sábado, novembro 25, 2006

Resíduos

- Mas que pressa é essa? Ainda te queimas com o café. Até pareces que estás atrasado para o trabalho.
- Vou à Rocha Conde Óbidos.
- Que vais lá fazer para estares com tanta pressa?
- Quero ir ver o “Destiny”.
- Nunca ouvi falar nessa banda.
- Não é nenhum concerto, é o nome de um barco.
- Não sabia que gostavas de barcos.
- É por causa do Green Peace.
- Os da ecologia?
- São esses mesmos.
- Mas o que é que vais lá ver?
- Estão a impedir a saída do barco.
- Mas porquê?
- O barco transporta resíduos.
- Estás a brincar comigo! Nós não temos centrais nucleares, como é que temos resíduos radioactivos?
- Não são radioactivos.
- Ah! Estou a compreender. São os óleos pesados e os que contêm metais pesados.
- Também não são esses.
- Então que porra estão a transportar?
- São os que já foram reciclados e já não prestam para mais nada, só ocupam espaço e dão despesa.
- E não podem ser incinerados?
- Eles bem gostavam de o poder fazer, mas dizem que emitem um mau cheiro muito grande.
- Explica-me que tipo de resíduos são esses, nunca ouvi falar deles.
- Já ouviste e muitas vezes, mas como só o que acontece no futebol é importante para ti, nem deste por nada.
- Não te importas de explicar tudo de uma vez só?
- Está bem. No fundo o assunto também te diz respeito.
- Desembucha!
- O governo não reciclou os empregados que atingiram os 65 anos, para passarem só a reformarem-se aos 70?
- Sim e depois?
- Reformados aos 70, só quer pagar-lhes a reforma até aos 75, pois sai-lhe mais barato pagar o fretamento do barco para os exportar como resíduos sociais para um país do Terceiro Mundo, cujo presidente recebe umas coroas por cada um, do que lhes pagar as reformas até aos 90.
- Espera aí, vamos lá ver se entendi. Um gajo anda a vida inteira a descontar para a reforma e só recebe pensão durante 5 anos e depois é considerado lixo?
- Isso mesmo.
- Mas assim a Segurança Social tem um lucro fantástico.
- Mas porque é que julgas que foi ela privatizada?

sábado, novembro 18, 2006

Origem da vida
(quinta parte)

É hoje aceite pela comunidade cientifica, serem os seres vivos os próprios agentes de transformação do meio, estabelecendo cinco etapas para os primórdios da evolução biológica.

Primeira etapa: consumo directo de ATP
Como já foi dito na hipótese de Oparine, Os primeiros seres vivos exploraram directamente o manancial de moléculas orgânicas formadas espontaneamente e acumuladas no “caldo primordial”. O material energético terá sido essencialmente o ATP (abreviatura do trifosfato de adenosina). Uma vez extraída a energia do fosfato, terão excretado o ADP (difosfato de adenosina). O sucesso dos mecanismos de reprodução e progressivo aperfeiçoamento terão conduzido a um aumento das populações e consequentemente a um maior consumo de ATP, que deixou de ser suficiente para satisfazer as necessidades. Foi a nossa primeira crise energética.
Segunda etapa: Glicose
A adaptação às novas condições de penúria de ATP, consistiu na aquisição da capacidade de sintetizar ATP a partir de ADP e da utilização de outra fonte de energia, a glicose, um açúcar muito abundante no “caldo primordial”. É o processo anaeróbico da glicose, denominado glicose, e que está na base das fermentações praticadas por muitos organismos inferiores (bactérias e leveduras).
Tal como sucedera antes, também o açúcar, perante o sucesso do novo processo, sistema metabólico e multiplicação dos organismos, se deve ter esgotado. Pensa-se que a carência de açúcar foi a responsável por um poderoso factor de pressão selectiva.
Terceira etapa: fotossíntese anaeróbica e autotrófia
A solução foi encontrada pelos organismos que desenvolveram a capacidade de aproveitar a energia solar (fotossíntese). Estima-se que a fotossíntese consumidora de sulfureto de hidrogénio terá perdurado durante várias centenas de milhões de anos.
Posteriormente surgiu uma outra forma de fotossíntese, consumidora não de sulfureto de hidrogénio, mas de água, molécula muito mais abundante na Natureza. Como subproduto, os organismos passam a libertar oxigénio na atmosfera.
O oxigénio é, para os organismos anaeróbicos, um tóxico poderoso. A progressiva libertação de oxigénio na atmosfera provoca alterações brutais nas condições de vida, contudo, também a atmosfera passou de redutora a oxidante (há cerca de 1,8 biliões de anos).
Quarta etapa: a respiração aeróbia
A existência de oxigénio livre na atmosfera, e sobretudo, dissolvido na água dos mares, veio por sua vez, tornar inóspitos para muitos seres vivos, necessariamente anaeróbicos, os ambientes marinhos até então colonizados. Algumas formas puderam sobreviver, mas apenas nos meios onde o oxigénio não penetrava, onde outro tipo de metabolismo foi seleccionado.
Quinta etapa: a vida fora de água
A vida fora de água corria sérios riscos de ser destruída pelos raios U.V. de alta energia. Logo que principiaram a existir quantidades significativas de oxigénio na atmosfera, como produto secundário da fotossíntese, formou-se na atmosfera um escudo de ozónio. Esta camada molecular é absorvente dos raios U.V., pelo que a superfície da Terra passou a ficar relativamente protegida desse perigo. Tal facto possibilitaria a colonização dos meios terrestres, por muitas espécies, que terá possivelmente posto fim à síntese abiótica de compostos orgânicos. Os seres vivos primitivos foram-se agrupando em colónias, embora sem divisão funcional, sem perda da capacidade individual sobrevivência. As colónias foram-se optimizando através da divisão funcional (células especializadas em defender, produzir nutrientes, reproduzir, etc.), culminando com um grupo de especialização tal, que cada célula perdera a capacidade de sobrevivência individual. Formaram-se, então, os primeiros seres vivos pluricelulares.
Peter a resposta está dada. A Vida ao que tudo indica originou-se na água.

A toda esta época, a mais longa, que se estende desde o início da Terra há 4,6 biliões, até 570 milhões de anos atrás, os cientistas chamam-lhe Pré-Cambriana.

Épocas seguintes
Cambriano – 500 milhões de anos – aparecem nos mares os primeiros animais providos de conchas ou revestidos de outros materiais duros. Ordoviano – 430 milhões de anos – corais constroem recifes em mares quentes. Ouriços dos mares desenvolvem-se e aparecem os primeiros peixes sem barbatanas e mandíbulas. Siluriano – 395 milhões de anos – peixes de diferentes grupos apresentam barbatanas. Na terra, as primeiras plantas começam acrescer. Denoviano 345 milhões de anos – também conhecido como a “idade dos peixes”, propicia o aparecimento e multiplicação da diversidade das espécies de peixes. Insectos e anfíbios aparecem rastejando sobre a terra. Carbonífero – 280 milhões de anos – samambaias gigantes crescem nos pântanos cobertos de vapor, povoando a maior parte da Terra, enquanto anfíbios gigantes caçam enormes libélulas. Os combustíveis fósseis que consumimos, começam a formar-se neste período. Permiano – 225 milhões de anos – os répteis que se desenvolveram em vários grupos, começam a tomar conta da terra. Triássico – 193 milhões de anos – apogeu da idade dos répteis. De todas as espécies que se desenvolveram em terra, a mais importante é a dos dinossauros. Outros répteis adaptam-se à vida no mar. Jurássico – 136 milhões de anos – os dinossauros reinam neste período. Surgem as primeiras aves. Cretácio – 64 milhões de anos – ocorre a evolução das plantas, que passam a ter flores. No final do período os dinossauros foram extintos.
A Natureza de características “robustus”, com formas tão desproporcionadas provocadas pela necessidade da adaptação para sobreviver num ambiente tão inóspito e em permanente mutação, começa-se a tornar “grácil”. Paleoceno – 54 milhões de anos - onde pequenos mamíferos se desenvolvem rapidamente e se espalham pelos diversos ambientes terrestres para no Mioceno – 7 milhões de anos - surgirem os primeiros hominídeos que culminaram no Plioceno – 2 milhões de anos – com o aparecimento do Homo erectus.

Apesar da descoberta da grandiosidade do processo da evolução da vida, a origem primordial continua sem resposta. Mas porquê teimamos em procurá-la?

O homem, enamorado de si próprio, acha-se o ser mais perfeito da existência, e reclama para si o conhecimento de tudo. Cria a ilusão de que tudo o que existe deve ter uma explicação e o explicado tem de ser provado. Como instrumentos de cognição cria as leis da física e a matemática, e tudo o que não caiba no seu âmbito, pura e simplesmente é refutado, não como incompreensível, mas como contradição inaceitável ao que os seus instrumentos regem.

Mas o homem das lentes é um paradoxo. Um quanto mais aumenta mais longe vai nas descobertas do Universo com o telescópio, tão longe que se julga capaz de um dia o conhecer: como nasceu, a sua vida e talvez a sua morte e com isso tornar-se o seu senhor, e corrigindo algumas das suas leis físicas e afinações matemáticas, talvez até tenha a veleidade de o alterar.
Outro, quanto mais aumenta a matéria orgânica ou inorgânica, mais esta se dissolve no microscópio, separando os elementos complexos em elementos simples e estes, cada vez mais aumentados, acabam por desaparecer dando origem ao espaço vazio, onde se pode deduzir que o todo existe no nada ao mesmo tempo que no nada existe o todo.

Este é o meu fundamento para a inexistência de criação, tudo existe sem existir, a Vida não passa de uma emanação da própria inexistência sem nunca deixar de fazer parte dela.

Não estará também o homem do telescópio, sem se aperceber disso, a obter o mesmo resultado do homem do microscópio?

Não quero terminar estas publicações sem um obrigada a todos que me leram e comentaram, com um especial destaque para o Peter e para o Sousa, que tanto contribuíram, de forma brilhante, com os seus comentários para valorizar os meus textos.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Origem da vida
(quarta parte)
Se o Renascimento descobriu o mundo, que a cristandade da Idade Média havia exorcizado, também foi nele que o Humanismo elaborou uma concepção do mundo cujo centro fosse o próprio homem. Assim, frente ao pensamento teológico medieval, a religiosidade humanista quis chegar a Deus por meio do exercício da razão. É no Humanismo que se origina todo o pensamento moderno.
O egocentrismo humano, leva a maior parte dos cientistas, a acreditarem que a matéria física é a realidade final. Presumem que todo o universo, incluindo a Vida, pode ser explicado em termos de intervenção da matéria, experimentada e provada em laboratório. Este materialismo que peca por um grande défice filosófico, limita a capacidade criativa dos cientistas, obcecados pela materialização daquilo que é imaterializável. Utilizando a fiabilidade do que consideram perfeito, a matemática, pretendem através desta chegar a Deus.

Nos primeiros instantes do fenómeno, o que possivelmente o explica, o espaço de tempo entre o zero e 10-43s conhecido como o tempo de Planck, não há lei física nem matemática que o possam avaliar, limitando-se a conjecturar como o imutável se tornou mutável. E nisto, meu caro Peter, não são melhores que o meu Anaxágoras, mesmo sem prémio Nobel, quando diz: Todas as coisas estavam juntas em número e pequenez; pois o pequeno era ilimitado

Continuemos com a hipótese bioquímica de Oparine

Os primeiros seres vivos da Terra, eram unicelulares, heterotróficos e alimentavam-se de substâncias existentes nos oceanos. Heterotófico (diz-se quando são incapazes de efectuar a síntese da molécula orgânica, sendo parasita, isto é extraem de outros organismos os materiais orgânicos necessários à sua vida).
Com o passar do tempo, o número desses seres primitivos aumentou muito. Os alimentos existentes nos oceanos foram lentamente tornando-se insuficientes para todos.

Mas milhões de anos depois, após muitas modificações ocorridas no material genético, alguns desses seres tornaram-se capazes de produzir clorofila e fazer a fotossíntese. Surgiram então os primeiros seres autotróficos, que produziam o alimento necessário para manter a vida na Terra.
Foi a partir desses dois tipos de seres que se desenvolveu a vida na Terra. Eles foram-se diferenciando cada vez mais e lentamente originando todos os seres vivos que conhecemos hoje, inclusive o homem.
Os primeiros seres vivos, portanto, teriam surgido a partir da recombinação e aglutinação das substâncias químicas presentes no planeta Terra primitivo.

Conforme afirma o nosso amigo Sousa, e que tem a minha total concordância, “a matéria a níveis bastantes elementares, “sabe” como actuar, possui um determinado nível de consciência”, contudo, defendo que não têm conhecimento do seu processo evolutivo, tal como nós não tivemos da nossa evolução do Australopitecos para o Homo.

Talvez esta teoria científica de Oparine nos forneça uma pista para a origem da vida, mas tal como no Big Bang, a origem das substâncias primordiais, fica por explicar.

"Não há provas de que a vida se tenha originado a partir de matéria sem vida. Apenas o ADN é conhecido como capaz de produzir ADN. Nenhuma interacção química de moléculas tem ao menos chegado perto de produzir esse código ultra-complexo que é tão essencial a toda a vida existente."

“…uma tentativa de explicar a formação do código genético a partir dos componentes químicos do ADN…é comparável à suposição de que o texto de um livro surgiu da moléculas do papel onde as frases aparecem, e não de qualquer fonte externa de informação.”

“… a pura química de uma célula não é suficiente para explicar o funcionamento de uma célula, embora o funcionamento seja químico. As operações químicas são controladas por informações que não residem nos átomos e moléculas das células. Há um autor que transcende o material de que esses filamentos são feitos. O autor primeiramente concebe a informação necessária para fazer uma célula, então a escreveu e depois a fixou em um mecanismo que a pusesse em prática – assim as células constroem-se sozinhas a partir da informação…”

O que é que vos parece se aplicarmos o raciocínio anterior para a ocorrência do Big Bang?

Como sugeri anteriormente, o segredo está no próprio homem em si, como portador de todos os segredos da Natureza. Se ao invés de querer descobrir todos os segredos do Universo envolvente, se se interiorizasse na descoberta do seu próprio universo, possivelmente nada descobriria para além da sua insignificância no contexto Universal, o que para mim já era uma grande descoberta.

“Não se pode ensinar nada a um homem; pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo”. Galileu Galilei

(continua)

sábado, novembro 04, 2006

A origem da vida
(terceira parte)

Teoria da Panspermia Cósmica (hipótese extraterrestre)

Defende que, em épocas passadas, poeiras espaciais e meteoritos caíram no nosso planeta trazendo certos tipos de microrganismos, provavelmente semelhantes a bactérias. Esses microrganismos, então, foram-se reproduzindo, dando a origem à vida na Terra.

Teoria Heterotrófica (hipótese de Oparin)

Consiste, basicamente, em admitir que, de forma espontânea e gradual, em condições ambientais diferentes das que existem actualmente, teria ocorrido uma recombinação entre átomos das moléculas disponíveis, dando origem a novas moléculas, que são classificadas de orgânicas (porque participam da construção dos organismos e só por eles são hoje sintetizadas), e depois as moléculas mais complexas por justa posição das primeiras (os polímeros), finalmente, estruturas moleculares complexas e construindo entidades isoladas do meio, com capacidades metabólicas e de reprodução, sujeitas às leis da evolução (diversidade – selecção – evolução), terão estado na origem das primeiras células vivas.

Das quatro teorias apresentadas (duas no texto anterior), a minha escolha não recai em nenhuma delas individualmente, mas como forma de entrar no jogo, numa quinta, resultado da combinação das duas últimas.

Ao ser admitido o Big Bang como a origem do Universo, tudo o que o compõe tem de estar inserido nesse princípio, por conseguinte a Vida não pode ser diferenciada do seu Todo.

Os microrganismos, como todos os elementos que compõe o Universo, tiveram de fazer parte da singularidade primeira, onde nada estava dividido. Com a Explosão Primordial, e o sequente processo de expansão, deu-se a dissociação do elemento primeiro, originando o aparecimento de todos os elementos conhecidos, inclusive os microrganismos, protagonizados por átomos, sementes da futura evolução.

Se este processo for válido para o nosso planeta, também o terá de ser para os restantes do Universo, onde em cada um deles a semente germinaria um estágio evolutivo, ainda que não perceptível ao nosso sensitivo, a existência tem de ser tão aceite como a nossa.
Podemos até especular que se não os percepcionamos, possivelmente eles também não o possam fazer em relação a nós. Como o nosso fundamento existencial são os sentidos, poderão no seu caso não existirem “sentidos”, mas uma outra forma de percepção que nos escapa à imaginação.

Antes de prosseguir com os estágios da evolução, um pergunta gostaria de colocar, talvez a mais pertinente de todas. O que fez o Big Bang criar um Universo caótico e em mutação?

O que me torna céptico a todo este processo científico, é como se pode aceitar como verdade irrefutável a consequência de um fenómeno do qual não se conhecem as causas (talvez as motivações).

Uma suposição científica é de que no nosso Universo actual predomina a dualidade matéria energia, lógico se torna, que provavelmente antes do evento que gerou o impulso inicial, houve um avanço anti temporal, da antimatéria, com acumulo de anti energia, que redundou no actual trinómio tempo – espaço – matéria. Os cientistas me desculpem, mas acho demasiado redutor.

Se a Teoria Panspérmia nos responde à questão do aparecimento da Vida na Terra, não demonstra como se originaram os seres vivos, o que a Teoria Heterotrófica procura demonstrar.
Quando o planeta Terra se formou era tão quente que era impossível a Vida desenvolver-se nele. O surgimento da Vida só se tornou possível com algumas mudanças ocorridas no clima e na composição dos gases atmosféricos.

Os vapores de água foram um dos componentes mais importantes da atmosfera primitiva, resultantes da grande actividade vulcânica, acumularam-se na atmosfera durante milhões de anos. Nas altas camadas da atmosfera, os vapores de água, na forma de nuvens arrefeceram e condensando-se, originaram a precipitação de abundantes chuvas.

Como a superfície da Terra era muito quente, a água evaporava-se quase imediatamente, voltando a formar nuvens, que se viriam a condensar. Por milhões de anos, houve essa sequência de chuvas e evaporação, até que o arrefecimento da Terra ocorreu, e propiciou o aparecimento de lagos, mares e oceanos.

Foi nos oceanos primitivos que a Vida deve ter surgido, segundo os cientistas, a hipótese mais provável. Um deles, o bioquímico russo Aleksander Ivanovitch Oparin, procurou explicar a formação do primeiro ser vivo a partir de moléculas orgânicas complexas.

Segundo Oparine as moléculas orgânicas foram produzidas a partir de reacções ocorridas entre os gases existentes na atmosfera primitiva, reacções essas que teriam sido provocadas pela energia dos raios ultravioletas do Sol e pelas descargas eléctricas dos raios durante as tempestades, então muito frequentes. De entre estas moléculas destacam-se os aminoácidos.

Os aminoácidos, combinando-se entre si dão origem a outras substâncias mais complexas, chamadas proteínas. Ao longo de milhões de anos, as proteínas foram-se acumulando nos mares primitivos, o “caldo primordial”, formando pequenos aglomerados, que quando circunscritos por líquidos formavam o que se chama de coacervados. Coacervados são “probiontes” (pré-seres vivos) ou seja “esboços” de estruturas celulares.

A ciência actual admite que muitas substâncias presentes no “caldo primordial” foram lentamente associando-se aos coacervados, tornando-os cada vez mais complexos. Admite também que no interior dos coacervados ocorreram muitas reacções entre substâncias existentes, até que, depois de milhões de anos, surgiram os ácidos nucléicos.

Os ácidos nucléicos organizaram o material genético de uma célula e comanda as suas diversas actividades, inclusive a reprodução. Assim, com o surgimento dessas moléculas muito especiais, os coacervados puderam transformar-se em seres unicelulares.
(continua)