Filogenia dos ancestrais humanos
Correspondendo ao interesse mostrado por alguns dos leitores do meu texto “Macacos, não por favor”, vou apresentar numa sucessão textos, que publicarei com regularidade, os principais intervenientes na nossa evolução, para uma melhor compreensão do que somos hoje.
O primeiro texto apresentado, um resumo da evolução dos primatas, termina no nosso mais antigo ancestral, o Australopitecos afarensis, hoje o nosso ponto de partida
O Australopitecos afarensis viveu nas savanas do Nordeste de África, mais precisamente no Rift Valey, em Afar (de onde vem o seu nome afarensis) na Etiópia, há aproximadamente entre 4 e 2,7 milhões de anos.
As evidências fósseis encontradas em 1974, um esqueleto quase completo, propiciou uma grande riqueza de informação à cerca da linha de evolução humana.
A fêmea aquém pertencia o esqueleto (Lucy) ao tempo da sua morte, teria cerca de 20 anos de idade e media 1,20 metros. A fotografia à direita mostra a comparação do esqueleto da Lucy com uma mulher actual. Na observação do crânio verifica-se que o nariz não era saliente e tinha os ossos da crista super orbital bastante salientes. A capacidade craniana rondava entre os 375 e os 500 cm3. A forma dos maxilares está entre a forma rectangular dos símios e a parabólica do Homo sapiens, e não tinham dentes especializados. 
Na observação dos ossos das pernas e da pélvis verificam-se grandes semelhanças com o Homo sapiens, o que não deixa qualquer dúvida do seu bípedismo.
As fêmeas eram mais pequenas que os machos (dimorfismo sexual), tinham cerca de 65% do peso deles.
Apesar de caminhar direito, no Australopitecos afarensis, a proporção entre o úmero e o fémur era de 95%, enquanto no homem moderno essa proporção é de 75%, o que denota a sua evolução de uma vida essencialmente arborícola, onde utilizava para a locomoção tanto os membros superiores como os inferiores, para eminentemente terrestre, só com a utilização das pernas. Os membros superiores começavam a ficar livres para outras tarefas.
Não se sabe muito à cerca do seu comportamento social, além de viverem em pequenos grupos sociais, deslocando-se na procura de comida. Pela observação dos dentes pode-se deduzir que se alimentavam de pequenos frutos.
O clima da maior parte da África onde o afarensis viveu era seco ou temporariamente seco, onde as áreas de floresta começavam a ser substituídas pela savana formada de pequenos arbustos e erva.
A sucessão dos vários espécimes intervenientes na evolução, não acontece com o desaparecimento do anterior e a continuação imediata do seguinte, mas com um período de existência comum, do que se deduz que nesse período, uma parte dos anteriores evoluiu para uma nova espécie enquanto a outra parte não conseguiu essa evolução, acabando por se extinguir.
Do Australopitecos afarensis evoluiu o Australopitecos africanus, que viveu entre 3,3 a 2,5 milhões de anos, o que quer dizer que tiveram uma existência comum durante um milhão de anos.
Descoberto na região de Transval na África do Sul, o seu crânio apresenta características mais evoluídas do que o afarensis. Um crânio mais global e um melhor relacionamento entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo. Capacidade craniana entre os 405 e 440 cm3, menos projecção da face e os ossos supra orbitais menos salientes. A parte do crânio onde a coluna vertebral contacta com o cérebro, bem posicionada para a frente, permite uma postura direita da cabeça.
A mandíbula não apresenta um diastema (espaço entre o dente canino inferior e os primeiros molares). A observação de uma dentição onde predominam os molares, indica a mastigação de vegetais com alguma dureza, substituindo a dieta de frutos do afarensis, que devido ao gradual desaparecimento das zonas arborícolas, começavam a escassear.
A figura à direita é a reconstrução de um crânio do Australopitecos africanus.
A proporção do comprimento dos braços para a proporção do comprimento das pernas ainda aparece semelhante ao afarensis, contudo, a descoberta de primitivas pedras de corte e lascas de madeira, datadas do seu período, são evidências do começo da utilização das mãos.
Viveu em núcleos familiares e não como o afarensis em grupos aparentados entre si. Vivendo debaixo do Sol da África Equatorial, a sua pele nua precisa de ser protegida por uma considerável quantidade de melamina, o pigmento preto que protege os tecidos dos raios ultra violetas.
Não quero terminar este texto sem advertir que a Paleontologia não é uma ciência exacta. Partindo da observação, induz, terminando na presunção dos factos. As bases científicas, são as evidências fósseis descobertas, o que nos leva a admitir que a qualquer momento uma nova evidência encontrada, poderá alterar as teorias estabelecidas.
(continua)
Correspondendo ao interesse mostrado por alguns dos leitores do meu texto “Macacos, não por favor”, vou apresentar numa sucessão textos, que publicarei com regularidade, os principais intervenientes na nossa evolução, para uma melhor compreensão do que somos hoje.
O primeiro texto apresentado, um resumo da evolução dos primatas, termina no nosso mais antigo ancestral, o Australopitecos afarensis, hoje o nosso ponto de partida

As evidências fósseis encontradas em 1974, um esqueleto quase completo, propiciou uma grande riqueza de informação à cerca da linha de evolução humana.


Na observação dos ossos das pernas e da pélvis verificam-se grandes semelhanças com o Homo sapiens, o que não deixa qualquer dúvida do seu bípedismo.
As fêmeas eram mais pequenas que os machos (dimorfismo sexual), tinham cerca de 65% do peso deles.
Apesar de caminhar direito, no Australopitecos afarensis, a proporção entre o úmero e o fémur era de 95%, enquanto no homem moderno essa proporção é de 75%, o que denota a sua evolução de uma vida essencialmente arborícola, onde utilizava para a locomoção tanto os membros superiores como os inferiores, para eminentemente terrestre, só com a utilização das pernas. Os membros superiores começavam a ficar livres para outras tarefas.
Não se sabe muito à cerca do seu comportamento social, além de viverem em pequenos grupos sociais, deslocando-se na procura de comida. Pela observação dos dentes pode-se deduzir que se alimentavam de pequenos frutos.
O clima da maior parte da África onde o afarensis viveu era seco ou temporariamente seco, onde as áreas de floresta começavam a ser substituídas pela savana formada de pequenos arbustos e erva.

Do Australopitecos afarensis evoluiu o Australopitecos africanus, que viveu entre 3,3 a 2,5 milhões de anos, o que quer dizer que tiveram uma existência comum durante um milhão de anos.
Descoberto na região de Transval na África do Sul, o seu crânio apresenta características mais evoluídas do que o afarensis. Um crânio mais global e um melhor relacionamento entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo. Capacidade craniana entre os 405 e 440 cm3, menos projecção da face e os ossos supra orbitais menos salientes. A parte do crânio onde a coluna vertebral contacta com o cérebro, bem posicionada para a frente, permite uma postura direita da cabeça.
A mandíbula não apresenta um diastema (espaço entre o dente canino inferior e os primeiros molares). A observação de uma dentição onde predominam os molares, indica a mastigação de vegetais com alguma dureza, substituindo a dieta de frutos do afarensis, que devido ao gradual desaparecimento das zonas arborícolas, começavam a escassear.
A figura à direita é a reconstrução de um crânio do Australopitecos africanus.

Viveu em núcleos familiares e não como o afarensis em grupos aparentados entre si. Vivendo debaixo do Sol da África Equatorial, a sua pele nua precisa de ser protegida por uma considerável quantidade de melamina, o pigmento preto que protege os tecidos dos raios ultra violetas.
Não quero terminar este texto sem advertir que a Paleontologia não é uma ciência exacta. Partindo da observação, induz, terminando na presunção dos factos. As bases científicas, são as evidências fósseis descobertas, o que nos leva a admitir que a qualquer momento uma nova evidência encontrada, poderá alterar as teorias estabelecidas.
(continua)