segunda-feira, setembro 29, 2008

Sobre a Criação

Sei bem que há assuntos, pela sua abstracção, são difíceis de serem debatidos.
Sei bem que a abstracção requer intuição.
Sei bem que a intuição nem sempre é dedutiva.
Sei bem que a dedução é de difícil expressão.
Sei bem que na expressão, as palavras adaptadas do sensitivo, são imprecisas fora dele.
Sei bem que tudo isto comigo acontece.

Falar da criação é falar do nada, conjecturar o nada e concluir… Nada.
Falar da criação é intuir a abstracção.
Falar da criação é expressar a dedução com as limitações sensitivas.
Falar da criação é acima de tudo um diálogo íntimo com nós mesmos.
Falar da criação é procurar entendermo-nos a nós próprios.
Falar da criação é estar preparado para não haver criação.

Penso que o homem que exige uma criação, o faz por analogia com ele próprio, ao seu nascer e morrer.

Como para o homem o conceito de eternidade, imerge sempre, por oposição, no conceito de finitude, será sempre impossível interpretar a eternidade, na sua forma mais ampla, sem fim e sem princípio.
Por isso, para o homem o conceito de eternidade é limitativo da forma de pensar, porque aparece sempre em oposição ao limitado, e nunca identificado com o que nunca foi limitado.

O que nasce morre.
Tudo que é criado tem um fim.

Se assim fosse, num acto de criação estaria sempre implícito um acto de destruição e, para que a destruição não configurasse um Nada, a criação deveria ser constante e sequente da destruição anterior.

O Nada seria sempre uma impossibilidade, pois com o Nada não há criação nem destruição. É a anulação do Nada que propicia a criação, e a sequente destruição.

Substituir o Nada pelo ciclo da criação e destruição, seria transformar o Nada em criação, ser a criação o próprio Nada, anulando-se reciprocamente, do que resultaria a verdadeira eternidade, sem princípio e sem fim. Só o incriado.

domingo, setembro 21, 2008

O espaço, o tempo e a ideia

Tomemos o espaço como o lugar ocupado pelas formas.
O tempo, a duração dessa ocupação.
O espaço é finito, limitado pelas formas que o ocupam.
É o espaço finito, que dá a percepção do todo infinito onde está inserido, ou seja, é o cognitivo que nos dá a noção do incognoscível, onde o espaço é a própria expressão do todo infinito.
Se o espaço deu origem ao aparecimento das formas, também as forma evidenciam a existência do espaço.
Sendo o tempo uma abstracção, tomada como duração para a ocupação do espaço, deduz-se que o espaço também não passará de uma abstracção do próprio todo, onde espaço e a forma se confundem.
O resultado desta combinação espaço/tempo é a ideia de uma existência sensitiva, ilusória.