Filogenia dos ancestrais humanos
Estudos actuais, apontam para a hipótese de ter havido duas emigrações para fora de África, que teriam tido lugar em dois períodos diferentes: uma com 700.000 anos teria conduzido ao Homo de Neanthertal, que evoluiu na zona temperada da Europa e no Médio Oriente, outra, que evoluiu em África até aproximadamente 100.000 anos, conduziu ao Homo sapiens sapiens.
O Homo sapiens expande-se através de África, Europa e Ásia, removendo as outras arcaicas populações existentes, provenientes do Homo erectus.
A população do moderno Homo sapiens sapiens, começou a crescer rapidamente há cerca de 50.000 – 40.000 anos, tendo no mesmo período ocorridos a variação entre raças.
É durante este período que emigra para novas regiões. A emigração para as distantes áreas do Norte, coincide com fim de um longo período frio, que começara aproximadamente há 75.000 anos.
Há 50.000 anos, chegam pela primeira vez à Austrália, que como não estava ligada por terra ao sudeste da Ásia, é provável que os primeiros australianos tenham viajado em jangadas. Entre 35.000 – 30.000 anos existiram caçadores de grandes mamíferos no nordeste da Sibéria. Por volta de há 30.000, verificou-se a emigração para América do Norte, através do estreito de Bering.
Esta ligação intercontinental entre a Sibéria e a América do Norte, é devido ao abaixamento do nível do mar durante a última Idade do Gelo.
A trágica consequência da emigração do homem nas novas regiões, foi a extinção de muitas espécies animais indígenas dessas áreas. Há 11.000 anos os caçadores humanos do Novo Mundo, tinham extinto 135 espécies de mamíferos, incluindo ¾ dos grandes mamíferos.
Perseguindo a caça em idas e vindas, por milénios, os bandos percorriam vastas extensões, e assim, espalharam-se por todos os continentes.
O Homo sapiens sapiens entrou na Europa há cerca de 35.000 anos e perpetuou-se até hoje.
Com cerca de 28.000 anos, foi encontrado, pela primeira vez, em Les Eysie, França, os restos fósseis do Homo sapiens sapiens, a que foi dado o nome de Homem de Cro Magnon.
Os Cro magnons apresentavam grandes diferenças em relação aos Neanthertais já existentes.
Um maior cérebro, com um volume médio de 1.300 cm3.
O crânio é menor mas mais comprido e a face menos alongada, com menor prognatismo. Um alto e arqueado crânio com uma alta, suave e vertical testa, um sulco da testa menos proeminente e dentes mais pequenos. O supro orbital desapareceu. A parte traseira do crânio não apresenta o toro transversal do erectus, nem o bolo occipital do Neanthertal.
Anatomicamente são caracterizados por uma construção menos robusta do seu corpo e esqueleto que os machos que os Neanthertais.
As fêmeas são só ligeiramente mais pequenas, na média, que os machos, diminuindo, assim, o dimorfismo sexual.
Estes primeiros Europeus, com o auxílio dos recursos da sua avançada cultura e tecnologia, foram capazes de se especializarem e competirem com os grandes carnívoros pelas suas presas, e adaptarem-se às severas condições de vida da Idade do Gelo. Vivendo perto do gelo perseguiam os caribus e renas; os caçadores na Europa Central e Ocidental praticavam a perigosa caça ao mamute.
Os locais onde o Homo sapiens sapiens viveu, apresentam evidências de que sepultavam os seus mortos, o que demonstra já a existência de uma prática cultural. Muitos enterramentos da Europa Central, datam de há 20.000 anos.
A figura anterior, à esquerda,representa um múltiplo enterramento. O indivíduo do centro apresenta uma escoliose da espinha, um crânio assimétrico, e a perna direita mal desenvolvida. O macho à esquerda apresenta uma estaca que teria penetrado na anca. O grande macho, à direita, está deitado com a face para baixo. O seu crânio estava ornamentado com colares de dentes de lobo, e coberto com pele de raposa do ártico e lascas de marfim.
A pintura da direita representa a reconstituição do enterramento de um caçador de mamutes, encontrado em Predmostí, na Europa Central. O vermelho do ocre está a ser espalhado na sepultura, a qual será coberta com parte da omoplata de um mamute.
Continua.
6 Comments:
curioso este texto ser publicado posteriormente ao "Hope".
bom domingo.
Curioso como a morte nos ensina tanto da vida.Cá espero pela continuação.
Um abraço.
Como sempre um belíssimo texto para reflectir sobre os nossos ancestrais e nós próprios.
Abração,
Belo texto. Este fez-me lembrar no muito que tenho visto em França nas várias grutas quer as mais conhecidas - Lascaux e Peche-Merle quer, especificamente, noutras menos exploradas mas não menos interessantes.
augusto, quanto as tuas exposiçoes de historia ja sabes a minha opiniao: é com muito gosto que leio tudinho do principio ao fim.
quanto a falta do telemovel, tens razao: aquela conversa na escada foi o maximo.
abraço da leonoreta
É este sentimento de vitória e de renascer, que nos faz ter esperança que o "tal" botão nunca venha a ser carregado, mas tristemente e a cada momento, são-no em Israel e no Líbano, sem respeito pela evolução e desprovidos de humanidade.
Para onde fugiu a nossa humanidade que os milhões de anos levaram a criar?
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