Jantar de Outono
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Um terrorismo chamado SIDA
Podemos definir terrorismo activo como a acção violenta que tem por objectivo o massacre das populações civis por via da destruição e da morte.
É neste contexto que apelido de terrorismo passivo, o mundo, dito civilizado, que perante a catástrofe que todos os dias dizima milhares de seres, especialmente no continente onde a fragilidade das populações é mais acentuada, nada faz virando a cara para Norte, consentindo que a morte vagueie pelo Sul.
Moçambique que tem uma população cerca de 80% superior à de Portugal, o número de pessoas infectadas com o VH/SIDA é cerca de 5.000% superior. A esperança média de vida caiu para os 38 anos, ao contrário dos 78 anos portugueses.
Para além do altruísmo das Organizações não Governamentais, e da abnegação do voluntariado, nada é feito pelos países do Norte para evitar esta hecatombe humana, sobretudo os que têm razões históricas ou os que usufruem benefícios económicos nas regiões afectadas. Mas o que ainda é mais pungente, é o custo de uma bomba, ser suficiente para salvar centenas de vidas.
Os governos porque não querem, e as populações porque preferem canalizar o seu sentimento de solidariedade para coisas mais mediatas, no seu conjunto, a recusa de prestar auxílio, pode ser considerada um crime contra a humanidade. Tão criminoso é quem mata, como quem deixa morrer sem nada fazer para o evitar.
Em 2004, 16,3% da população moçambicana estava infectada com o VH/SIDA, havendo zonas em que o número dos seropositivos variava entre 30% e 40% do total da população, havendo famílias inteiras infectadas.
O continuo aumento da propagação do VH/SIDA, tornou-o quase uma inevatibilidade, que as populações aceitam como um fatalismo que não é possível contrariar. É uma coisa absolutamente horrível, ter a morte como único horizonte de vida.
O grupo mais afectado é o feminino, nomeadamente as mulheres jovens e as crianças – as raparigas com menos de 20 anos representam já 30% dos novos casos.
Um dos principais problemas sociais de quem contraiu o vírus, é o estigma, que tem contribuído para desfazer a tradicional solidariedade entre os membros das famílias africanas, ficando cada vez mais o doente entregue a si próprio.
Órfãos do SIDA
Partindo da rua principal, depois de 45 minutos a caminhar por carreiros de terra cor de fogo, chega-se à palhota de Ana Balói e dos seus sete netos. O SIDA tornou-os órfãos de mãe há três anos, o pai, esse, há muito os tinha abandonado ao conhecer a doença da mulher. A “vovó” Ana Balói, depois da morte da filha, tomo-os todos a seu cargo.
Sentado na esteira, muito encostado à avó, ninguém acreditaria que aquela criança tão pequena e franzina tem já cinco anos: sinais da má nutrição e da doença que herdou da mãe, que lhe causa infecções oportunistas que atrasam o crescimento. O segundo mais pequeno dos sete irmãos Balói é o único infectado. Quando não está doente pode fazer aquilo de que mais gostam todas as crianças: brincar e correr com os amigos, outras vezes, como hoje, aparece a febre, que nunca se sabe ao certo de onde vem, e que o deixa debilitado. (Enxerto do texto de Sofia Teixeira, estudante finalista de Comunicação Social que visitou MdM-P em Moçambique.)
A ironia do nosso mundo reside em que o custo do tratamento, durante um mês, para cerca de 25 doentes, é igual ao preço de um dos bilhete mais baratos para o futebol.
Será este o Admirável Mundo Novo?
A ideia de fazer este texto, surgiu ao ler o último boletim da ONGD MÉDICOS DO MUNDO, de onde retirei os parágrafos em itálico, pretendendo associar-me ao seu esforço de divulgação.
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Um terrorismo chamado SIDA
Podemos definir terrorismo activo como a acção violenta que tem por objectivo o massacre das populações civis por via da destruição e da morte.
É neste contexto que apelido de terrorismo passivo, o mundo, dito civilizado, que perante a catástrofe que todos os dias dizima milhares de seres, especialmente no continente onde a fragilidade das populações é mais acentuada, nada faz virando a cara para Norte, consentindo que a morte vagueie pelo Sul.
Moçambique que tem uma população cerca de 80% superior à de Portugal, o número de pessoas infectadas com o VH/SIDA é cerca de 5.000% superior. A esperança média de vida caiu para os 38 anos, ao contrário dos 78 anos portugueses.
Para além do altruísmo das Organizações não Governamentais, e da abnegação do voluntariado, nada é feito pelos países do Norte para evitar esta hecatombe humana, sobretudo os que têm razões históricas ou os que usufruem benefícios económicos nas regiões afectadas. Mas o que ainda é mais pungente, é o custo de uma bomba, ser suficiente para salvar centenas de vidas.
Os governos porque não querem, e as populações porque preferem canalizar o seu sentimento de solidariedade para coisas mais mediatas, no seu conjunto, a recusa de prestar auxílio, pode ser considerada um crime contra a humanidade. Tão criminoso é quem mata, como quem deixa morrer sem nada fazer para o evitar.
Em 2004, 16,3% da população moçambicana estava infectada com o VH/SIDA, havendo zonas em que o número dos seropositivos variava entre 30% e 40% do total da população, havendo famílias inteiras infectadas.
O continuo aumento da propagação do VH/SIDA, tornou-o quase uma inevatibilidade, que as populações aceitam como um fatalismo que não é possível contrariar. É uma coisa absolutamente horrível, ter a morte como único horizonte de vida.
O grupo mais afectado é o feminino, nomeadamente as mulheres jovens e as crianças – as raparigas com menos de 20 anos representam já 30% dos novos casos.
Um dos principais problemas sociais de quem contraiu o vírus, é o estigma, que tem contribuído para desfazer a tradicional solidariedade entre os membros das famílias africanas, ficando cada vez mais o doente entregue a si próprio.
Órfãos do SIDA
Partindo da rua principal, depois de 45 minutos a caminhar por carreiros de terra cor de fogo, chega-se à palhota de Ana Balói e dos seus sete netos. O SIDA tornou-os órfãos de mãe há três anos, o pai, esse, há muito os tinha abandonado ao conhecer a doença da mulher. A “vovó” Ana Balói, depois da morte da filha, tomo-os todos a seu cargo.
Sentado na esteira, muito encostado à avó, ninguém acreditaria que aquela criança tão pequena e franzina tem já cinco anos: sinais da má nutrição e da doença que herdou da mãe, que lhe causa infecções oportunistas que atrasam o crescimento. O segundo mais pequeno dos sete irmãos Balói é o único infectado. Quando não está doente pode fazer aquilo de que mais gostam todas as crianças: brincar e correr com os amigos, outras vezes, como hoje, aparece a febre, que nunca se sabe ao certo de onde vem, e que o deixa debilitado. (Enxerto do texto de Sofia Teixeira, estudante finalista de Comunicação Social que visitou MdM-P em Moçambique.)
A ironia do nosso mundo reside em que o custo do tratamento, durante um mês, para cerca de 25 doentes, é igual ao preço de um dos bilhete mais baratos para o futebol.
Será este o Admirável Mundo Novo?
A ideia de fazer este texto, surgiu ao ler o último boletim da ONGD MÉDICOS DO MUNDO, de onde retirei os parágrafos em itálico, pretendendo associar-me ao seu esforço de divulgação.
12 Comments:
Bela ideia, belo texto!
Nossa, é revoltante a indiferença do governo...
Pois é meu amigo, precisamos de uma humanidade mais humana.
um grande bj:**
Augusto,
Infelizmente, este é um problema real, e que cada vez assume maiores proporções. Fazes bem em divulgá-lo, porque é com o contributo de todos nós, mostrando que não ignorámos os problemas, e que sabemos perceber as prioridades que os governantes deste planeta têm, que se consegue lutar para que este estado de coisas mude.
Abraço.
«o custo do tratamento, durante um mês, para cerca de 25 doentes, é igual ao preço de um dos bilhete mais baratos para o futebol»
É inacreditável! E quantas refeições se poderiam fornecer a pessoas que morrem de fome com o dinheiro do tal bilhete? Este é um mundo cão!
E fizeste bem, porque nunca é demais divulgar essa catástrofe evitável. Beijos.
O teu texto é importante demais para ficar apenas aqui...devias divulgá-lo.
Eu?...Queria ter as palavras...que me escapam...
...ultimamente parece que tudo me foge...sei lá!
Beijo, BShell
Meu caro Augusto venho informar-te não poder estar presente no jantar de 30 de Setembro porquanto a 28 faço 38 anos de casado e já tinha combinado com filhos, genros e noras um jantar no dia 30 para comemorar os ditos. Já são muitas coincidências mas disso já não tenho culpa. Quanto ao post. Já nos habituas-te a uma criteriosa escolha nas tuas abordagens e esta como não poderia deixar de ser, face ao flagelo que representa surgiu na oportunidade certa. Daí não resistir a divulgá-la.
Com um abraço do Raul
Que triste realidade, querido amigo!
Fiquei sem palavras para comentar...
Deixo-te um beijo!
ola augusto. ja queria ter passado por aqui mas agora com tanto trabalho na nova escola por ter sido colocada em cima do primeiro dia de aulas nao tive tempo.
sabes...? nao me leves a mal se hoje irei parecer do contra... mas eu jsempre desconfiei como é que durante tantos de altruísmo como tu dizes e bem de ajuda médica em africa as coisas parecem que nao melhoram ou atet, em muitos casos pioram.
ha tempos vi um filme que denunciava a minha desconfiança. mais um negocio á conta de coisas muito serias.
abraço da leonoreta
Sem dúvida, dá que pensar!
E o negócio das farmacêuticas????
Abraço.
ser apanhado nesse "habitat" até mesmo sem perceber a "fera" deve ser para essa gente pior do um papão desconhecido...
Amigo Augusto,
Passei para desejar-te um lindo fim de semana, e para deixar-te muitos beijos e sorrisos!
:o)
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