HOPE
Ás 23.00 horas do dia 5 de Março de 2210, algures nos Estados Unidos da América,
foi premido o botão que ordena o lançamento do míssil portador da nova arma de destruição massiva. Uma arma tão letal, que destruirá tudo o que estiver vivo num raio de 500Km. Objectivo, a província de Sheanxi no centro da China.
Nos primeiros cem anos do terceiro milénio, devido ao contínuo crescimento da degradação atmosférica, o buraco na camada de ozono atingiu 1/5 da atmosfera da Terra.
O consequente aquecimento levou ao desaparecimento das calotes polares e ao degelo dos glaciares, que fizeram submergir 1/3 da terra seca e propiciou grandes alterações climatéricas, com amplitudes térmicas extremas, quer sazonais quer diurnas. A inclemência do clima concorreu, por sua vez, para a aridez progressiva dos solos.
O espaço seco dos continentes diminuiu drasticamente, e a falta de espaço originou concentrações populacionais impensáveis, reduzindo cada vez mais o solo ainda produtivo; se não morres porque ainda tens espaço para por os pés, morres porque não tens onde cultivares o que comes.
Como náufragos que se debatem por um lugar na jangada, a população mundial, destrói-se freneticamente, na procura de espaço para subsistir, que cada vez é mais reduzido.
Já não era a religião, a economia ou qualquer pretensão hegemónica, razões de outras guerras, o motivo desta era conquista de espaço vital para sobreviverem, sendo o direito da ocupação o direito do mais forte.
Durante os últimos cem anos, as potências lançam-se numa corrida à matança: quem primeiro suprimir as populações a eliminar, ganham o direito à ocupação. O genocídio não é de unidades de milhões, mas milhares de milhões.
Como a conquista de todo o espaço vital não era suficiente para as necessidades das potências, passou o próprio espaço destas a ser cobiçado por elas mesmas. E nesta pretensão, os Estados Unidos da América, tomaram a iniciativa em 5 de Março de 2210.
A sobrevivência a este Apocalipse, segundo os cientistas, é de probabilidade extremamente baixa, quase nula. Com o progressivo aumento do buraco do ozono, a Terra irá sofrer um aquecimento solar tão grande, que será humanamente impossível viver com tais temperaturas.
Um grupo de cientistas canalizou as suas preocupações, não para evitar o irremediável, mas para que a espécie em si não desapareça, ainda que não tenha sido descoberto outro planeta com possibilidades de lhe dar continuidade, num raio espacial, a uma distância de 100 anos, do tempo da Terra.
Um dos problemas que subsistia, era capacidade das naves não ser tão grande que pudesse albergar uma multidão de emigrantes, e a possibilidade de construir milhares de naves não ser exequível.
Também para a maior parte deles, não era admissível o último acto desumano da humanidade, decidir quem fica para morrer e quem irá tentar a sua chance de sobrevivência. Como seria possível salvar a nossa espécie?
Ano 2300 da nossa era, uma nave com cerca de 100 metros, formada por cinco corpos acoplados, vagueia no espaço, há cerca de 100 anos, com rumo indefinido. Na parte exterior da sua fuselagem não existe qualquer identificação de nacionalidade ou proveniência, apenas em letras bem grandes se pode ler HOPE.
Sem tripulação, totalmente computorizada, tem a vontade própria para que foi programada. Tudo nela funcionou, funciona e funcionará, gerido unicamente pelo computador. No primeiro corpo, está o centro nevrálgico, o “cérebro” de todo o sistema, no último, os mecanismos de impulsão que lhe proporcionam a deslocação e as manobras.
Os dois seguintes, grandes armazéns, acumulam todas as mercadorias que foram relacionadas como fundamentais para o projecto.
No central, o mais sofisticado, o seu interior tem a aparência de um laboratório, onde os terminais do computador são quatro robots, que executam as tarefas programadas.
Num dos lados do módulo, a todo o comprimento, existem diversos silos com instrumentos de regulação e vigilância, sob constante atenção dos robots.
Neles viajam, em estado de vida latente, que foi preparada para durar milhares de anos, triliões e triliões de espermatozóides, milhares de óvulos e milhares da mais recente descoberta da ciência, úteros.
A forma encontrada pelos cientistas para fazerem emigrar milhares de humanos, num espaço reduzido.
Se algum dia a nave encontrar um planeta habitável pelo homem, os óvulos de pois de fecundados pelos espermatozóides, serão inseridos nos úteros, onde terá lugar a formação de novas vidas.
Tudo será assistido por dezenas de robots que se encontram armazenados, bem como os cuidados com os recém nascidos, o ensino dos adolescentes, e mais tarde a formação dos adultos, transmitindo-lhes todos os conhecimentos necessários, para começarem uma nova vida.
Tudo o que necessitarão para o êxito do projecto, está nos módulos de armazenagem, sementes, máquinas, livros, etc.
A grande esperança dos cientistas que criaram o projecto e ficaram na Terra, é que estes seres, apesar de serem humanos, por não terem tido contacto com a humanidade, estejam imunes à sua maldade.
Ás 23.00 horas do dia 5 de Março de 2210, algures nos Estados Unidos da América,
foi premido o botão que ordena o lançamento do míssil portador da nova arma de destruição massiva. Uma arma tão letal, que destruirá tudo o que estiver vivo num raio de 500Km. Objectivo, a província de Sheanxi no centro da China.
Nos primeiros cem anos do terceiro milénio, devido ao contínuo crescimento da degradação atmosférica, o buraco na camada de ozono atingiu 1/5 da atmosfera da Terra.
O consequente aquecimento levou ao desaparecimento das calotes polares e ao degelo dos glaciares, que fizeram submergir 1/3 da terra seca e propiciou grandes alterações climatéricas, com amplitudes térmicas extremas, quer sazonais quer diurnas. A inclemência do clima concorreu, por sua vez, para a aridez progressiva dos solos.
O espaço seco dos continentes diminuiu drasticamente, e a falta de espaço originou concentrações populacionais impensáveis, reduzindo cada vez mais o solo ainda produtivo; se não morres porque ainda tens espaço para por os pés, morres porque não tens onde cultivares o que comes.
Como náufragos que se debatem por um lugar na jangada, a população mundial, destrói-se freneticamente, na procura de espaço para subsistir, que cada vez é mais reduzido.
Já não era a religião, a economia ou qualquer pretensão hegemónica, razões de outras guerras, o motivo desta era conquista de espaço vital para sobreviverem, sendo o direito da ocupação o direito do mais forte.
Durante os últimos cem anos, as potências lançam-se numa corrida à matança: quem primeiro suprimir as populações a eliminar, ganham o direito à ocupação. O genocídio não é de unidades de milhões, mas milhares de milhões.
Como a conquista de todo o espaço vital não era suficiente para as necessidades das potências, passou o próprio espaço destas a ser cobiçado por elas mesmas. E nesta pretensão, os Estados Unidos da América, tomaram a iniciativa em 5 de Março de 2210.
A sobrevivência a este Apocalipse, segundo os cientistas, é de probabilidade extremamente baixa, quase nula. Com o progressivo aumento do buraco do ozono, a Terra irá sofrer um aquecimento solar tão grande, que será humanamente impossível viver com tais temperaturas.
Um grupo de cientistas canalizou as suas preocupações, não para evitar o irremediável, mas para que a espécie em si não desapareça, ainda que não tenha sido descoberto outro planeta com possibilidades de lhe dar continuidade, num raio espacial, a uma distância de 100 anos, do tempo da Terra.
Um dos problemas que subsistia, era capacidade das naves não ser tão grande que pudesse albergar uma multidão de emigrantes, e a possibilidade de construir milhares de naves não ser exequível.
Também para a maior parte deles, não era admissível o último acto desumano da humanidade, decidir quem fica para morrer e quem irá tentar a sua chance de sobrevivência. Como seria possível salvar a nossa espécie?
Ano 2300 da nossa era, uma nave com cerca de 100 metros, formada por cinco corpos acoplados, vagueia no espaço, há cerca de 100 anos, com rumo indefinido. Na parte exterior da sua fuselagem não existe qualquer identificação de nacionalidade ou proveniência, apenas em letras bem grandes se pode ler HOPE.
Sem tripulação, totalmente computorizada, tem a vontade própria para que foi programada. Tudo nela funcionou, funciona e funcionará, gerido unicamente pelo computador. No primeiro corpo, está o centro nevrálgico, o “cérebro” de todo o sistema, no último, os mecanismos de impulsão que lhe proporcionam a deslocação e as manobras.
Os dois seguintes, grandes armazéns, acumulam todas as mercadorias que foram relacionadas como fundamentais para o projecto.
No central, o mais sofisticado, o seu interior tem a aparência de um laboratório, onde os terminais do computador são quatro robots, que executam as tarefas programadas.
Num dos lados do módulo, a todo o comprimento, existem diversos silos com instrumentos de regulação e vigilância, sob constante atenção dos robots.
Neles viajam, em estado de vida latente, que foi preparada para durar milhares de anos, triliões e triliões de espermatozóides, milhares de óvulos e milhares da mais recente descoberta da ciência, úteros.
A forma encontrada pelos cientistas para fazerem emigrar milhares de humanos, num espaço reduzido.
Se algum dia a nave encontrar um planeta habitável pelo homem, os óvulos de pois de fecundados pelos espermatozóides, serão inseridos nos úteros, onde terá lugar a formação de novas vidas.
Tudo será assistido por dezenas de robots que se encontram armazenados, bem como os cuidados com os recém nascidos, o ensino dos adolescentes, e mais tarde a formação dos adultos, transmitindo-lhes todos os conhecimentos necessários, para começarem uma nova vida.
Tudo o que necessitarão para o êxito do projecto, está nos módulos de armazenagem, sementes, máquinas, livros, etc.
A grande esperança dos cientistas que criaram o projecto e ficaram na Terra, é que estes seres, apesar de serem humanos, por não terem tido contacto com a humanidade, estejam imunes à sua maldade.
10 Comments:
ola augusto. alias o que se pretende fazer "agora (de ha uns largos anos para cá) será o mesmo - suposto - que se fez aquando da formaçao da especie humana. uma das teorias claro.
abraço da leonoreta
Como sempre brinda-nos com excelentes escolhas para abordar e esta não poderia ser mais oportuna. Os EUA, têm-se até agora, saído bem das suas experiências militares e conseguido até impôr ao Mundo uma certa supremacia do ponto de vista do equipamento bélico que vai produzindo.
Todavia nada lhe garante que o seu futuro possa continuar risonho e de repente não se transforme em medonho porque os seus governantes têm vindo a contribuir em larga escala para isso. Com um abraço do Raul
Ainda bem q já cá não estarei. Como ficção está fantástica. Espero q não passe daí!
Beijos. (Gostei do novo visual)
Faço minhas as palavras do Raul. Esperemos que, até lá, se sucedam alguns enforcamentos neocons em Nuremberga ou qualquer outra localidade com o mesmo significado. Porque, para mim, bastava passar a primeira semana de Agosto em Marte e tirar quatro dias em Dezembro para ir esquiar em Saturno. Por causa da escola dos putos.
..."sendo o direito da ocupação o direito do mais forte."
e não é sempre o "direito" do mais forte?
Tocou-me. E o post anterior sobre Palmira ainda mais.
Cada vez estamos mais perto de opções deste tipo, que o texto tão bem "conta"
bom ensaio ficcionista e quem sabe se não será um projecto realizável... faz-me espécie é quais são os úteros...
sendo um pacifista revoltado...tambem espero que muitos canalhas sejam enforcados pacificamente porque poderão vir a ocupar o espaço alheio...
um abç
...merece um desenvolvimento para livro...não sei se já leste o Corvo Branco...o estilo é semelhante...mas uma historia muito menos elaborada do que esta...
...mesmo de férias venho da um xeirinho ao teu blog...e não precisas de Miosotis...
...já agora nós os usamos pois era proibido outros simbolos durante a Alemanha Nazi e na Europa ocupada...e se não sabes refiro-te que cerca de 500.000 foram mortos em campos de concentração ou em assassinios e presseguições constantes...
...um abraço...
A hipótese, só por si, é assustadora, mas estamos perto do que nunca dela, a cada dia que passa.
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