domingo, janeiro 04, 2009

Um Homem Novo


A esperança de um Homem Novo para o Novo Ano, falo do homem essencial e não do homem capitalista, homem comunista, homem socialista, homem fascista, homem religiosos, homem ateu etc. porque o que se define para o essencial, ser imutável na diversidade. Assim, o que for requerido para consubstanciar a essência deverá ser o mesmo para do que dela deriva.
Se libertarmos do peso da escolha entre: o bem e o mal, o certo e o errado, a afabilidade e a arrogância, a tolerância e a intolerância, a benemerência e a cupidez, etc. tudo aquilo que lhe define o carácter e molda o ego, estaremos perante o homem essencial que, sem ser guiado pelas paixões, só a dignidade reconhecida pelos outros o satisfaz, onde a interacção que se pauta pelo respeito mútuo, o leva a valorizar o semelhante.
O Homem Novo deve assentar a sua acção na dignidade, no respeito e na valorização do seu semelhante, só liberto das paixões conseguirá atingir a harmonia desejada. Todos temos o direito de ser Buda.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Esta exigência do homem ao próprio homem, é a prova de que a animalidade, a barbárie e a perversidade perduram na raça humana, impossível de quantificar, lhe retira o estatuto de ser superior da Natureza, com inteligência capaz de se reconhecer como tal ou pelo menos presumir que o seja. Tem esta magnífica exigência a finalidade, conforme diz o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que passo a citar: considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.

O reconhecimento e o respeito pela dignidade humana, quer do colectivo quer do particular, marginalizando todos os que por desconhecimento ou desprezo, ignoram involuntária ou voluntariamente, que é a vida que consubstancia o Mundo, por isso o Mundo não é mais do que o somatório de todas as vidas, e assim sendo, é de todos e também as riquezas que ele encerra que proporcionalmente deveriam ser usufruídas.

Este princípio universal da igualdade, não está contemplado nos Direitos do Homem, nem tão pouco na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, também neles não estão consignados os deveres, sem os quais os direitos deixam de ter a legitimidade que o dever cumprido lhes outorgaria.

Direitos sem deveres, interpreto como anarquia, pois os direitos deverão ser a consequência lógica de quem cumpriu com os deveres.

Uma sociedade deve assentar nos deveres dos seus cidadãos, que será mais ou menos justa, conforme deixe mais ou menos os seus cidadãos acederem aos seus direitos.

A evocação dos direitos não é feita de homem a homem, mas do homem à sociedade que, quanto mais os restringir, mais injusta se torna.

Por outro lado teremos os cidadãos que por estarem em oposição à sociedade a que pertencem, não cumprem com as suas obrigações. Pergunto: deverão estes cidadãos ter os mesmos direitos que os cumprem com as obrigações?

domingo, outubro 05, 2008

Um cheiro de ética Kantiana

Se convencionarmos que o egoísmo é o nosso interesse ser mais importante do que o interesse dos outros, teremos o individual a prevalecer perante o colectivo.

Penso que aqui, a racionalidade se perde na irracionalidade, ou seja, prevalecerem os instintos primários de sobrevivência, a parte não evoluída, os resquícios da animalidade que a evolução ainda não sublimou.

Por evolução não podemos tomar somente as alterações físicas ou intelectuais, mas também a evolução das emoções, o que leva o homem a trocar a satisfação que sentia com a barbárie pela satisfação do bem-fazer aos outros.

Assim, teríamos premiado o colectivo em detrimento do individualismo, a humanidade se relacionaria pela valorização e respeito pelo próximo. Outrossim, a humanidade seria altruísta por oposição ao egoísmo.

É o egoísmo que aproxima mais o homem da animalidade, que o coloca num grau menos evolutivo, ainda que os egoístas, julguem o contrário, defendendo o direito de serem egoístas.

O maior problema do egoísta é ser a antítese do altruísta, não havendo estado intermédio. Ou se é uma coisa ou outra, e altruísta é uma infinitésima parte da humanidade, que é apelidada de Santa.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Sobre a Criação

Sei bem que há assuntos, pela sua abstracção, são difíceis de serem debatidos.
Sei bem que a abstracção requer intuição.
Sei bem que a intuição nem sempre é dedutiva.
Sei bem que a dedução é de difícil expressão.
Sei bem que na expressão, as palavras adaptadas do sensitivo, são imprecisas fora dele.
Sei bem que tudo isto comigo acontece.

Falar da criação é falar do nada, conjecturar o nada e concluir… Nada.
Falar da criação é intuir a abstracção.
Falar da criação é expressar a dedução com as limitações sensitivas.
Falar da criação é acima de tudo um diálogo íntimo com nós mesmos.
Falar da criação é procurar entendermo-nos a nós próprios.
Falar da criação é estar preparado para não haver criação.

Penso que o homem que exige uma criação, o faz por analogia com ele próprio, ao seu nascer e morrer.

Como para o homem o conceito de eternidade, imerge sempre, por oposição, no conceito de finitude, será sempre impossível interpretar a eternidade, na sua forma mais ampla, sem fim e sem princípio.
Por isso, para o homem o conceito de eternidade é limitativo da forma de pensar, porque aparece sempre em oposição ao limitado, e nunca identificado com o que nunca foi limitado.

O que nasce morre.
Tudo que é criado tem um fim.

Se assim fosse, num acto de criação estaria sempre implícito um acto de destruição e, para que a destruição não configurasse um Nada, a criação deveria ser constante e sequente da destruição anterior.

O Nada seria sempre uma impossibilidade, pois com o Nada não há criação nem destruição. É a anulação do Nada que propicia a criação, e a sequente destruição.

Substituir o Nada pelo ciclo da criação e destruição, seria transformar o Nada em criação, ser a criação o próprio Nada, anulando-se reciprocamente, do que resultaria a verdadeira eternidade, sem princípio e sem fim. Só o incriado.