Gritar ao vento
Há dias ao desfolhar uma revista cor de rosa, na página dedicada à astrologia, aquela que ninguém liga, mas todos lêem, não resisti à tentação de ver o que o meu signo, o Aquário, vaticinava. O que me impressionou, não foi propriamente o vaticínio, mas aquilo a que chamavam de afirmação-chave, uma espécie de definição geral dos naturais do signo: Eu sei, não porque me ensinaram que é assim, mas porque o saber está no meu íntimo.
Banalidade ou não, reflecte de algum modo o meu saber, uma combinação entre a aprendizagem e a intuição.
É esta combinação que nos leva a saber tanta coisa, e tanta coisa teria para dizer, para contar, para escrever e partilhar, mas a vontade de o fazer nem sempre se consegue impor ao desalento que vai no espírito.
Fui assaltado por uma revolta, que não pára de crescer com tendência a tornar-se uma obsessão. Sinto-me como um pássaro na gaiola, obrigado a viver onde não quero, onde cada vez suporto menos estar. Que sociedade é esta com a qual não me identifico, boa ou má, nada me diz, abomino, onde só me apetece gritar, gritar ao vento todo o meu descontentamento.
Há quem afirme que a sociedade está a ser vítima de um novo paradigma, não me interessa nem quero saber, se aquilo em que acredito está posto em causa. Já não tenho idade para projectos que ultrapassem o imediato, e é este imediato que não suporto.
Não é um bucolismo provocado pela idade, mas a constatação de que todos os valores em que eu acredito, estão postos em causa. O homem de hoje, não só é diferente do meu como é pior, o egoísmo é a sua primeira qualidade, seguida da ganância a cupidez a desumanização. Valores como a palavra, a lealdade, a honestidade, a seriedade, a solidariedade até o saber, dão lugar como objectivo supremo da vida, conseguir tudo a qualquer preço, não se olhando aos meios para conseguir os fins, só me dando vontade de gritar, gritar ao vento todo o meu descontentamento.
Se isto é o novo paradigma, então esta será uma futura sociedade das mais desumanizadas que conhecemos.
Substituir o espiritual pelo material, é uma viagem sem regresso, onde ficaremos reféns do materialismo e do despotismo científico, evangelizados por uma qualquer religião não vira para o espírito mas para o próprio homem temporal, onde só me restará gritar, gritar ao vento todo o meu descontentamento.
Há dias ao desfolhar uma revista cor de rosa, na página dedicada à astrologia, aquela que ninguém liga, mas todos lêem, não resisti à tentação de ver o que o meu signo, o Aquário, vaticinava. O que me impressionou, não foi propriamente o vaticínio, mas aquilo a que chamavam de afirmação-chave, uma espécie de definição geral dos naturais do signo: Eu sei, não porque me ensinaram que é assim, mas porque o saber está no meu íntimo.
Banalidade ou não, reflecte de algum modo o meu saber, uma combinação entre a aprendizagem e a intuição.
É esta combinação que nos leva a saber tanta coisa, e tanta coisa teria para dizer, para contar, para escrever e partilhar, mas a vontade de o fazer nem sempre se consegue impor ao desalento que vai no espírito.
Fui assaltado por uma revolta, que não pára de crescer com tendência a tornar-se uma obsessão. Sinto-me como um pássaro na gaiola, obrigado a viver onde não quero, onde cada vez suporto menos estar. Que sociedade é esta com a qual não me identifico, boa ou má, nada me diz, abomino, onde só me apetece gritar, gritar ao vento todo o meu descontentamento.
Há quem afirme que a sociedade está a ser vítima de um novo paradigma, não me interessa nem quero saber, se aquilo em que acredito está posto em causa. Já não tenho idade para projectos que ultrapassem o imediato, e é este imediato que não suporto.
Não é um bucolismo provocado pela idade, mas a constatação de que todos os valores em que eu acredito, estão postos em causa. O homem de hoje, não só é diferente do meu como é pior, o egoísmo é a sua primeira qualidade, seguida da ganância a cupidez a desumanização. Valores como a palavra, a lealdade, a honestidade, a seriedade, a solidariedade até o saber, dão lugar como objectivo supremo da vida, conseguir tudo a qualquer preço, não se olhando aos meios para conseguir os fins, só me dando vontade de gritar, gritar ao vento todo o meu descontentamento.
Se isto é o novo paradigma, então esta será uma futura sociedade das mais desumanizadas que conhecemos.
Substituir o espiritual pelo material, é uma viagem sem regresso, onde ficaremos reféns do materialismo e do despotismo científico, evangelizados por uma qualquer religião não vira para o espírito mas para o próprio homem temporal, onde só me restará gritar, gritar ao vento todo o meu descontentamento.
10 Comments:
muito curioso o tema que tambem tem servido muitas vezes de auto-reflexão... de facto, a sociedade nas suas várias vertentes tem assumido contornos tão desumanizados em que os valores ( princípios...) são tão desprezados que mais parece nada existir como estímulo de grandeza... uma espécie de aniquilação programada e descontrolada... reflexões que não são a prioridade de muita gente.
adoro-te.
adoro-vos.
e que idade tem, então, o "O homem de hoje,..."?
ola augusto.
sem querer acreditar demasiado... mas a astrologia tem muitos e muitos anos, já vem dos gregos na sua forma mais filosofica, o oraculo, e kepler por exemplo para suportar as suas pesquisas de astronomia fazia astrologia.
diz a astrologia que os aquarianos tem um grande problema em relaçao aos outros signos: estao 100 anos a frente deles.
abraço da leonoreta
Gritar faz tão bem, aliás recomendo ... como nas artes marciais onde a importância
do grito permite a regulação e condução de energias. Às vezes temos mesmo que gritar!
Caro Augusto quando os valores em que se acredita estão postos em causa, aprendi que mais do que o caracter das pessoas são as circunstâncias que mandam. Se não
queremos isso assim, quer-me arecer que uma via é reconstruir (dentro do possível) aquilo com que nos relacionamos. E isso é um esforço de uma vida. Hoje
em dia são nos pedidos vários esforços desses e nós cá vamos fazendo por isso!
Não diria que é pior o homem de hoje, mas certamente é um ser muito complexo e anda bem desorientado. Sim "... Substituir o espiritual pelo material ..." até certo ponto é a saída mas o tempo dirá qual a melhor forma de o fazer. Para isso: que todos contribuam, cada um com a sua experimentação de vida com o que sabe e com o que pode.
Aqui junto o meu grito!
Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?
Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.
Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.
José Carlos Ary dos Santos
Uma vez tb escrevi que só me apetecia gritar e tu disseste-me que era isso mesmo q deveria fazer. Libertar o grito. Por vezes não é um grito literal, é alto que nos estrangula o coração e que queremos soltar. Digo-te o mesmo amigo. Liberta essa angústia ... nem que seja num grito.
Beijos.
Gostava francamente de rebater este teu texto. Argumentar que nem tudo está perdido, que os nossos filhos ou os filhos dos nossos filhos acabarão por dar uma volta a "isto" e, mais geração menos geração o homem novo perfilar-se-à no horizonte das esperanças mais fundadas da humanidade. Argumentar que a experiência de vida, nos afasta dos sonhos, desejos e lutas de uma juventude irremediavelmente perdida (ou que -poéticamente, ficou para traz).
Mas não posso, porque a história não mente; porque ela relata-nos que o Homem continua a preferir os caminhos do desentendimento aos do diálogo. O Homem ou os homens que têm o poder de decisão sobre os outros homens. Que ao cidadão comum de todos os quadrantes, a esse, a voz já quase não se faz ouvir.
Percebo a revolta porque a sinto; mas farei com que não seja uma obsessão. Porque ainda tenho uma secreta esperança. Que não tem fundamento tal como ninguém me perguntou porque raios deveria a côr verde ser a sua bandeira.
Abraço.
Oi amigo, boa tarde....
obrigada pelas visitinhas....ahahah
esta demora em aparecer....foi claro....restos de férias....
a gente custa sempre a tomar de novo o impulso, quando toca ao trabalhinho....
Um abraço de amizade da sonhadora
Tomei a liberdade de utilizar dois excertos deste texto, que apreciei bastante, em dois comentários que fiz a um artigo publicado pelo ANT no n/blog.
O erro está no astrólogo... ou na astrologia?
Enviar um comentário
<< Home