sábado, novembro 04, 2006

A origem da vida
(terceira parte)

Teoria da Panspermia Cósmica (hipótese extraterrestre)

Defende que, em épocas passadas, poeiras espaciais e meteoritos caíram no nosso planeta trazendo certos tipos de microrganismos, provavelmente semelhantes a bactérias. Esses microrganismos, então, foram-se reproduzindo, dando a origem à vida na Terra.

Teoria Heterotrófica (hipótese de Oparin)

Consiste, basicamente, em admitir que, de forma espontânea e gradual, em condições ambientais diferentes das que existem actualmente, teria ocorrido uma recombinação entre átomos das moléculas disponíveis, dando origem a novas moléculas, que são classificadas de orgânicas (porque participam da construção dos organismos e só por eles são hoje sintetizadas), e depois as moléculas mais complexas por justa posição das primeiras (os polímeros), finalmente, estruturas moleculares complexas e construindo entidades isoladas do meio, com capacidades metabólicas e de reprodução, sujeitas às leis da evolução (diversidade – selecção – evolução), terão estado na origem das primeiras células vivas.

Das quatro teorias apresentadas (duas no texto anterior), a minha escolha não recai em nenhuma delas individualmente, mas como forma de entrar no jogo, numa quinta, resultado da combinação das duas últimas.

Ao ser admitido o Big Bang como a origem do Universo, tudo o que o compõe tem de estar inserido nesse princípio, por conseguinte a Vida não pode ser diferenciada do seu Todo.

Os microrganismos, como todos os elementos que compõe o Universo, tiveram de fazer parte da singularidade primeira, onde nada estava dividido. Com a Explosão Primordial, e o sequente processo de expansão, deu-se a dissociação do elemento primeiro, originando o aparecimento de todos os elementos conhecidos, inclusive os microrganismos, protagonizados por átomos, sementes da futura evolução.

Se este processo for válido para o nosso planeta, também o terá de ser para os restantes do Universo, onde em cada um deles a semente germinaria um estágio evolutivo, ainda que não perceptível ao nosso sensitivo, a existência tem de ser tão aceite como a nossa.
Podemos até especular que se não os percepcionamos, possivelmente eles também não o possam fazer em relação a nós. Como o nosso fundamento existencial são os sentidos, poderão no seu caso não existirem “sentidos”, mas uma outra forma de percepção que nos escapa à imaginação.

Antes de prosseguir com os estágios da evolução, um pergunta gostaria de colocar, talvez a mais pertinente de todas. O que fez o Big Bang criar um Universo caótico e em mutação?

O que me torna céptico a todo este processo científico, é como se pode aceitar como verdade irrefutável a consequência de um fenómeno do qual não se conhecem as causas (talvez as motivações).

Uma suposição científica é de que no nosso Universo actual predomina a dualidade matéria energia, lógico se torna, que provavelmente antes do evento que gerou o impulso inicial, houve um avanço anti temporal, da antimatéria, com acumulo de anti energia, que redundou no actual trinómio tempo – espaço – matéria. Os cientistas me desculpem, mas acho demasiado redutor.

Se a Teoria Panspérmia nos responde à questão do aparecimento da Vida na Terra, não demonstra como se originaram os seres vivos, o que a Teoria Heterotrófica procura demonstrar.
Quando o planeta Terra se formou era tão quente que era impossível a Vida desenvolver-se nele. O surgimento da Vida só se tornou possível com algumas mudanças ocorridas no clima e na composição dos gases atmosféricos.

Os vapores de água foram um dos componentes mais importantes da atmosfera primitiva, resultantes da grande actividade vulcânica, acumularam-se na atmosfera durante milhões de anos. Nas altas camadas da atmosfera, os vapores de água, na forma de nuvens arrefeceram e condensando-se, originaram a precipitação de abundantes chuvas.

Como a superfície da Terra era muito quente, a água evaporava-se quase imediatamente, voltando a formar nuvens, que se viriam a condensar. Por milhões de anos, houve essa sequência de chuvas e evaporação, até que o arrefecimento da Terra ocorreu, e propiciou o aparecimento de lagos, mares e oceanos.

Foi nos oceanos primitivos que a Vida deve ter surgido, segundo os cientistas, a hipótese mais provável. Um deles, o bioquímico russo Aleksander Ivanovitch Oparin, procurou explicar a formação do primeiro ser vivo a partir de moléculas orgânicas complexas.

Segundo Oparine as moléculas orgânicas foram produzidas a partir de reacções ocorridas entre os gases existentes na atmosfera primitiva, reacções essas que teriam sido provocadas pela energia dos raios ultravioletas do Sol e pelas descargas eléctricas dos raios durante as tempestades, então muito frequentes. De entre estas moléculas destacam-se os aminoácidos.

Os aminoácidos, combinando-se entre si dão origem a outras substâncias mais complexas, chamadas proteínas. Ao longo de milhões de anos, as proteínas foram-se acumulando nos mares primitivos, o “caldo primordial”, formando pequenos aglomerados, que quando circunscritos por líquidos formavam o que se chama de coacervados. Coacervados são “probiontes” (pré-seres vivos) ou seja “esboços” de estruturas celulares.

A ciência actual admite que muitas substâncias presentes no “caldo primordial” foram lentamente associando-se aos coacervados, tornando-os cada vez mais complexos. Admite também que no interior dos coacervados ocorreram muitas reacções entre substâncias existentes, até que, depois de milhões de anos, surgiram os ácidos nucléicos.

Os ácidos nucléicos organizaram o material genético de uma célula e comanda as suas diversas actividades, inclusive a reprodução. Assim, com o surgimento dessas moléculas muito especiais, os coacervados puderam transformar-se em seres unicelulares.
(continua)

22 Comments:

Blogger VdeAlmeida said...

Vim deixar-te um abraço, Augusto :-)

8:39 da tarde  
Blogger Peter said...

Escreves:

“Ao ser admitido o Big Bang como a origem do Universo”

Vou responder-te pela boca do astrofísico Hubert Reeves no seu diálogo com Dominique Simonet, já que não me considero suficientemente eclético para me pronunciar sobre Filosofia, Astrofísica, Biologia e Paleontologia, pelo menos …

DS – “Se houver uma origem do universo”, dissestes vós… Não há portanto, a certeza?

HR – Não. A grande descoberta deste século é a de que o universo não é nem imutável nem eterno, como supunha a maioria dos cientistas do passado. Actualmente estamos convencidos de que o universo tem uma história, ainda não parou de evoluir, rarificando-se e arrefecendo enquanto se vai estruturando. As nossas observações e teorias permitem-nos reconstituir o cenário e recuar no tempo. Elas confirmam-nos que esta evolução prossegue desde um passado longínquo, que se situa entre os 10.000 e os 15.000 milhões de anos, segundo se estima. Dispomos agora de numerosos elementos científicos para traçar o retrato do universo nesse momento: totalmente desorganizado, não possui nem galáxias, nem estrelas, nem moléculas, nem átomos, nem sequer núcleos de átomos … Não é mais do que um caldo de matéria informe, levado a temperaturas da ordem de milhares de biliões de graus. É o que se chamou o big bang.”

(nunca houve nenhuma “explosão”, basta veres na vida corrente os efeitos de uma explosão… O termo foi aplicado depreciativamente à Teoria por Fred Hoyle, já o disse várias vezes)

Não sou eu a falar, é o Hubert Reeves. Se não concordas, discute com ele. Como é mundialmente conhecido, é fácil contactá-lo.

Quanto ao que escreves e que eu transcrevo:

”Os microrganismos, como todos os elementos que compõem o Universo, tiveram de fazer parte da singularidade primeira, onde nada estava dividido. Com a Explosão Primordial, e o sequente processo de expansão, deu-se a dissociação do elemento primeiro, originando o aparecimento de todos os elementos conhecidos, inclusive os microrganismos, protagonizados por átomos, sementes da futura evolução.”

Desculpa, mas queres um conselho?

Não o mostres a ninguém …

Ainda volto atrás para esclarecer um ponto de que já falei: aquilo a que chamas a história do infinito com começo, o que é inconcebível e transformá-lo-ia numa semi-recta, ou num semi-infinito. LOL

Vamos ver o que dizem os nossos intervenientes:

“DS – Um momento! Como podemos imaginar um universo infinito desde a origem e que vai pôr-se a crescer?”

Penso, também tenho direito a pensar, que não está correcto escrever “um universo infinito desde a origem”. Se tem “origem”, não é “infinito”. Mas o livro é uma tradução …

“HR – A palavra “crescer” não tem sentido para um espaço infinito. Digamos simplesmente que ele vai rarificar-se. Para melhor compreender isto, imaginemos um universo a uma só dimensão: uma régua graduada que se estende até ao infinito, tanto à esquerda como à direita. Imaginemos agora que ela entra em expansão, isto é, que cada marca de centímetro se afasta da sua vizinha. Os traços vão espaçar-se cada vez mais, mas a régua continua infinita.”

11:51 da tarde  
Blogger hfm said...

O que eu aprendo contigo!

9:14 da manhã  
Blogger augustoM said...

Caro Peter
Não era minha intenção responder directamente aos comentários, como já o tinha dito, preferia ir fazendo-o nas as sucessivas publicações, contudo, uma afirmação tua, não transcrita de um qualquer texto que tenhas lido, gostaria de ver esclarecida.
Quanto ao “não mostres a ninguém…” gostava que especificasses as reticências(…) para que possa perceber melhor o alcance da afirmação.
Quanto ao resto do teu comentário, presumo que não leste com atenção o que eu escrevi, onde defendo da primeira à última linha a finitude do Universo.
Um abraço. Augusto

9:54 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira said...

Outro.


Beijo.



até que o tempo seja mais que infinito.pode ser?

tempos conturbados estes-os de agora.

texto olímpico!

4:59 da tarde  
Blogger Leonor said...

ola augusto
e mais uma vez aumentei o meu conhecimento com a publicaçao do teu post.
o saber como dizes no meu sitio é algo intrinseco ao ser humano.

abraço da leonoreta

6:14 da tarde  
Blogger Maria said...

Vim deixar-te um beijo e desejar-te uma boa semana.

11:07 da tarde  
Blogger Paulo said...

Venho dos confins dos tempos...não sabendo, por ora, entender a origem da vida. Todavia a dúvida é conselheira da esperança, reforço de fé. Há, de facto, um certo medo colectivo de determinar a verdadeira origem da vida, pois...e se ela não se encontra no "caudal de crenças em vigor"???
Quais as consequências?
Um grande abraço.
Paulo

6:37 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira said...

hoje....é só mesmo para deixar um abraço....longo. e extensível...:))))


_______________obrigada. por tudo.

10:03 da manhã  
Blogger H. Sousa said...

Em ciência existem teorias apenas. Elas admitem-se como verdadeiras para daí extrair implicações. Se as implicações de facto se verificam, aumentam as probabilidades de a teoria poder corresponder à verdade. Porém, basta que uma implicação não se verifique para que a teoria tenha que ser revista. Ora, os cientistas apostam nesta ou naquela teoria, mas devem estar prontos a discuti-la e a abandoná-la quando a experiência mostrar que ela não pode estar certa.
As objecções de Augusto são legítimas, se sentimos dificuldades lógicas em aceitar uma teoria, somos livres de o expressar.
No que respeita à origem da vida, a pergunta que mais me persegue é porque é que a evolução se dá no sentido de a matéria adquirir consciência de existir. Há aí uma nítida manifestação de "inteligência" na matéria. A propósito, tenho aí um livro chamado "Matéria Pensante", Jean-Pierre Changeux/Alain Connes (Gradiva) que ainda não li mas, estimulado pela questão, vou ver se leio.

2:43 da tarde  
Blogger Å®t Øf £övë said...

Augusto,
Esta é uma discussão que se quisermos nunca mais terá fim, se calhar tal como o universo...
Pessoalmente vou mais por essa teoria da hipótese extraterrestre.
Abraço.

10:47 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado said...

O mais estranho é ter existido a geração espontânea... e hoje não a conseguirmos reproduzir em laboratório.

11:28 da tarde  
Blogger H. Sousa said...

A propósito do último comentário, há experiências de faíscas em ambiente de metano, água e sei lá que mais que, segundo se diz, tem como resultado a formação de aminoácidos. Se alguém souber mais informação (talvez uma pesquisa na internet ajude), será uma ajuda ao tema.
Parabéns ao Augusto por nos trazer estas questões.

12:22 da manhã  
Blogger Unknown said...

Sabes que esta hipótese extraterrestre bem que me agrada?! :o)
Aproveito e deixo os habituais beijos, flores e muitos sorrisos para um resto de semana bem feliz! :o)

4:31 da manhã  
Blogger Dad said...

É lógico que haja outras formas de vida noutros planetas.

Porque seríamos nós os especialmente escolhidos???

É provável que extra-terrestres nos visitem. Acho que já não será ficção pensar isso...

Um beijinho,

9:07 da manhã  
Blogger Alberto Oliveira said...

A Teoria da Panspermia Cósmica é aquela para que me inclino. E se por essa altura a Terra ainda a ferver depois de ter sido "cozinhada" dificultava o desenvolvimento da vida, nada como umas boas chuvadas (como aquelas que caem ali para os lados de Salvaterra) para "arrefecer as ideias...
(Sorrisos)

Óptimo post!

Abraço.

8:31 da tarde  
Blogger Peter said...

H.sousa, peço desculpa de responder aqui, mas não vejo outra maneira de o fazer.

Por favor não deturpemos, nem tornemos isto numa questão pessoal.
Aquilo que contestei, foi UNICAMENTE o seguinte texto:

"Os microrganismos, como todos os elementos que compõe o Universo, tiveram de fazer parte da singularidade primeira, onde nada estava dividido. Com a Explosão Primordial, e o sequente processo de expansão, deu-se a dissociação do elemento primeiro, originando o aparecimento de todos os elementos conhecidos, inclusive os microrganismos, protagonizados por átomos, sementes da futura evolução.”

O senhor, como professor, ensina aos seus alunos que:

- "Os microrganismos, como todos os elementos que compõe o Universo, tiveram de fazer parte da singularidade primeira"?

Quanto ao resto do texto, o senhor, como professor, sabe bem de onde vieram os átomos. Foi disso que eu falei no meu texto, que, por demasiado longo, não cabia num comentário.

P.S.- Continuo na mesma à espera do seu livro.

1:58 da tarde  
Blogger Peter said...

H.Sousa, como solicita no outro seu comentário:

"Se alguém souber mais informação (talvez uma pesquisa na internet ajude), será uma ajuda ao tema."

Atrevi-me a responder, sem necessidade de me socorrer da Internet:

Em 1952, Stanley Miller, um jóvem químico de 25 anos, pensou em reconstituir em laboratório as condições existentes na Terra, antes do aparecimento da VIDA.
Às escondidas, para não ser gosado pelos colegas, misturou num balão os gases que se supõe terem existido na Terra primitiva: metano, amoníaco, hidrogénio e vapor de água, mais um pouco de dióxido de carbono. Simulou o oceano enchendo o balão com água, aqueceu o conjunto para lhe conferir energia e provocou faíscas eléctricas, à guisa de relâmpagos.
Ao fim de uma semana verificou que o fundo do balão estava coberto por uma substância vermelho-alaranjada que continha aminoácidos.

2:32 da tarde  
Blogger H. Sousa said...

Caro Peter:
Não, nada disso, acho esta conversa de extrema utilidade e a aparente diferença de opinião deve resultar de um mal-entendido. Muitas vezes os cientistas não percebem os filósofos e vice-versa.
Procurei dar um sentido mais perceptível à argumentação de Augusto. Que formulei assim, "se a matéria evolui, naturalmente para seres com consciência, essa consciência deve estar presente em potência na matéria".
Quanto ao livro, foi expedido na 6.ª feira passada, junto com outro que enviei para Inglaterra para a Heloísa e chegou na 2.ª feira. Estranho que ainda não tenha recebido.

Abraços,

Henrique

2:53 da tarde  
Blogger Å®t Øf £övë said...

Augusto,
Vim ler o fascinante debate de ideias em que esta caixa de comentários se tornou devido a este intrigante tema.
Abraço.

10:32 da tarde  
Blogger Peter said...

Meu Caro Henrique

Concordo inteiramente com essa hipótese:

"se a matéria evolui, naturalmente para seres com consciência, essa consciência deve estar presente em potência na matéria".

Porque concordo?

Porque tudo parece indicar que a possibilidade (mas não a necessidade) de aparição da vida, estava já “inscrita” na própria forma das leis físicas, desde os primeiros tempos do Cosmo.

Foram as 4 forças da física que presidiram à união das partículas, depois à formação dos átomos, das moléculas e das grandes estruturas celestes. Mas, nos primeiros tempos, o calor dissocia tudo e opõe-se à formação das estruturas.
Pergunto porque há forças e porque têm elas a forma matemática que lhes conhecemos?
Sabemos agora que estas forças são por toda a parte as mesmas, aqui e nos confins do universo e que não mudaram um nadinha, o que levanta problemas num universo onde tudo muda …

Destaco a importância da “evolução”. É recente a ideia da continuidade entre a evolução do universo e a da vida, depois de séculos em que os estudiosos separaram rigorosamente a matéria do vivente, como se se tratassem de dois mundos diferentes. Mas outrora não se sabia que as moléculas eram feitas de átomos, nem que as células eram feitas de moléculas.
Darwin já sugerira que, antes da aparição da vida e do nascimento das primeiras células, a Terra primitiva tinha já assistido à evolução das moléculas.

O facto de os electrões e de os quarks da “papa inicial” terem tido as propriedades necessárias para se poderem associar em proteínas e em cadeias de nucleótidos, capazes de darem origem à vida e de lhe permitirem continuar a evoluir, constitui, segundo Hubert Reeves, um facto “extraordinário aos olhos da física contemporânea”.

Abraço,
Peter

11:42 da tarde  
Blogger Heloisa B.P said...

E... "da discussao nasce a luz!..."_DIZEM!!!
Gostei de ler o tema em apreco e gostei de ler os DEBATES!
Estao de Parabens!
e.. as teorias, as opinioes, os estudos e suposicoes, CONTINUAM! E... hao-de continuar enquanto houver um HOMEM pensante a face deste PLANETA!_E..dos OUTROS_???

Saudacoes cordiais aos Donos da casa e SEUS CONVIVAS!

Heloisa B.P.
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1:47 da manhã  

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