sábado, abril 29, 2006

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Quando os Aztecas chegaram ao planalto em princípios do século XIV, encontraram um imenso centro religioso abandonado a que chamaram Teotihuacán, tal fora a impressão ante tanta grandeza, que pensaram ter sido construído por gigantes para os deuses se reunirem para assegurarem a existência do mundo.
O chamado Período Clássico das civilizações da América Central, começa no início da era cristã e vai até ao século IV, com o desenvolvimento no vale do México da primeira das grandes civilizações centro-americanas deste período, a cultura Teotihuacán.
Antes de entrarmos propriamente na cultura Teotihuacán, por causa de algumas afinidades, como o aparecimento e desaparecimento destas culturas, vamos fazer uma rápida passagem pela cultura Olmeca.
Não se sabe a sua origem nem como desapareceram.
A sua época mais brilhante foi entre 800 e 400 a.C., estabelecidos em La Venta, na planície junto ao litoral do Golfo do México.
Todas as grandes esculturas em forma de cabeça, assim como altares, ostentam o motivo jaguar. Os Olmecas conheciam a escrita, os números e o calendário, a que os Maias deram, posteriormente uma incipiente continuidade.
Segundo os conhecimentos actuais, os Olmecas apareceram de súbito, já como um povo altamente desenvolvido e poderoso, de tal modo que alguns autores supõem eles serem oriundos de uma imigração proveniente da Ásia. (esculturaomeca à esquerda)
Poucas cidades têm sido consideradas dignas de serem habitadas pelos deuses, Totihuacan é uma delas, “onde se respira entre as suas amplas avenidas os rumos do universo e cujo esplendor é emanado das suas praças e pirâmides ciclópicas e muros estucados de imagens primordiais da Natureza e figuras de um mundo espiritual quase esquecido.”
Séculos depois de abandonada, outros povos lhe chamavam a “Cidade dos Deuses”, “não sem razão, pois a sua existência esteve regida por profundas convicções religiosas, normas de vida em torno dos ciclos da Natureza, e uma cosmogonia de estreitas relações fenomenológicas cuja expressão calendárica e astronómica se reflectia na construção da cidade.”
A Pirâmide do Sol tem uma inclinação de 17º em relação ao pólo terrestre, o que quer dizer que aponta ao pólo magnético e que o Sol ilumina o zénite do centro da pirâmide nos dias 20 de Maio e 18 de Junho. Esta é uma das características astronómicas das pirâmides mesoamericanas.
Teotihuacan não foi só uma cidade monumental, mas também um lugar de arte, onde a pintura mural permite conhecer o mundo das figuras míticas, dos deuses, jaguares, seres da noite e céus aquáticos. Na olaria a sua arte atingiu a perfeição.
Teotihuacán foi uma cidade Estado, instalada a 45 Km da cidade do México num amplo vale que dominou na totalidade, e a sua influência cultural o seu controle político, chegaram até à actual Guatemala.
Ignora-se quem foram os seus habitantes, a sua origem e que língua que falavam.
Apesar de não conhecerem os metais, as suas edificações encontram-se entre os mais empolgantes vestígios de civilizações antigas ainda existentes no mundo.
Em Teotihuacán foram encontradas as Pirâmides do Sol e da Lua, o Templo da Serpente Emplumada, a “Cidadela”, largas vias norte e Sul e de lesta a oeste, onde se destaca a Avenida dos Mortos, os centros de administração e culto urbanos, praças, templos e as habitações.
A Avenida dos Mortos, (fotografia à esquerda) assim chamada por ser onde enterravam os reis, era a rua principal a partir da qual se desenvolveu a construção de Teotihuacán. Tinha mais de 2,5 Km e estendia-se desde a Pirâmide da Lua até à Cidadela, ladeada por templos, palácios e plataformas. Podem ser vistos ainda os palácios do Jaguar e de Quetzal e o templo de Quatzalcoútl nome dado pelos Aztecas à Serpente emplumada.

A Pirâmide do Sol, (fotografia à direita) a terceira maior do mundo, tinha uma base de 215 X 215 metros, e 63 metros de altura. Foi ampliada pelo menos duas vezes, ficava situado no lado leste da Avenida dos Mortos.
Não existe informação sobre o templo nem como foi destruído completamente.


A Pirâmide da Lua, (fotografia à esquerda), fica situada no extremo norte da Avenida dos Mortos. A Cidadela é um conjunto arquitectónico formado por quinze pirâmides mais pequenas dispostas simetricamente numa área murada no centro geográfico da cidade. Mede 400 metros de lado e encerra uma área de cerca de 160.000 m2, onde existiam quatro plataformas que serviam de base a pirâmides. A praça principal tinha capacidade para 100.000 pessoas. O templo da Serpente Emplumada era a principal construção deste complexo. Este espaço enorme e fechado destinava-se ao desempenho de rituais.

Nas escavações em Teotihuacán foram encontradas mais de 4.300 casas e dezenas de milhares de objectos arqueológicos.
A destruição de Teotihuacán parece ter acontecido por volta do ano 650, mas só em torno de 900 a cidade veio a ser tomada pelos Toltecas.
(À direita um pormenor do Templo da Setpente Emplumeda.)

Entre os anos 1 e 500, Teotihuacán transformou-se de aldeia num grande centro urbano com 85.000 a 100.000 habitantes e uma superfície de vinte quilómetros quadrados.
Os aspectos históricos e sociais que caracterizam este desenvolvimento são; aumento geral da população devido a uma maior produtividade agrícola; especial aumento da densidade populacional no centro urbano; diferenciação socioeconómica e divisão do trabalho nesta população urbana, que começa a produzir para mercado; criação de bairros especializados de artesãos; mudança de uma ordem social baseada no parentesco para uma estratificação em classes sociais; substituição do domínio sacerdotal pelo domínio militar; evolução social e integração de aldeias, através de cacicados.

(À direita um exemplo da arquitectura decorativa Teotihuacán)
Em Teotihuacán a base alimentar assentava na agricultura que tinha por fundamento um sofisticado e eficiente sistema artificial de rega. O artesanato e o comércio atingiram um elevado nível. Os produtos das planícies, como o algodão, o cacau e as penas de aves, eram muito apreciados. As mercadorias elaboradas em Teotihuacán eram trocadas por matérias-primas.
Ainda não estão apuradas as causas da decadência de Teotihuacán, durante os séculos VII e VIII. Conjectura-se que foi o conflito interno entre o poder religiosos e o profano que deu lugar ao fim da cidade. No desenlace desta luta de interesses sociais influíram também, eventualmente, as repetidas invasões de tribos “bárbaras”. Estas tribos nómadas, que posteriormente receberam o nome de Chichimecas (filhos de cadela), também viriam a acelerar igualmente o fim do reino Tolteca de Tula.
A Cultura Teotihuacán viria a influenciar de maneira definitiva todas as outras culturas da América Central que se lhe seguiram.

sexta-feira, abril 21, 2006

Felicidade

Quem deseja a felicidade? Muitos fazem rodeios, mas gritar aos sete ventos, EU QUERO SER FELIZ, não vejo ninguém. De que têm medo ou vergonha, se é o que todos querem?
Porquê devemos ter vergonha ou medo de o fazer, se ser feliz é uma capacidade exclusiva dos humanos, e a felicidade deveria ser o estado de “alma” permanente da Humanidade.
Saberemos nós ser felizes? Teremos nós a coragem de ser felizes para podermos desejar a felicidade, ou a nossa falta convicção não nos deixa ultrapassar o murmúrio?

"É difícil ser feliz; requer espírito, energia, atenção, renúncia e uma espécie de cortesia que é bem próxima do amor. Às vezes é uma graça ser feliz: mas pode ser, sem a graça, um dever. Um homem digno desse nome agarra-se à felicidade, como se amarra ao mastro em mau tempo, para se conservar a si mesmo e aos que ama. Ser feliz é um dever." É uma generosidade. (Louis Pauwels)


Talvez nos equivoquemos com a satisfação confundindo-a com a felicidade, exigindo para esta o que achamos imprescindível para a outra.
A satisfação dos nossos desejos não se traduz em felicidade. A felicidade é algo que só tem a haver com nós próprios independentemente dos desejos.

“Pergunta-me onde, neste mundo, se pode encontrar a felicidade? Depois de numerosas experiências, convenci-me que ela reside apenas em estarmos contentes com nós próprios. As paixões não nos conseguem comunicar esse contentamento; desejamos sempre o impossível – o que obtemos nunca nos satisfaz.” (Eugène Delacroix)

A felicidade é a força sentida que nos desperta as emoções e nos põem em sintonia com a Natureza. Ela representa a vontade da própria vida.

“É tão bom sentir pulsar dentro de nós aquela existência superior cuja realização só nos é possível sonhar ou pressentir”. ( George Sand)

Ao contrário a satisfação conduz-nos a um mundo inferior, o mundo dos sentidos, do egoísmo e das paixões.
Só a compreensão da infelicidade nos pode fazer reconhecer a felicidade. Só a avaliação do que nos torna infelizes nos poderá conduzir à felicidade.
Será que o que nos torna infelizes é o resultado da insatisfação de um egoísmo acerbado que só a sua satisfação nos pode tornar felizes?

Porque a vida não nos oferece aquilo que esperamos dela?
Porque a nossa felicidade depende da concretização dos sonhos?
Porque nos relegámos para segundo plano, e só o desejado tem importância.
Porque já nada nos pode impressionar e transmitir serenidade, restando apenas o desejo.
Porque o simples facto de existirmos já não tem significado, se essa existência não for consubstanciada com o ter do querer.

Se não conseguimos compreender a diferença entre a satisfação e a felicidade, e pelo contrário as tornamos dependentes uma da outra, a felicidade não passará de uma palavra cujo significado, por muito que o procuremos, nunca o vamos entender. E como se pode querer uma coisa que não se conhece?
Quem procura o efémero da satisfação, nunca encontrará a felicidade.

A felicidade nem sempre vem ao nosso encontro, mas quando vem temos de saber recebê-la, e se por vezes se ausenta, o espaço deixado por ela deve ser preservado para o seu regresso.

sexta-feira, abril 14, 2006

Hipótese ou verdade?

É dado adquirido que a população do chamado Primeiro Mundo está a diminuir a um ritmo acelerado.
O aumento da infertilidade, as dificuldades económicas e o estilo de vida adoptado, são as principais razões apontadas como responsáveis pelo decréscimo da natalidade.
A falta de visibilidade deste fenómeno é devido ao aumento da esperança de vida, que se traduz num aumento da população, que de certa maneira, temporariamente, tende a manter a média populacional estável.
Se a esperança de vida fosse igual à que existi há meio século, que rondava os cinquenta anos, cerca de um terço da população não existia, o que nos levaria a tomar consciência da diminuição da população.
O contrário acontece no chamado Terceiro Mundo, onde a natalidade é elevada, e que apesar de a mortalidade infantil ser grande e a esperança de vida menor, a população vai aumentando.
Perante este facto, os governos do Primeiro Mundo, têm mostrado uma grande apatia, em vez de tentarem encontrar o antídoto para este ”veneno” que tende a acabar com a população, têm procurado a solução na miscigenação das populações, ou seja importar os mais aptos para a reprodução, em especial as populações africanas, e com estas tentar regenerar as populações locais.
Solução errada, que levará inevitavelmente a médio prazo à mesma situação, quando as populações importadas, por aglutinação social, venham a sofrer das mesmas razões sociais das que as acolheram, ou seja o contínuo desaparecimento da população.
Este fenómeno da diminuição da população, que tende ao seu desaparecimento, não me parece seja ocasional ou cíclico, nem tão pouco consentido pela vontade, pelo que talvez tenhamos que procurar outra explicação fora do nosso conceito civilizacional.
Aquilo que vou por como hipótese a seguir pode parecer um absurdo, mas antes de o considerarem como tal, pensem um pouco, e talvez encontrem alguma verdade.
Na minha hipótese o fenómeno chama-se Gaia, ou seja a própria Natureza a regenerar-se para evitar a sua destruição.
Quando estamos doentes, especialmente se a doença pode conduzir ao nosso fim, procuramos eliminar as causas dessa doença, substituindo as células causadoras do mal por outras.
Com a continuação das acções predatórias da humanidade, é perceptível que o auto sistema regenerativo da Natureza para que tenha sucesso, tenha de destruir Tudo o que está na origem da sua enfermidade, ou a regeneração nunca será possível, conduzindo irremediavelmente ao seu fim.
Pergunto. Quem é esse Tudo que mais contribui para a enfermidade de Gaia? A resposta todos sabem. A humanidade.
E entre este Tudo, quem são os piores? A resposta também me parece óbvia. A humanidade do Primeiro Mundo.
Se Gaia continuar com estas células cancerosas, estamos em presença de uma enfermidade com morte anunciada.
Se ninguém quer morrer por doença, muito menos Gaia, que tudo fará para se manter viva, porque a sua morte era interromper o próprio ciclo evolutivo do Universo.
Só a reciclagem destas células, a humanidade, poderá contribuir para a salvação de Gaia.
Pretenso senhor do mundo, o egoísmo do homem tem levado à destruição sistemática da Natureza.
Dessas destruições, algumas já são irreversíveis, e para que a irreversibilidade não seja total, a única defesa que a Natureza tem é reciclar, eliminando esse egoísmo, e reconstruir uma humanidade mais consentânea com a própria Natureza.
Como foi África o continente escolhido pela Natureza, pela evolução e selecção natural, para fazer emergir a humanidade, quem sabe se não será novamente o escolhido para a partir dele proceder a à reciclagem da humanidade.

sábado, abril 08, 2006

Filogenia dos ancestrais humanos
(continuação)

Como vimos no texto anterior, ao Homo erectus que povoou África foi lhe dado o nome de Homo ergaster, passando só a usar o nome de Homo erectus, as populações que emigraram para fora de África.
Há cerca de 1,6 milhões de anos o Homo erectus iniciou a sua emigração para fora de África e durante um milhão de anos viajou até ao Extremo Oriente, povoando todos os continentes com a excepção do americano
Estavam em pleno Pleistoceno onde operavam grandes mudanças climatéricas. A Europa e a Ásia estavam sujeitas a períodos muito frios, as glaciações, pelo que os níveis do mar se tornam mais baixos ligando os continentes entre si e ligando as ilhas a estes, facilitando a deslocação ao Homo erectus.

Vários achados fósseis, um grupo de cerca de cinquenta indivíduos, foram encontrados nas cavernas de Choukoutien, perto de Pequim, na China, que foram chamados de o ”Homem de Pequim” e em Java um outro grupo fóssil seria conhecido como o “Homem de Trinil”.
O seu elevado desenvolvimento cerebral propiciou-lhe a necessária capacidade de adaptação aos mais variados ambientes, permitindo-lhe a fixação, dando origem às mais variadas raças.
No erectus existem muitas características particulares que o diferenciam das espécies anteriores. Um crânio com uma capacidade entre os 900 e 1250 cm3, o que representa um aumento de cerca de 50% em relação ao Homo habilis e com grossas paredes.
A parte de trás é marcada por uma protuberância conhecida como o torus occipital. Por cima dos olhos há uma grande e proeminente sobrancelha enrugada, ou arcada super orbital, a qual junta o osso frontal até à depressão chamada sulcus.
A dentição é semelhante à do moderno humano, ainda que os molares sejam maiores e a mandíbula mais robusta, era mais pequena que o Homo hábilis
Altura variava entre 1,30 e 1,70, e proporção dos braços para as pernas já se apresentava igual aos modernos humanos.
Entre os primitivos Homo rerectus, os machos eram maiores que as fêmeas. Durante um milhão de anos, a proporção do tamanho mudou, ficando parecida com a dos modernos humanos.
Os cientistas especulam que esta diferença de tamanho final, propicia sinais de mudança de comportamento na espécie, e sugerem o emergir de uma estrutura social.
Existem diversas espécies individuais do homo erctus, mas somente alguns são conhecidos. A reconstrução artística de três faces feitas a partir dos crânios, mostra as variações ocorridas durante o período de cerca de um milhão de anos. A mais antiga, à esquerda, tem aproximadamente 1,5 milhões de anos, a mais recente, à esquerda, 0,5 milhões de anos. A face torna-se mais vertical com um crânio mais redondo, o tamanho do cérebro incrementado e projecção do nariz.
Homo erectus foi um perfeito construtor e utilizador de ferramentas. As suas ferramentas são as primeiras a mostrar um consciente desenho de muita complexidade. Ferramentas de madeira e armas também aparecem, no conjunto fóssil desta espécie, juntamente com os bifaces e machados.
Evidências de massacre de grandes elefantes, sugerem que eram exímios caçadores de grandes animais.
Os locais da China onde foi encontrado o Homo erectus preservam evidências de canibalismo.
Ao Homo erectus é lhe creditado o maior evento cultural da Humanidade, o domínio e utilização do fogo.
Homo heidelbergensis é o nome dado à espécie que na Europa serviu de ponte entre o Homo erectus e os Neandertais. O nome proposto para o achado fóssil, uma mandíbula, deve-se ao facto de a sua descoberta ter ocorrido numa escavação de areia ao Norte de Mauer, perto de Haidelberg, Alemanha, em 1970 e datada como pertencendo ao Pleistoceno Médio com 500.000 anos.
Homo rhodesiensis é o nome dado ao primeiro fóssil do erectus encontrado em África, numa mina de prospecção de metais, em Kabwe, Zâmbia, e foi datado com 125.000 anos.
A idade do Homo rhodesiensis, justificava o desenvolvimento europeu para o nível de Cro-Magnon, enquanto as populações africanas ficavam no Homo erectus.
O perfil da caixa craniana é baixo e inclina-se para trás desde a grande supra orbital, e apresenta o remanescente de uma quilha sagital. Contudo a face é mais moderna na aparência e o tamanho do cérebro é maior do que do Homo erectus.
Assim, este crânio apresenta uma transição, ao preservar muitos traços que são reminiscências do primitivo Homo erectus e alusão de modernos traços conhecidos no posterior Homo sapiens.