Ensaio sobre a amizade virtual
A frequência com que hoje em dia se vê ser utilizado o virtual e a sua consequente aceitação, levou-me a meditar no fenómeno, quais as origens e consequências.
Definido o virtual como o possível, o susceptível de se realizar, existente como potencialidade ou faculdade e não como acto, exclui o concreto, admitindo só a hipótese futura.
O emprego do termo, amigo virtual, para definir aquele que existe e não se conhece fisicamente, é um erro, quanto muito poderia definir a possibilidade futura da amizade.
Pelo que tenho lido do emprego do termo, amigo virtual, o sentido muitas vezes dado, não é mais do que a criação, no imaginário, de uma amizade desejada, de forma tão intensa que esta pode tender a tornar-se numa realidade inexistente.
Isto acontece mais frequentemente com as pessoas que sofrem de solidão, incapazes no mundo real de ultrapassar esse sofrimento, procuram colmatá-lo com a criação de um ou mais amigos virtuais, esquecendo-se que a virtualidade é uma hipótese e não a concretização.
Estas amizades, mantidas só pela comunicação não presencial, sem qualquer espécie de vivência, correm o risco de serem uma frustração maior se forem consideradas mais do que um simples conhecimento simpático ou mesmo muito simpático, mas nada mais.
Querer transformar um conhecimento em amizade virtual é transformar o concreto numa possibilidade.
As amizades não se criam, florescem espontaneamente, produto da identificação mútua de interesses, comunhão de pontos de vista, modo de encara a vida etc., que por sua vez fomenta o aparecimento de uma afectividade recíproca.
Viver com o virtual, é viver com uma susceptibilidade de realização da própria vida, virando as costas à realidade que ela encerra.
Mas não é só na amizade que o virtual se manifesta, começa a tomar forma para tudo o que se deseja mas não existe, mas que sem existir possa tomar parte nas nossas vidas.
Uma sugestão deixo aqui, passem do mundo virtual para o real, convivam, conversem, troquem ideias, não fiquem na vossa concha do anonimato. Como alguém disse, da discussão nasce a luz, e a luz pode-nos mostrar um grande amigo que sem ela nunca o encontraríamos.
Publicado também no Da Mão Para a Boca
Definido o virtual como o possível, o susceptível de se realizar, existente como potencialidade ou faculdade e não como acto, exclui o concreto, admitindo só a hipótese futura.
O emprego do termo, amigo virtual, para definir aquele que existe e não se conhece fisicamente, é um erro, quanto muito poderia definir a possibilidade futura da amizade.
Pelo que tenho lido do emprego do termo, amigo virtual, o sentido muitas vezes dado, não é mais do que a criação, no imaginário, de uma amizade desejada, de forma tão intensa que esta pode tender a tornar-se numa realidade inexistente.
Isto acontece mais frequentemente com as pessoas que sofrem de solidão, incapazes no mundo real de ultrapassar esse sofrimento, procuram colmatá-lo com a criação de um ou mais amigos virtuais, esquecendo-se que a virtualidade é uma hipótese e não a concretização.
Estas amizades, mantidas só pela comunicação não presencial, sem qualquer espécie de vivência, correm o risco de serem uma frustração maior se forem consideradas mais do que um simples conhecimento simpático ou mesmo muito simpático, mas nada mais.
Querer transformar um conhecimento em amizade virtual é transformar o concreto numa possibilidade.
As amizades não se criam, florescem espontaneamente, produto da identificação mútua de interesses, comunhão de pontos de vista, modo de encara a vida etc., que por sua vez fomenta o aparecimento de uma afectividade recíproca.
Viver com o virtual, é viver com uma susceptibilidade de realização da própria vida, virando as costas à realidade que ela encerra.
Mas não é só na amizade que o virtual se manifesta, começa a tomar forma para tudo o que se deseja mas não existe, mas que sem existir possa tomar parte nas nossas vidas.
Uma sugestão deixo aqui, passem do mundo virtual para o real, convivam, conversem, troquem ideias, não fiquem na vossa concha do anonimato. Como alguém disse, da discussão nasce a luz, e a luz pode-nos mostrar um grande amigo que sem ela nunca o encontraríamos.
Publicado também no Da Mão Para a Boca
9 Comments:
ola augusto
estranhei a tua ausência que, nesta altura do ano,atribui a férias. mas não. trabalho, disseste tu.
obrigado por teres visitado lá o sitio.o teu comentario é importante.
quanto ao teu amigo virtual: penso que para tudo há um meio termo. é bem possivel que nunca se saia do virtual, por uma questao de tempo ou de espaço e a amizade, ou as afinidades existirem. é certo que depois se caia numa conversa em circulos.
mas o que acontece na maior parte dos casos é que a virtualidade cedo passa para o real e tudo ganha cheiro e cor e som.
agora por exemplo além de saber o teu rosto sei como olhas e ris e ouço a tua voz nas palavras que escreves.
assim como conheço tudo isso da lazuli, imaginando-a a ler o meu post com os seus lindos olhos azuis.
abraço da leonor
Tens toda a razão!
Comigo? passa-se que às vezes fico nostálgica. Mas isto passa!
Obrigada por te preocupares.
***BShell ;)
Eu acho muito interessante manter a amizade virtual por mais tempo possível, aliás nunca chequei a conhecer pessoalmente ninguém através da internet :)
Subscrevo em absoluto. São, contudo, amizades que nos aconchegam a alma ainda no plano da virtualidade. Por vezes nada mais do que isso poderão ser, pela distância, pelas contingências da vida. Mas se for possível, deve-se, sim, completá-las com a envolvente da realidade "real". Um beijinho grande e uma óptima semana.
Quem me conhece nestes espaços conhece-me muito melhor do que quem me conhece pessoalmente. Para conversar de certas coisas é necessário que se justifique... Nem sempre se justifica e a maioria das coisas ficam por dizer, nas conversas do dia a dia. Por isso, pela parte que me toca, vocês são uns tipos cheios de "sorte"... Já me ouiviram conversas que são muito raras...
Mas que post excelente gostei imenso, o amigo virtual acho que esta um pouco na moda, tenho encontrado pessoas fascinantes aqui na blogsfera, nunca me encontrei com ninguém ao vivo. Mas n/ porque eu faça questão disso, talvez porque as pessoas levam o virtual só mesmo no virtual. Beijokas
Em relacçao ao que me aconteceu...não queiras saber.
A amizade virtual ou a virtualidade da amizade são tão só duas maneiras distintas de encarar a confraternização na companhia de alguém. Na maioria das vezes, estamos demasiado absorvidos nas pequenas coisas que nos preocupam, esquecemos de conversar com aquele que nos esteja próximo; senão vejamos - encontra-se um amigo de longa data, qual a conversa: Olá, estás bom? resposta :- Olha vai-se indo conforme se pode, então e tu? - Vamos vivendo...
A partir deste diálogo enriquecedor, pouco mais haverá a dizer, senão terminar com: Muito gosto em ver-te. - As pessoas fecharam-se ao mundo exterior de tal modo que nem sequer conhecem o vizinho que mora ao seu lado, possivelmente fruto do progresso dos telemóveis e de tantas outras coisas, como no caso dos computadores, que afastam cada vez mais as pessoas tornando-as uns nómadas... Não acredito na amizade virtual, acredito isso sim, nas pessoas que têm um desejo enorme de conviver e desabafar as suas ideias e preocupações que encontraram via net essa possibilidade de desabrochar, abrindo-lhe outras perspectivas de encarar a sua própria vida, ou simplesmente não sentir tanto a solidão. Gostei do texto como é óbvio e concordo plenamente, não existem amigos virtuais...
Um forte abraço amigo!
áh, esqueci-me, é aqui que me encontro nestas duas casas; uma de contemplação e outra de ilusão, escolhem qual querem visitar, em qualquer delas a porta está sempre aberta e nem sequer é preciso bater...
http://ababushka.blogs.sapo.pt/
http://babushka.blogs.sapo.pt/
Olá amigo, venho cá só para te informar que o link que colocas no meu blog está errado, Beijokas
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