
A origem da filosofia Tauísta é atribuída aos ensinamentos do mestre chinês Lao-Tseu (velho mestre), contemporâneo de Confúcio durante os anos 550 a.C.
Como o Budismo, muitos factos da sua vida são lendas, como supostamente já ter nascido velho. Nasceu no Sul da China por volta do ano 604 a.C. Alto funcionário na corte dos Tcheu, por desaprovar a tirania dos regentes do seu governo, renunciou ao cargo e emigrou para o Tibete. Ele tentou ensinar que os homens deveriam viver uma vida simples, sem honrarias ou conhecimento.
Atribui-se-lhe um fim maravilhoso. Com 80 anos, no momento em que, montado num búfalo, ia a transpor as fronteiras do império, o funcionário alfandegário Yen-Hi pediu-lhe que lhe ensinasse a verdade. Lao-Teseu parou e, em poucos dias, escreveu o seu famoso tratado, o Tao-Te-Ching, o “Caminho e seu Poder” ou o “Caminho dos Princípios Morais” de 81 capítulos. Entregou-o ao empregado alfandegário e em seguida, voltando a montar o seu búfalo partiu para nunca mais voltar. Segundo a História morreu em 517 a.C.
Lao-Tseu retoma a antiga teoria do Tao, “o caminho”, que enriquece na sua obra Tao-Te-Ching, em que o Tao aparece como princípio de todas as coisas e esta é base da ordem física e moral do universo.
Segundo os ensinamentos do Taoísmo, o Tao (caminho) é considerado a única fonte do universo, eterno e determinante de todas as coisas. Os taoístas crêm que quando os eventos e coisas são permitidas existir em harmonia natural com a força macro-cósmica, então existe paz.
Seria «o princípio externo de todas as coisas, a força que sustenta tudo o que existe, a lei que está em acção no mundo, sem falar nem agir, mas marcando a linha do justo, o único eterno, portanto o mais elevado princípio do mundo natural e moral»
Apesar do Taoísmo originalmente ignorar um Deus criador, os princípios do Tao eventualmente tem o conceito de Deus. LaoTsé escreveu: “Antes do céu e da terra existirem, havia algo nebuloso... Eu não sei o seu nome, e eu o chamo de Tao.”
A vida das vidas não é vida quotidiana.
O nome dos nomes não é nome quotidiano.
O ser do Grande Todo não pode ser nomeado,
Mas pode sê-lo a transformação do individuo,
Com efeito, aquele que distingue de longe vê bem,
Aquele que está muito interessado vê através das nuvens.
Este duplo princípio só é uma oposição na representação
que ele tem.
Ele é o insondável – sobre o qual tudo assenta,
A porta do último segredo.
(sentença 1)
Para chegar a esta “via”, o homem deve afastar a ilusão deste mundo. Este universo fugaz e enganador, sujeito à alternância do Yang-Yin.
Trinta raios juntam-se ao eixo,
Mas o vazio que neles se espalha desenha a forma da roda.
Fabricam-se os vasos com argila,
Mas o vazio que a argila rodeia constitui o ser do vaso.
A casa é formada de paredes, de janelas e de portas,
Mas o vazui que entre elas subsiste constitui o ser da casa.
Conclusão: o material é inútil,
Mas é o imaterial que gera o verdadeiro ser.
(sentença 11)
Varrida a ilusão, deduz-se que o verdadeiro conhecimento não deve ser procurado no exterior, mas em nós próprios.
Podem conhecer-se os homens sem sair de casa.
Sem olhar, pode ir-se mais fundo pela visão interior.
Aquele que muito vê poucas coisas sabe.
É por isso que o sage chega ao seu objectivo sem andar,
Sabe sem observar, acaba sem querer.
(sentença 47)
Este programa de «acabamento sem querer», de «acção sem agir» (o Wu-Wei é a arte de ser activo, permanecendo passivo), é expressa pela última sentença:
A vida toda é atingir o equilíbrio sem combater.
A vida do homem é agir sem ser sob pressão.
E a sentença 48 esclarece:
O estudo leve longe e cada vez mais longe.
A via traz sempre cada vez mais para trás,
Até ao não querer.
Pois não querer e não agir é o ser da comunidade.
Perpetua ausência do querer particular, pois a vontade do indivíduo não faculta ordem a nenhuma comunidade.
Em suma, o taoísmo de Lao-Tseu, ao pregar a «acção sem agir», incita o indivíduo a retirar-se das vaidades do mundo, a evitar a vida pública, a encaminhar-se para a meditação, a ascese, a mística.
O fundamento do Taoísmo é: “Sujeite-se ao efeito, e não procure descobrir a natureza da causa”
O Taoísmo é uma religião anti-intelectual, que leva o homem a contemplar e se sujeitar às leis aparentes da natureza, ao invés de tentar compreender a estrutura destes princípios. A doutrina básica do Taoísmo resume-se em uma forma prática, conhecida como as “Três Jóias”: compaixão, moderação e humilhação. A bondade, simplicidade e delicadeza também são virtudes que o Taoísmo busca aparentar às pessoas.
Os ensinos de Lao-Tseu eram, em parte, uma reacção contra o Confucionismo humanístico e ético daquele tempo, que defendia que as pessoas só poderiam viver uma vida exemplar, se estivessem inseridas numa sociedade bem disciplinada, e que se dedicassem aos rituais, deveres e serviços públicos.
O Taoísmo, por sua vez, enfatizava que as pessoas deveriam evitar todo tipo de obrigações e convívios sociais, e se dedicassem a uma vida simples, espontânea e meditativa, voltada à natureza. Por isso, o imperador Shi-Hang-Ti mandou queimar os livros de Confúcio.