Palmira
Quando hoje os turistas visitam as ruínas, de arquitectura helenística de Palmira, perdidas num oásis do deserto sírio, a meio caminho entre Damasco e o Eufrades,
muitos deles possivelmente, não sabem que estão em presença do que resta do maior Entreposto Comercial da Antiguidade.
Fundada em 280 a.C. por uma guarnição militar macedónica, estabelecida pelos Selêncidas, viria a crescer de importância na zona até se tornar ponto obrigatório de todas as rotas das caravanas e lugar privilegiado de trocas comerciais.
Com autonomia tolerada pelos Romanos, que para além do pessoal aduaneiro que controlava e onerava com impostos as mercadorias estrangeira, não se intrometia na sua política interna
O comércio enriqueceu o oásis, onde era ponto obrigatório de paragem, da rota da seda, da rota do incenso, bem como caravanas de especiarias, pedras preciosas, perfumes, pelo que os comerciantes de Palmira depressa a fizeram competir com outras cidades dando-lhe uma imagem externa configurada por sumptuosos edifícios de modelo Helénico.
Mas importância de Palmira não era só comercial, devido à sua situação geográfica, era um ponto estratégico da maior importância, pois ficava na fronteira dos dois maiores inimigos na época. Os Partos e Roma. A sua neutralidade elegeu-a como lugar onde os Partos e os Romanos podiam trocar as suas mercadorias.
Por volta de 250, o xeque beduíno Odenato, que tinha tomado conta do oásis, conseguiu de uma forma surpreendente tornar-se o senhor de Palmira, no seio das duas potências beligerantes.
Odenato, tornou-se o melhor aliado de Roma, defendendo eficazmente os seus interesses na guerra contra os Partos e a sua importância foi tal que chegou até a imiscuir-se nos assuntos internos do Império Romano.
Roma recompensou os seus préstimos nomeando-o governador-geral do império para todo o Oriente.
A inveja de vários oficiais romanos, levou-os ao assassinato de Odenato em 267.
Como seu filho era menor, foi sua mãe, Zenóbia, quem assumiu o governo. Alguns historiadores põem em evidência o que esta mulher era para a Antiguidade: “No seu rosto de cor trigueira escura, os seus belíssimos olhos negros resplandeciam com um fogo divino e os seus dentes, de uma brancura deslumbrante, pareciam pérolas. Na Assembleia Popular apresentava-se como um rei, com o seu capacete e uma capa de púrpura adornada de pedras preciosas.”
Mas Palmira era demasiado pequena para as ambições desta mulher. Primeiro apodera-se de toda a Síria, de pois em 268, aproveitando o esforço romano a Ocidente, enviou ao Egipto um exército, que lhe deu a posse no Nilo, o que melhoraria consideravelmente os contactos comerciais de Palmira com o Ocidente. Ao mesmo tempo ocupou o antigo Reino Nabateu, onde se encontrava o importante centro caravaneiro de Petra. Deste modo, Zenóbia tomava conta de todos os pontos caravaneiros do Próximo Oriente.
Procurou também, penetrar na Ásia Menor e dominar o acesso ao mar Negro, ocupando a Calcedónia, na margem oriental do Bósforo, frente à actual cidade de Istambul.
Esta política era um claro desafio a Roma, que por seu lado se via envolvida na Itália Central em lutas contra os Alamanos e nos Balcãs contra os Godos.
O Imperador Aureliano, prometeu reconhecê-la e ao seu filho como soberanos do Oriente, desde que se retirassem do Egipto. Apostando nas dificuldades dos Romanos, recusou, nomeando-se a si própria e ao seu filho imperadores do Oriente.
Mas Roma era Roma com inesgotáveis recursos bélicos, e Aureliano à frente de um exército enfrentou as tropas de Palmira em Antoquia, às quais infringiu uma pesada derrota. Na sua marcha para Palmira, em Emesa travou a batalha decisiva onde a cavalaria do império de Palmira foi derrotada pela a sua infantaria. Andados mais cem quilómetros e estava diante das muralhas de Palmira.
“Ordeno a rendição da cidade e prometo segurança para a tua vida, Zenóbia, com a condição de tu e os teus fiéis venham fixar residência num lugar que indicarei e que o excelentíssimo Senado terá aprovado. Deverás entregar as jóias, a prata, o ouro, a seda, os cavalos e os camelos ao Tesouro Público romano; os cidadãos de Palmira não perderão os seus direitos.”
Zenóbia respondeu-lhe: “prefiro morrer como rainha a viver em condições que entendo serem indignas.”
Contava com a ajuda, sobretudo dos povos persas e de tribos árabes do deserto, que nunca chegaram. Desesperada, tentou fugir para território persa com o filho, mas o destino quis que ela fosse capturada pelos Romanos.
Deste modo, a riqueza de Palmira, acumulada após mais de três séculos de comércio, foi transferida para o Tesouro Público de Roma, e Zenóbia foi trazida como prisioneira para Roma e incluída na marcha triunfal de Aureliano, à maneira de troféu.
Mais tarde casou com um senador romano e acabou os seus dias como uma distinta matrona romana numa vila em Tibur.
Quando hoje os turistas visitam as ruínas, de arquitectura helenística de Palmira, perdidas num oásis do deserto sírio, a meio caminho entre Damasco e o Eufrades,
muitos deles possivelmente, não sabem que estão em presença do que resta do maior Entreposto Comercial da Antiguidade.
Fundada em 280 a.C. por uma guarnição militar macedónica, estabelecida pelos Selêncidas, viria a crescer de importância na zona até se tornar ponto obrigatório de todas as rotas das caravanas e lugar privilegiado de trocas comerciais.
Com autonomia tolerada pelos Romanos, que para além do pessoal aduaneiro que controlava e onerava com impostos as mercadorias estrangeira, não se intrometia na sua política interna
O comércio enriqueceu o oásis, onde era ponto obrigatório de paragem, da rota da seda, da rota do incenso, bem como caravanas de especiarias, pedras preciosas, perfumes, pelo que os comerciantes de Palmira depressa a fizeram competir com outras cidades dando-lhe uma imagem externa configurada por sumptuosos edifícios de modelo Helénico.
Mas importância de Palmira não era só comercial, devido à sua situação geográfica, era um ponto estratégico da maior importância, pois ficava na fronteira dos dois maiores inimigos na época. Os Partos e Roma. A sua neutralidade elegeu-a como lugar onde os Partos e os Romanos podiam trocar as suas mercadorias.
Por volta de 250, o xeque beduíno Odenato, que tinha tomado conta do oásis, conseguiu de uma forma surpreendente tornar-se o senhor de Palmira, no seio das duas potências beligerantes.
Odenato, tornou-se o melhor aliado de Roma, defendendo eficazmente os seus interesses na guerra contra os Partos e a sua importância foi tal que chegou até a imiscuir-se nos assuntos internos do Império Romano.
Roma recompensou os seus préstimos nomeando-o governador-geral do império para todo o Oriente.
A inveja de vários oficiais romanos, levou-os ao assassinato de Odenato em 267.
Como seu filho era menor, foi sua mãe, Zenóbia, quem assumiu o governo. Alguns historiadores põem em evidência o que esta mulher era para a Antiguidade: “No seu rosto de cor trigueira escura, os seus belíssimos olhos negros resplandeciam com um fogo divino e os seus dentes, de uma brancura deslumbrante, pareciam pérolas. Na Assembleia Popular apresentava-se como um rei, com o seu capacete e uma capa de púrpura adornada de pedras preciosas.”
Mas Palmira era demasiado pequena para as ambições desta mulher. Primeiro apodera-se de toda a Síria, de pois em 268, aproveitando o esforço romano a Ocidente, enviou ao Egipto um exército, que lhe deu a posse no Nilo, o que melhoraria consideravelmente os contactos comerciais de Palmira com o Ocidente. Ao mesmo tempo ocupou o antigo Reino Nabateu, onde se encontrava o importante centro caravaneiro de Petra. Deste modo, Zenóbia tomava conta de todos os pontos caravaneiros do Próximo Oriente.
Procurou também, penetrar na Ásia Menor e dominar o acesso ao mar Negro, ocupando a Calcedónia, na margem oriental do Bósforo, frente à actual cidade de Istambul.
Esta política era um claro desafio a Roma, que por seu lado se via envolvida na Itália Central em lutas contra os Alamanos e nos Balcãs contra os Godos.
O Imperador Aureliano, prometeu reconhecê-la e ao seu filho como soberanos do Oriente, desde que se retirassem do Egipto. Apostando nas dificuldades dos Romanos, recusou, nomeando-se a si própria e ao seu filho imperadores do Oriente.
Mas Roma era Roma com inesgotáveis recursos bélicos, e Aureliano à frente de um exército enfrentou as tropas de Palmira em Antoquia, às quais infringiu uma pesada derrota. Na sua marcha para Palmira, em Emesa travou a batalha decisiva onde a cavalaria do império de Palmira foi derrotada pela a sua infantaria. Andados mais cem quilómetros e estava diante das muralhas de Palmira.
“Ordeno a rendição da cidade e prometo segurança para a tua vida, Zenóbia, com a condição de tu e os teus fiéis venham fixar residência num lugar que indicarei e que o excelentíssimo Senado terá aprovado. Deverás entregar as jóias, a prata, o ouro, a seda, os cavalos e os camelos ao Tesouro Público romano; os cidadãos de Palmira não perderão os seus direitos.”
Zenóbia respondeu-lhe: “prefiro morrer como rainha a viver em condições que entendo serem indignas.”
Contava com a ajuda, sobretudo dos povos persas e de tribos árabes do deserto, que nunca chegaram. Desesperada, tentou fugir para território persa com o filho, mas o destino quis que ela fosse capturada pelos Romanos.
Deste modo, a riqueza de Palmira, acumulada após mais de três séculos de comércio, foi transferida para o Tesouro Público de Roma, e Zenóbia foi trazida como prisioneira para Roma e incluída na marcha triunfal de Aureliano, à maneira de troféu.
Mais tarde casou com um senador romano e acabou os seus dias como uma distinta matrona romana numa vila em Tibur.
11 Comments:
Pois é...eu não sabioa sobre Palmira não...
adorei ler a tua descrição, como sempre...
Quanto á minha maneira de AMAR...eheheh esta é a forma mais inteligente,... o não prender....quanto mais liberdade se dá...mais o pássaro volta ao aconchego...
digo com expriência...é estranho não é?...
Beijão
Como a história se repete! e falam do império português no Oriente e na escravatura iniciada no século XV pelos europeus em África esquecendo-se que os romanos fizeram milhares e milhares de escravos por todo esse Mar Mediterrâneo, Mar Negro, mar vermelho... Também Ceuta foi um importante entreposto comercial de ouro, seda, especiarias, prata...
Gostei de ter recordado a importância de Palmira e as ruínas que dela restam...
um beijo
Olá!
Foi muito bom conhecer o seu blog!
O conteúdo é bem informativo e interessante.
bjs:**
Meu caro Augusto, fico completamente "arrazado" com os textos que publicas.
E andei eu, durante anos, a ensinar História às criancinhas ...
Abraço
O Vitorino, instigando ódios e desconfiança contra os muçulmanos revela-se um terrorista a soldo de Washington! Mais uma peça na «guerra contra o terrorismo».
... um texto a propósito de uma cidade histórica, zona do mundo onde as coisas não estão a correr nada bem.
De Zenóbia e da sua sede de expansão, aos dias de hoje, apenas mudaram os actores principais e alguns locais das filmagens. O homem-realizador, continua a ser o pior inimigo de si próprio...
Abraço.
Ler-te é sempre um prazer. Cada vez que leio um dos teus trextos, aprendo sempre. Obrigada!
Bom fim de semana!
Beijinho,
Se Palmira, perdida num oásis do deserto sírio, a meio caminho entre Damasco e o Eufrades, não estivesse já em ruínas, em breve o ficaria, dada a salgalhada que se prepara para essa zona no fututo próximo.
igual a Jerash...(Jordânia).... ah os romanos....
e ganháste....já te tinha dito que não conhecia.... mas de todo o modo é mtmt parecido...
bexjos. desde la toja....
um post à AUGUSTO.
dá um beijo à Rapariga. daqueles.
:::::::::::::::::doces.
...a ambição não escolhe sexos...ou eras...está no cerne de todos os grandes seres...mas também no seu desaire...quando mal medida...um abraço...
Sempre boa informação disponível se encontra pelo seu blog.
Cumprimentos!
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