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O Islamismo ( IV )
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
As grandes dissidências no Islão
O Kharidjismo foi a primeira grande dissidência, que surgiu do desentendimento entre os soldados de Ali. A principal discordância do em relação ao Sunismo (a ortodoxia islâmica, aquela que seguia o originais ensinamentos de Maomé), era política. Eles acreditavam que qualquer cidadão deveria ter o direito de ascender ao Califado, desde que fosso islâmico. Porém, o Califa deveria ser julgado quanto ao cumprimento das suas obrigações, podendo ser deposto se não cumprisse adequadamente.
Após a morte de Ali, que possuía muitos apoiantes, este foi transformado por muitos numa figura semi-divina. Ali, bem como os seus descendentes (filhos deste com a sua esposa Fátima, filha de Maomé) passaram a ser considerados mais importantes do que Maomé.
É bom referir que os Califas eram, até ao tempo de Ali, ao mesmo tempo Malik (Rei) e Imam (líder religioso), porém o culto que se desenvolveu a Ali, tratava-o e também ao seu filho, Hussayn, como Imam. Este culto recebeu o nome de Xiismo. Os Xiitas, uma seita que persiste até aos dias de hoje, acreditam que Califado só pode ser exercido pelos descendentes directos de Ali, pois estes são naturalmente divinizados.
Cada Imam tem o dom, concedido por Alá, de rever as escrituras, pelo que, a palavra de um Imam, é superior ao Alcorão e mesmo ao Imam anterior.
A crença na divindade do Imam fez com que Xiitas não aceitassem os Califas e, sendo assim, desenvolveram vários ataques e revoltas ao longo de todo o Califado Omíada e depois, também no Abássida.
Para os Xiitas, o Imam designa entre os seus filhos aquele que for apto para ser o futuro Imam. Isso estaria na base da dissidência no próprio seio dos Xiitas, quando o sexto Imam, Djafar, em vez de escolher para futuro Imam o filho mais velho, Ismail, como mandava a tradição, escolheu o filho mais novo, Musa. Muitos Xiitas não aceitaram Musa como Imam e passaram a venerar Ismail como seu Imam, ficando conhecidos por Ismailitas, um facção Xiita, considerada radical.
A expansão do Islão
Foi durante o governo de Uthman que a expansão dos domínios árabes tomou realmente a forma que viria a ter nos próximos anos, sobretudo durante a dinastia Omíada. Três foram os caminhos adoptados pelos Muçulmanos para expandir a sua fé e o controle temporal.
Oriente
Depois da morte de Alexandre, o seu Império foi dividido entre os seus principais colaboradores, cabendo a Seleuco, o antigo Império Persa. A Ásia Seleucida foi desmembrada em diversos reinos: Arménia, Média Atropatena, Partia, Bactriana e Seleucida.
Em 64 a.C., a Partia, sob a dinastia dos Arsácias, toma as demais regiões e forma o chamado Reino Parto. Os Partos, a Oriente, tornam-se os principais opositores à expansão romana. Em 224 d.C., um príncipe regional chamado Ardachêr, derruba a dinastia Arsácida e inaugura a dinastia Sassânida, com a qual ressuscita a antigo Império Persa.
Os Sassânidas iriam oferecer mais problemas aos romanos do que os Partos, frustrando mesmo, todas as ambições de expansão. Dois imperadores romanos sucumbem nesta luta, Juliano e Valeriano.
Depois da queda do Império Romano, os Sassânidas passam a disputar a hegemonia do Oriente com os Bizantinos. Em 628, Heráclito, imperador de Bizâncio, impõem uma tal derrota à Pérsia, que a dinastia Sassânida ficou sem possibilidades de se reerguer.
Em 651, Yazdgard, último Grande-Rei Sassânida é morto pelos árabes depois de fugir de cidade em cidade, terminando a dinastia. A expansão árabe no Oriente não se limitou aos territórios persas, estenderam os seus domínios até ao Irão, Índia e certas regiões da China.
Norte
Enquanto a expansão rumo ao leste se fundamentava na anexação dos territórios do Império Persa, para norte almejava a conquista de regiões do Império Bizantino. Estas conquistas foram as que menos lograram êxito, na fase inicial. Só mais tarde os turcos, vindos do Turquestão, invadiram a Capadócia, deram origem ao Império Otomano.
As principais motivações desta frente de combate eram comerciais. Os árabes, que estavam sob a égide de um clã comercial (os Omíadas) desejavam banir os Bizantinos do comércio do Mar Mediterrâneo. Depois de conquistar a supremacia no Mediterrâneo, os árabes iniciaram a conquista de diversas ilhas e cidades costeiras, como Rhodes e Chipre, atacando também a Sicília e o sul da Itália.
Ocidente
A expansão árabe rumo ao Ocidente foi a que começou mais cedo, já no governo de Omar, motivada pelo sentimento revanchista que boa parte dos árabes nutria em relação aos abissínios (etíopes), pois estes, além de dominarem por longo tempo o Reino de Sabá, terem tentado impor o Cristianismo aos povos árabes pré-islâmicos.
Durante o califado de Omar, as conquistas estenderam-se até Tripoli, Egipto e Abissínia. Esta frente foi suspensa no tempo de Ali, devido às diversas guerras internas durante o seu califado.
Quando a dinastia Omíada se instalou, voltou os seus olhos novamente nesta direcção da expansão. Como naquele tempo, a tomada de Constantinopla não era possível, precisavam de atingir a Europa de outra maneira.
Com as conquistas no norte de África, ocorreu um grande aumento da expansão do Império, bem como uma verdadeira revolução na máquina de guerra islâmica, ao acontecer a conversão dos Berberes, conhecidos pelas suas altas qualificações militares e estes, terem tomado a responsabilidade de invadir a Espanha visigótica.
A conquista da Espanha (entre711 e 714) marca o início do apogeu do Império Islâmico, que dominava uma região maior do que a extensão máxima do Império Romano.
Haveria muito mais para contar, sobretudo no que nos toca directamente, mas ficará para outra oportunidade.
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O Islamismo ( IV )
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
As grandes dissidências no Islão
O Kharidjismo foi a primeira grande dissidência, que surgiu do desentendimento entre os soldados de Ali. A principal discordância do em relação ao Sunismo (a ortodoxia islâmica, aquela que seguia o originais ensinamentos de Maomé), era política. Eles acreditavam que qualquer cidadão deveria ter o direito de ascender ao Califado, desde que fosso islâmico. Porém, o Califa deveria ser julgado quanto ao cumprimento das suas obrigações, podendo ser deposto se não cumprisse adequadamente.
Após a morte de Ali, que possuía muitos apoiantes, este foi transformado por muitos numa figura semi-divina. Ali, bem como os seus descendentes (filhos deste com a sua esposa Fátima, filha de Maomé) passaram a ser considerados mais importantes do que Maomé.
É bom referir que os Califas eram, até ao tempo de Ali, ao mesmo tempo Malik (Rei) e Imam (líder religioso), porém o culto que se desenvolveu a Ali, tratava-o e também ao seu filho, Hussayn, como Imam. Este culto recebeu o nome de Xiismo. Os Xiitas, uma seita que persiste até aos dias de hoje, acreditam que Califado só pode ser exercido pelos descendentes directos de Ali, pois estes são naturalmente divinizados.
Cada Imam tem o dom, concedido por Alá, de rever as escrituras, pelo que, a palavra de um Imam, é superior ao Alcorão e mesmo ao Imam anterior.
A crença na divindade do Imam fez com que Xiitas não aceitassem os Califas e, sendo assim, desenvolveram vários ataques e revoltas ao longo de todo o Califado Omíada e depois, também no Abássida.
Para os Xiitas, o Imam designa entre os seus filhos aquele que for apto para ser o futuro Imam. Isso estaria na base da dissidência no próprio seio dos Xiitas, quando o sexto Imam, Djafar, em vez de escolher para futuro Imam o filho mais velho, Ismail, como mandava a tradição, escolheu o filho mais novo, Musa. Muitos Xiitas não aceitaram Musa como Imam e passaram a venerar Ismail como seu Imam, ficando conhecidos por Ismailitas, um facção Xiita, considerada radical.
A expansão do Islão
Foi durante o governo de Uthman que a expansão dos domínios árabes tomou realmente a forma que viria a ter nos próximos anos, sobretudo durante a dinastia Omíada. Três foram os caminhos adoptados pelos Muçulmanos para expandir a sua fé e o controle temporal.
Oriente
Depois da morte de Alexandre, o seu Império foi dividido entre os seus principais colaboradores, cabendo a Seleuco, o antigo Império Persa. A Ásia Seleucida foi desmembrada em diversos reinos: Arménia, Média Atropatena, Partia, Bactriana e Seleucida.
Em 64 a.C., a Partia, sob a dinastia dos Arsácias, toma as demais regiões e forma o chamado Reino Parto. Os Partos, a Oriente, tornam-se os principais opositores à expansão romana. Em 224 d.C., um príncipe regional chamado Ardachêr, derruba a dinastia Arsácida e inaugura a dinastia Sassânida, com a qual ressuscita a antigo Império Persa.
Os Sassânidas iriam oferecer mais problemas aos romanos do que os Partos, frustrando mesmo, todas as ambições de expansão. Dois imperadores romanos sucumbem nesta luta, Juliano e Valeriano.
Depois da queda do Império Romano, os Sassânidas passam a disputar a hegemonia do Oriente com os Bizantinos. Em 628, Heráclito, imperador de Bizâncio, impõem uma tal derrota à Pérsia, que a dinastia Sassânida ficou sem possibilidades de se reerguer.
Em 651, Yazdgard, último Grande-Rei Sassânida é morto pelos árabes depois de fugir de cidade em cidade, terminando a dinastia. A expansão árabe no Oriente não se limitou aos territórios persas, estenderam os seus domínios até ao Irão, Índia e certas regiões da China.
Norte
Enquanto a expansão rumo ao leste se fundamentava na anexação dos territórios do Império Persa, para norte almejava a conquista de regiões do Império Bizantino. Estas conquistas foram as que menos lograram êxito, na fase inicial. Só mais tarde os turcos, vindos do Turquestão, invadiram a Capadócia, deram origem ao Império Otomano.
As principais motivações desta frente de combate eram comerciais. Os árabes, que estavam sob a égide de um clã comercial (os Omíadas) desejavam banir os Bizantinos do comércio do Mar Mediterrâneo. Depois de conquistar a supremacia no Mediterrâneo, os árabes iniciaram a conquista de diversas ilhas e cidades costeiras, como Rhodes e Chipre, atacando também a Sicília e o sul da Itália.
Ocidente
A expansão árabe rumo ao Ocidente foi a que começou mais cedo, já no governo de Omar, motivada pelo sentimento revanchista que boa parte dos árabes nutria em relação aos abissínios (etíopes), pois estes, além de dominarem por longo tempo o Reino de Sabá, terem tentado impor o Cristianismo aos povos árabes pré-islâmicos.
Durante o califado de Omar, as conquistas estenderam-se até Tripoli, Egipto e Abissínia. Esta frente foi suspensa no tempo de Ali, devido às diversas guerras internas durante o seu califado.
Quando a dinastia Omíada se instalou, voltou os seus olhos novamente nesta direcção da expansão. Como naquele tempo, a tomada de Constantinopla não era possível, precisavam de atingir a Europa de outra maneira.
Com as conquistas no norte de África, ocorreu um grande aumento da expansão do Império, bem como uma verdadeira revolução na máquina de guerra islâmica, ao acontecer a conversão dos Berberes, conhecidos pelas suas altas qualificações militares e estes, terem tomado a responsabilidade de invadir a Espanha visigótica.
A conquista da Espanha (entre711 e 714) marca o início do apogeu do Império Islâmico, que dominava uma região maior do que a extensão máxima do Império Romano.
Haveria muito mais para contar, sobretudo no que nos toca directamente, mas ficará para outra oportunidade.
11 Comments:
Muito bom...fazem falta textos deste género para esclarecer equívocos....
P.S. O Túlio mudou de alojamento
Augusto,
Nos nossos dias tudo continua na mesma, depois da morte de Alexandre o Império foi dividido pelos seus principais colaboradores. Hoje a isso chamasse "jobs for the boys"...
Abraço.
Ler os teus posts é fazer uma viagem na história.Sempre muito interessantes embora um bocadinho longos mas quem corre por gosto não cansa. Li e gostei. Quanto ao teu livro estou a ler sob um calor abrasador, sem poeira e sem camelos.Estou a gostar muito.
Beijinhos
Fora do contexto do post e em resposta ao teu comentário, só me resta afirmar. Porque não, Augusto venha lá esse livro contando tudo o que sabes e que nós não saibamos dos gringos americanos. Seria um contributo importante sobretudo para esclarecer aqueles que, desconhecendo a realidade americana, vêm neles um poço de virtudes. Aquele abraço do Raul
Estou a ir (talvez, estou vai-não vai)para o Algarve. O teu livro já está na minha bagagem. No cimo de uma pequena pilha. Sem internet até às tantas, vou ter longas noites para o ler.
O "Século Prodigioso" sou que que o faço há muito tempo. É o meu "ai jesus", a "menina dos meus olhos"... Já lá está quase tudo o que de bom se fez no Século XX. Só faltam os bons portugueses e brasileiros. Há muito poucos recursos na Net e o que há, as reporoduções ou estão em dimensões diminutas ou não têm qualidade. O que é pena.
Abraço e boas férias, se é que ainda estão por fazer.
Bom, como sempre!
Amigo Augusto,
A tua sinceridade, a tua honestidade, a tua franqueza, a transparencia do teu caráter sao os que me mantém tua eterna admiradora...
Também eu nao sou Budista, no sentido de ser seguidora de uma doutrina, utilizo o termo unicamente pelo fato de ser mais fácil para que as pessoas me compreendam...
Concordo em absoluto com tudo o que dissestes em teu comentário e agradeço imenso que o tenhas feito, com a verdade que te é característica...
Nao é a toa que gosto de ti... :o)
Beijos, flores e muitos sorrisos... sempre! :o)
Um abraço e tudo de bom!
Como adoro viajar na História, e porque só a conhecendo se consegue compreender o presente, adorei o que li....
Bonito.
Gostei.
No Verão de 1907 acampou em Brownsea um grupo de rapazes e viveram uma inesquecível aventura.
AH...já descobriu agora, porque existe em mim, este ESPÍRITO AVENTUREIRO...???
Beijitos
Augusto,
Venho aqui para te distinguir como um "Blog Solidário" em questões ligadas à história. Depois quando regressares de férias passa lá no ATORDOADAS para receberes o prémio.
Abraço.
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