A origem da vida
(Primeira parte)
O nosso colega Peter do blog Conversa de Chaxa 4, que recomendo a visitarem, pela óptima qualidade do que escreve, lançou-me o desafio de postar sobre o tema: A Origem da Vida.
Pareceu-me importante, como introdução, começar com uma abordagem à problemática que tanto afligi o espírito humano, a final o princípio de tudo: O Tempo.
Para a feitura desta introdução, inspirei-me num livro, imperdível, mesmo de leitura obrigatória para quem gosta do tema, O Implacável Tempo, de Henrique Sousa, outro colega nosso do Blog Hora Absurda, aquém dedico esta primeira parte.
O tempo é uma representação necessária que serve de base a todas as intuições. Não se pode suprimir o tempo nos fenómenos em geral, ainda que se possa separar, muito bem, estes daquele.
O tempo, pois, é um dado “a priori”. Só nele é possível toda a realidade dos fenómenos. Estes podem desaparecer, mas o tempo mesmo, como condição geral de sua possibilidade, não pode ser suprimido. Kant
O homem, a consciência, que cria o tempo, que não existiria num universo sem homens e sem consciência. - A. Wheeler
O tempo é a nossa dimensão existencial básica - Ilya Prigegine
Devíamos concentrar-nos antes na outra pergunta: “Como é que o homem chegou ao tempo?” Ernest Pöppel
Identificando-me com os postulados anteriores, é minha convicção que o Tempo existe, por que o homem existe, pois o Tempo é sua criação, ficando as suas existências inter dependentes.
O homem questiona a sua existência, mas a nada que o transcenda tem acesso, a intemporalidade apresenta-se lhe incognoscível, e o seu sensitivo nada percepciona fora do seu âmbito.
Mas não desanima, a sua limitação levou-o a “fabricar” a sua própria justificação, criando para tal, a noção de Tempo, fragmentando dramaticamente a intemporalidade. Se não podes conhecer a totalidade, contenta-te com parte dela.
Não ouve um momento definido para a criação do Tempo, mas consequência do processo evolutivo do homem.
Ainda como ser que interage com a Natureza, sem dela ter consciência, o Tempo não existe. A sua existência é colectiva, num todo natural, onde o individual não é consciencializado, é uma espécie de vida global regida pela própria evolução da Natureza.
O despertar da consciência da individualidade, leva-o ao reconhecimento da sua finitude, e com ela, o aparecimento do primeiro conceito de Tempo, o Tempo da duração da sua existência.
Daí aos anos, dias, minutos e segundos, foi um ápice do seu próprio Tempo. Tornando-o a sua própria consciência, na sua medida padrão também se tornou. Esticando-o para o infinitamente grande e encolhendo-o para o infinitamente pequeno, foi-o adaptando às conjecturas sobre a sua origem, sempre com a ambição frustrada de com um segmento de recta encontrar o principio e o fim da própria recta.
A sua obsessão é tão grande que se dilui nele e nele procura a sua origem, ciente de que o princípio do Tempo é o seu também. Mas como o Tempo é limitado, limita a sua origem a uma singularidade. Usando a imaginação para inverter o próprio Tempo, gritou Eureka! pensando que descobriu a criação numa simples explosão dessa singularidade, a que ironicamente chamou Big Bang, que para ele tudo abarca e justifica da evolução da criação.
A descoberta do princípio, contudo, não lhe mostrou o fim, continuando sem perceber a recta, limita-se à semi recta, convencido de que tudo que tem um princípio tem de ter um fim. Como não é capaz de melhor, e tudo tem de provar à luz da ciência, o cognitivo, aquilo que julga poder postular sem errar, volta a inverter as contas e fazer voltar tudo de novo à singularidade, e assim, em sucessivos ciclos, tão sucessivos que ficam sem razão.
Coitado, influenciado por Descartes quando afirma, penso, tenho consciência, logo existo, já se julgava dono do Tempo, quando um senhor incómodo lhe bate à porta.
No dizer de Baudelaire, o Tempo come a vida. Afinal de contas criar o Tempo, não foi mais do que arranjar lenha para se queimar.
Mas, ainda não se tinha recomposto do desânimo, já outro, não menos chato, lho quer tirar. Aristóteles nas suas conjecturas sobre o Tempo chegou à seguinte conclusão: uma porção dele passou e já não existe, enquanto a outra acontecerá e ainda não existe.
Contudo o tempo – infinito ou a porção dele que se queira examinar – é composto daqueles.
Supor-se-ia naturalmente que o que é composto de coisas que não existem não poderia ter qualquer papel na realidade.
De onde se deduz que o tempo e a consciência dele, não existem, não passam de uma ilusão. Tanto Tempo perdido para nada.
(continua)
(Primeira parte)
O nosso colega Peter do blog Conversa de Chaxa 4, que recomendo a visitarem, pela óptima qualidade do que escreve, lançou-me o desafio de postar sobre o tema: A Origem da Vida.
Pareceu-me importante, como introdução, começar com uma abordagem à problemática que tanto afligi o espírito humano, a final o princípio de tudo: O Tempo.
Para a feitura desta introdução, inspirei-me num livro, imperdível, mesmo de leitura obrigatória para quem gosta do tema, O Implacável Tempo, de Henrique Sousa, outro colega nosso do Blog Hora Absurda, aquém dedico esta primeira parte.
O tempo é uma representação necessária que serve de base a todas as intuições. Não se pode suprimir o tempo nos fenómenos em geral, ainda que se possa separar, muito bem, estes daquele.
O tempo, pois, é um dado “a priori”. Só nele é possível toda a realidade dos fenómenos. Estes podem desaparecer, mas o tempo mesmo, como condição geral de sua possibilidade, não pode ser suprimido. Kant
O homem, a consciência, que cria o tempo, que não existiria num universo sem homens e sem consciência. - A. Wheeler
O tempo é a nossa dimensão existencial básica - Ilya Prigegine
Devíamos concentrar-nos antes na outra pergunta: “Como é que o homem chegou ao tempo?” Ernest Pöppel
Identificando-me com os postulados anteriores, é minha convicção que o Tempo existe, por que o homem existe, pois o Tempo é sua criação, ficando as suas existências inter dependentes.
O homem questiona a sua existência, mas a nada que o transcenda tem acesso, a intemporalidade apresenta-se lhe incognoscível, e o seu sensitivo nada percepciona fora do seu âmbito.
Mas não desanima, a sua limitação levou-o a “fabricar” a sua própria justificação, criando para tal, a noção de Tempo, fragmentando dramaticamente a intemporalidade. Se não podes conhecer a totalidade, contenta-te com parte dela.
Não ouve um momento definido para a criação do Tempo, mas consequência do processo evolutivo do homem.
Ainda como ser que interage com a Natureza, sem dela ter consciência, o Tempo não existe. A sua existência é colectiva, num todo natural, onde o individual não é consciencializado, é uma espécie de vida global regida pela própria evolução da Natureza.
O despertar da consciência da individualidade, leva-o ao reconhecimento da sua finitude, e com ela, o aparecimento do primeiro conceito de Tempo, o Tempo da duração da sua existência.
Daí aos anos, dias, minutos e segundos, foi um ápice do seu próprio Tempo. Tornando-o a sua própria consciência, na sua medida padrão também se tornou. Esticando-o para o infinitamente grande e encolhendo-o para o infinitamente pequeno, foi-o adaptando às conjecturas sobre a sua origem, sempre com a ambição frustrada de com um segmento de recta encontrar o principio e o fim da própria recta.
A sua obsessão é tão grande que se dilui nele e nele procura a sua origem, ciente de que o princípio do Tempo é o seu também. Mas como o Tempo é limitado, limita a sua origem a uma singularidade. Usando a imaginação para inverter o próprio Tempo, gritou Eureka! pensando que descobriu a criação numa simples explosão dessa singularidade, a que ironicamente chamou Big Bang, que para ele tudo abarca e justifica da evolução da criação.
A descoberta do princípio, contudo, não lhe mostrou o fim, continuando sem perceber a recta, limita-se à semi recta, convencido de que tudo que tem um princípio tem de ter um fim. Como não é capaz de melhor, e tudo tem de provar à luz da ciência, o cognitivo, aquilo que julga poder postular sem errar, volta a inverter as contas e fazer voltar tudo de novo à singularidade, e assim, em sucessivos ciclos, tão sucessivos que ficam sem razão.
Coitado, influenciado por Descartes quando afirma, penso, tenho consciência, logo existo, já se julgava dono do Tempo, quando um senhor incómodo lhe bate à porta.
No dizer de Baudelaire, o Tempo come a vida. Afinal de contas criar o Tempo, não foi mais do que arranjar lenha para se queimar.
Mas, ainda não se tinha recomposto do desânimo, já outro, não menos chato, lho quer tirar. Aristóteles nas suas conjecturas sobre o Tempo chegou à seguinte conclusão: uma porção dele passou e já não existe, enquanto a outra acontecerá e ainda não existe.
Contudo o tempo – infinito ou a porção dele que se queira examinar – é composto daqueles.
Supor-se-ia naturalmente que o que é composto de coisas que não existem não poderia ter qualquer papel na realidade.
De onde se deduz que o tempo e a consciência dele, não existem, não passam de uma ilusão. Tanto Tempo perdido para nada.
(continua)