
Platão nos seus diálogos Timeo e Critias, falou pela primeira vez, numa florescente antiga civilização, situada numa ilha para lá das colunas de Hércules, onde o Mediterrâneo finda e o oceano começa. A Atlântida.
Contestado por todos, inclusive Aristóteles que dizia ser uma fantasia do seu mestre, talvez Platão tivesse algum fundamento quanto à existência esplendorosa dessa civilização, pois as descobertas arqueológicas de Sir Arthur Evans puseram a descoberto, na ilha de Creta, uma civilização muito anterior à grega, considerada actualmente, a primeira grande civilização urbana da Europa. Os Minóicos.
Durante o Bronze Médio, ainda a Grécia não era mais do que pequenos e incipientes centros culturais formados pela Ciclades, já Creta, entre 2.000 aC e 1.700 aC via florescer a primeira civilização urbana da Europa.
Os Minóicos atingiram elevado estádio civilizacional que influenciaria decisivamente os povos do Egeu por mais de 500 anos.
Creta foi a única cultura do Mediterrâneo Oriental que não sofreu devastações no final do Bronze Antigo. Enquanto os Minóicos prosperavam, entre 2.000 e 1.700 aC, as outras culturas das Cíclades, recuperavam lentamente dessas devastações.A prosperidade dos Minóicos estava dependente do mar e em 2.000 aC já tinham entrepostos comerciais na costa do Peloponeso e em 1.650 aC nas Cíclades. A falta de controlo do Mediterrâneo por parte dos Egípcios possibilitou aos Minóicos o predomínio das rotas mais importantes do Egeu.
Não se sabe como se designavam, o nome Minóico foi dado por Sir Arthur Evans em honra do mítico rei Minos.
Os dois principais núcleos urbanos eram Cnossos, ao norte, e Festos, ao sul.
Tinham construções complexas e extensas, com grande quantidade de salas, que se convencionou chamar de palácios.
O palácio era um edifício multifuncional. As salas eram usadas para armazenagem, controle administrativo, áreas residenciais e actividades religiosas.
A construção do palácio era inspirada nos palácios asiáticos, adaptados às suas necessidades.
Devido ao grande incremento populacional, as aldeias aumentaram de tamanho e número, passando as casas a serem mais bem construídas e confortáveis, muitas delas com mais do que um piso. As paredes externas eram construídas com tijolos, pedra, vigas de madeira, e pela primeira vez no Egeu, pedras talhadas.
Os primeiros palácios de Cnossos e Festos, assim como a maior parte das construções, foram totalmente destruídas por um terramoto, vindo a ser reconstruídas ainda com mais magnificência. As paredes interiores passaram a ser rebocadas e pintadas e decoradas com frescos com desenhos geométricos coloridos e cenas naturais.
Na cerâmica já usavam a roda de oleiro. Além do fabrico dos jarros de diversos tamanhos, confeccionavam as famosas taças “casca de ovo”, assim chamadas devido à sua finíssima borda. Os motivos decorativos mais usados eram animais marinhos árvores e flores.
Pequenas estatuetas de terracota pintada, representando homens e animais com traços esquematizados, eram muito comuns.
Desenvolveram as técnicas conhecidas na Mesopotâmia e no Egipto, no trabalho do ouro e incrustação de pedras preciosas.
Utilizavam dois tipos de escrita, a hieroglífica e a chamada Linear A desenvolvida a partir daquela.
Os cretenses do Bronze Médio eram fisicamente semelhantes aos de hoje: esguios, pele clara, cabelo e olhos escuros. A altura média dos homens era de 1,68 metros. Uma das mais notáveis características da cultura minóica é a posição de destaque que as mulheres tinham na sociedade. A julgar pela sua representação nas pinturas, desfrutavam de ampla liberdade, podiam maquilhar-se e participavam nas festas e rituais públicos.
A sociedade era formada por diversas profissões especializadas, escribas, carpinteiros, pastores, agricultores, escultores, pintores, pedreiros, vidreiros, curtidores, etc.
Não se sabe se existia uma autoridade suprema, contudo os Gregos do século V aC acreditavam que o mítico rei Minos, filho de Zeus, teria vencido os irmãos e dominado a ilha.
Facto inédito na Antiguidade, não haviam fortificações e os edifícios dos palácios desembocavam nas ruas em continuidade com as casas.
A falta de fortificações e a raridade das armas entre os achados arqueológicos sugerem que não havia guerras entre as regiões da ilha e que o mar formaria uma barreira suficientemente segura contra os invasores.Os cultos religiosos envolviam oferendas à deusa-mãe, senhora dos animais, que representava a fertilidade da Natureza desde o Paleolítico.
Quanto aos costumes funerários, persistiu o sepultamento individual em ataúdes de terracota ou em grandes vasos.
No Bronze Recente a cultura minóica atingiu o máximo esplendor, porem em 1.450 aC sofreu devastações generalizadas e, pouco depois, foi conquistada pelos Micénicos da Grécia Continental, que absorveram grande parte da sua cultura.
Os Minóicos legaram à Grécia a arquitectura, a navegação e a cultura da oliveira, elementos fundamentais da futura cultura grega. Segundo a lenda, Creta era a terra onde vivia o Minotauro.
Será que Platão só estaria errado na data e na localização, e Atlântida não seria mais do que a fantástica Civilização Minoica?