Quando os Aztecas chegaram ao planalto em princípios do século XIV, encontraram um imenso centro religioso abandonado a que chamaram Teotihuacán, tal fora a impressão ante tanta grandeza, que pensaram ter sido construído por gigantes para os deuses se reunirem para assegurarem a existência do mundo.
O chamado Período Clássico das civilizações da América Central, começa no início da era cristã e vai até ao século IV, com o desenvolvimento no vale do México da primeira das grandes civilizações centro-americanas deste período, a cultura Teotihuacán.
Antes de entrarmos propriamente na cultura Teotihuacán, por causa de algumas afinidades, como o aparecimento e desaparecimento destas culturas, vamos fazer uma rápida passagem pela cultura Olmeca.
Não se sabe a sua origem nem como desapareceram.
A sua época mais brilhante foi entre 800 e 400 a.C., estabelecidos em La Venta, na planície junto ao litoral do Golfo do México.
Todas as grandes esculturas em forma de cabeça, assim como altares, ostentam o motivo jaguar. Os Olmecas conheciam a escrita, os números e o calendário, a que os Maias deram, posteriormente uma incipiente continuidade.
Segundo os conhecimentos actuais, os Olmecas apareceram de súbito, já como um povo altamente desenvolvido e poderoso, de tal modo que alguns autores supõem eles serem oriundos de uma imigração proveniente da Ásia. (esculturaomeca à esquerda)
Poucas cidades têm sido consideradas dignas de serem habitadas pelos deuses, Totihuacan é uma delas, “onde se respira entre as suas amplas avenidas os rumos do universo e cujo esplendor é emanado das suas praças e pirâmides ciclópicas e muros estucados de imagens primordiais da Natureza e figuras de um mundo espiritual quase esquecido.”
Séculos depois de abandonada, outros povos lhe chamavam a “Cidade dos Deuses”, “não sem razão, pois a sua existência esteve regida por profundas convicções religiosas, normas de vida em torno dos ciclos da Natureza, e uma cosmogonia de estreitas relações fenomenológicas cuja expressão calendárica e astronómica se reflectia na construção da cidade.”
A Pirâmide do Sol tem uma inclinação de 17º em relação ao pólo terrestre, o que quer dizer que aponta ao pólo magnético e que o Sol ilumina o zénite do centro da pirâmide nos dias 20 de Maio e 18 de Junho. Esta é uma das características astronómicas das pirâmides mesoamericanas.
Teotihuacan não foi só uma cidade monumental, mas também um lugar de arte, onde a pintura mural permite conhecer o mundo das figuras míticas, dos deuses, jaguares, seres da noite e céus aquáticos. Na olaria a sua arte atingiu a perfeição.
Teotihuacán foi uma cidade Estado, instalada a 45 Km da cidade do México num amplo vale que dominou na totalidade, e a sua influência cultural o seu controle político, chegaram até à actual Guatemala.
Ignora-se quem foram os seus habitantes, a sua origem e que língua que falavam.
Apesar de não conhecerem os metais, as suas edificações encontram-se entre os mais empolgantes vestígios de civilizações antigas ainda existentes no mundo.
Em Teotihuacán foram encontradas as Pirâmides do Sol e da Lua, o Templo da Serpente Emplumada, a “Cidadela”, largas vias norte e Sul e de lesta a oeste, onde se destaca a Avenida dos Mortos, os centros de administração e culto urbanos, praças, templos e as habitações.
A Avenida dos Mortos, (fotografia à esquerda) assim chamada por ser onde enterravam os reis, era a rua principal a partir da qual se desenvolveu a construção de Teotihuacán. Tinha mais de 2,5 Km e estendia-se desde a Pirâmide da Lua até à Cidadela, ladeada por templos, palácios e plataformas. Podem ser vistos ainda os palácios do Jaguar e de Quetzal e o templo de Quatzalcoútl nome dado pelos Aztecas à Serpente emplumada.
A Pirâmide do Sol, (fotografia à direita) a terceira maior do mundo, tinha uma base de 215 X 215 metros, e 63 metros de altura. Foi ampliada pelo menos duas vezes, ficava situado no lado leste da Avenida dos Mortos.
Não existe informação sobre o templo nem como foi destruído completamente.
A Pirâmide da Lua, (fotografia à esquerda), fica situada no extremo norte da Avenida dos Mortos. A Cidadela é um conjunto arquitectónico formado por quinze pirâmides mais pequenas dispostas simetricamente numa área murada no centro geográfico da cidade. Mede 400 metros de lado e encerra uma área de cerca de 160.000 m2, onde existiam quatro plataformas que serviam de base a pirâmides. A praça principal tinha capacidade para 100.000 pessoas. O templo da Serpente Emplumada era a principal construção deste complexo. Este espaço enorme e fechado destinava-se ao desempenho de rituais.
Nas escavações em Teotihuacán foram encontradas mais de 4.300 casas e dezenas de milhares de objectos arqueológicos.
A destruição de Teotihuacán parece ter acontecido por volta do ano 650, mas só em torno de 900 a cidade veio a ser tomada pelos Toltecas.
(À direita um pormenor do Templo da Setpente Emplumeda.)
Entre os anos 1 e 500, Teotihuacán transformou-se de aldeia num grande centro urbano com 85.000 a 100.000 habitantes e uma superfície de vinte quilómetros quadrados.
Os aspectos históricos e sociais que caracterizam este desenvolvimento são; aumento geral da população devido a uma maior produtividade agrícola; especial aumento da densidade populacional no centro urbano; diferenciação socioeconómica e divisão do trabalho nesta população urbana, que começa a produzir para mercado; criação de bairros especializados de artesãos; mudança de uma ordem social baseada no parentesco para uma estratificação em classes sociais; substituição do domínio sacerdotal pelo domínio militar; evolução social e integração de aldeias, através de cacicados.
(À direita um exemplo da arquitectura decorativa Teotihuacán)
Em Teotihuacán a base alimentar assentava na agricultura que tinha por fundamento um sofisticado e eficiente sistema artificial de rega. O artesanato e o comércio atingiram um elevado nível. Os produtos das planícies, como o algodão, o cacau e as penas de aves, eram muito apreciados. As mercadorias elaboradas em Teotihuacán eram trocadas por matérias-primas.
Ainda não estão apuradas as causas da decadência de Teotihuacán, durante os séculos VII e VIII. Conjectura-se que foi o conflito interno entre o poder religiosos e o profano que deu lugar ao fim da cidade. No desenlace desta luta de interesses sociais influíram também, eventualmente, as repetidas invasões de tribos “bárbaras”. Estas tribos nómadas, que posteriormente receberam o nome de Chichimecas (filhos de cadela), também viriam a acelerar igualmente o fim do reino Tolteca de Tula.
A Cultura Teotihuacán viria a influenciar de maneira definitiva todas as outras culturas da América Central que se lhe seguiram.