à inundação. ( Passagem bíblica de Noé e o dilúvio).
Os Sumérios faziam uma ideia muito sóbria a respeito do que os esperava depois da morte. O homem sob a forma de espírito, continuava a sua existência nos infernos. Depois da morte ninguém alcançava a felicidade, por isso os Sumérios prestavam culto aos seus deuses sem outra esperança senão a de adquirirem bens terrestres, como a riqueza e a saúde.
Contemporâneo de Abraão é Hamurábi que compilou as leis que formam o famoso Código de Hmurábi. Influenciadoras dos Mandamentos de Moisés, vários aspectos das leis israelitas expostas em O Êxodo mostram uma acentuada parecença com as leis de Hamurábi.
Também mais tarde, durante o exílio na Babilónia, os Judeus foram influenciados pela religião de Zaratustra. Monoteísta, a sua doutrina só conhece a existência de um único deus, Ahura-Mazda.
(continua)
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(primeira parte)
As raízes
Na mais remota antiguidade o território situado entre a embocadura os rios Tigre e Eufrades, era um pântano coberto de floresta virgem, mato e extensos canaviais de bambus. A luxuriante vegetação atraiu os povos que se tinham instalado nos desertos do Ocidente e nas montanhas do Leste.
Há cerca de 3.000 aC., entraram na região novas tribos em vagas sucessivas. Os recém-chegados com maior interesse, que se estabeleceram na embocadura dos rios, foram os Sumérios, portadores de uma cultura que parece ter as mesmas raízes dos povos que se instalaram, na mesma altura, no Vale do Indo e fundaram uma sociedade assaz evoluída.
Na região dos Sumérios nasceram cidades, sem dúvida das mais antigas do Mundo. A mais célebre foi Ur, a Ur dos Caldeus, como vem referenciada no Velho Testamento. Foi a cidade natal de Abraão.
Os Sumérios viam a origem de todas as coisas em dois princípios opostos: Apsu, princípio masculino, o princípio do bem, e Tiamat, princípio feminino, o princípio do mal. Apsu era o pai do mar e das plantas, enquanto Tiamat era a mãe do lodo e dos monstros.
Da reunião destes dois princípios nasciam deuses: em primeiro lugar, o deus do Céu e a deusa da Terra. Tinham três filhos, os maiores deuses propriamente ditos. Anu, que reinava no Céu, Ea, que reinava no mar, e Enlil, que reinava na Terra.
Acreditavam que os deuses tinham criado o homem para os servir. Para criar o homem, Ea tomara um pouco de argila e misturou-a com o sangue de um outro deus que tinha morto: e assim surgiu um novo ser. (E com o barro Deus fez o homem, Génesis)
O homem participa, portanto, tanto do divino como do terrestre – é a “imagem dos deuses” - (Deus fez o homem à sua semelhança, Génesis), mas como Enil era o deus da Terra, a Suméria e toda a humanidade estavam sob o seu poder.
Os três deuses também tinham criado o Sol, a Lua e os planetas. Diversos deuses eram associados aos corpos celestes, ideia retomada por civilizações posteriores.
A ideia do pecado original também aparece na literatura suméria. Nos arquivos de El-Amarna, como na biblioteca de Assurbanipal, aparecem fragmentos de uma primeira narrativa, cujo herói é Adapa, “a semente da humanidade”, isto é, o primeiro homem.
Mas este Adapa deu um passo em falso que lhe fez perder a imortalidade, assim como à sua descendência. (È fácil identificar Adapa como o Adão da Bíblia).
Adapa era filho de Ea. Seu pai tinha-lhe legado a sabedoria, mas não a vida eterna. Este primeiro homem era bateleiro e vivia da pesca. Habitava perto do templo de Ea, onde oferecia a seu pai e senhor o pão, a bebida e o peixe que pescava.
Mas, um dia em que pescava no mar alto, o vento sul voltou-lhe o barco. Furioso, Adapa conseguiu agarrar-se às asas de um demónio e arrancar-lhas, de forma que o demónio já não pode voar.
Quando Anu, o deus do Céu, teve conhecimento do acto de Adapa, encolerizou-se e chamou o culpado. Ea que sabia o perigo que ameaçava o filho aconselhou-o a não comer pão e nem beber água que o deus do Céu lhe oferecesse, pois perderia a vida.
Mas as coisas não se passaram como Ea tinha imaginado. Adapa chegou ao Céu e Anu, quando o viu, perdeu a sua cólera. Não só perdoou a Adapa, como ainda decidiu, num belo gesto, mostrar-se mais generoso do que Ea. Ordenou aos seus servidores que presenteassem o seu convidado o pão e a água que dão a imortalidade.
Adapa, não esquecendo o conselho de Ea, recusou o que lhe era oferecido. Anu ordenou então aos espíritos que o serviam: “ Tomai conta dele e mandai-o de novo para a Terra”. Este mal entendido privou, assim, Adapa da imortalidade. ( Expulsão de Adão do paraíso)
Enlil estava descontente com os homens e com a aprovação dos outros deuses, resolveu castigá-los pelos seus pecados enviando-lhes uma terrível inundação. Mas Ea opunha-se a este projecto e deu dele conhecimento ao seu amigo Utanapishtim. Este construiu então um barco, que o protegeu, assim como à sua família e aos seus animais. Em seguida, os outros deuses também lamentaram ter enviado o Dilúvio e alegraram-se com o facto de o género humano ter sobrevivido à inundação. ( Passagem bíblica de Noé e o dilúvio).
Os Sumérios faziam uma ideia muito sóbria a respeito do que os esperava depois da morte. O homem sob a forma de espírito, continuava a sua existência nos infernos. Depois da morte ninguém alcançava a felicidade, por isso os Sumérios prestavam culto aos seus deuses sem outra esperança senão a de adquirirem bens terrestres, como a riqueza e a saúde.
Contemporâneo de Abraão é Hamurábi que compilou as leis que formam o famoso Código de Hmurábi. Influenciadoras dos Mandamentos de Moisés, vários aspectos das leis israelitas expostas em O Êxodo mostram uma acentuada parecença com as leis de Hamurábi.
Também mais tarde, durante o exílio na Babilónia, os Judeus foram influenciados pela religião de Zaratustra. Monoteísta, a sua doutrina só conhece a existência de um único deus, Ahura-Mazda.
(continua)