sábado, julho 01, 2006





Os Etruscos


Segundo Heródoto, os Etruscos eram originários da Lídia, na Ásia Menor. Uma prolongada fome obrigou-os a emigrar.
É incontestado que a cultura etrusca apresenta traços orientais.
A interpretação dos presságios através do exame das entranhas dos animais sacrificados, semelhantes às efectuadas na Babilónia e do voo das aves, faz parte da arte divinatória dos Orientais que passou para os Etruscos, que, por seu turno a ensinaram aos Romanos.
A introdução do rito da inumação, em face ao rito da incineração, característica dos povos existentes quando da sua chegada. O gosto pela riqueza e pelo fausto sepulcral, são notas dominantes das civilizações orientais.
A arquitectura apresenta semelhanças notáveis com o Oriente. Contrariamente aos templos gregos e aos posteriores romanos, os templos etruscos são construídos sobre uma plataforma elevada, como era comum no Oriente; nota-se nessa construção a influência dos zigguartes dos Sumérios.
A habitação etrusca caracterizava-se por uma casa com um átrio, uma sala nobre na frente da casa e três portas no fundo desta sala davam acesso às divisões interiores. Este modelo de habitação viria a ser copiado pelos Romanos.

Vizinhos, os Etruscos receberam as influências culturais dos gregos, que depressa se torna mais forte do que as orientais, podendo mesmo dizer-se que a arte etrusca é um produto da arte grega; a escultura mostra quanto foi grande a influência das lendas e mitos gregos sobre o espírito dos Etruscos. Faziam adaptações das narrativas ao seu próprio meio, possuindo nomeadamente uma lenda de Ulisses, ainda que se afaste da versão homérica. A própria futura mitologia romana não provem directamente das divindades helénicas, mas de uma versão adaptada pelos Etruscos.
A arte copiava os modelos gregos, contudo os Etruscos imprimiam a esses modelos o seu cunho próprio. Quando entraram pela primeira vez em contacto com a arte grega, esta ainda se encontrava numa fase arcaica da sua evolução, e quando esta passou à fase clássica, a arte etrusca não acompanhou essa evolução. As figuras gregas passaram a representar tipos de ideais, enquanto as etruscas, executadas com um impiedoso realismo, mostram-nos figuras gordas e barrigudas.
Os mais belos tesouros artísticos deixados pelos Etruscos são os seus esplêndidos túmulos, com as paredes ornamentadas com frescos, rivalizando com as câmaras funerárias egípcias.
Para os Etruscos, como para os Egípcios, a morte e as cerimónias fúnebres tinham, no plano religioso grande importância. A morte inspirava aos Etruscos um terror sem limites. Nenhum povo europeu imaginou criaturas mais pavorosas do que os demónios etruscos.
Os Etruscos ornamentavam os seus túmulos com cenas escolhidas entre as mais divertidas da vida terrena, como se quisessem arranjar compensação para a morte.
No início do século V a.C., os Etruscos estavam no auge do seu poder. A Etrúria estava organizada numa liga que reunia doze cidades estado ricas e poderosas, possuindo cada uma completa autonomia. Na sua intervenção na história, as cidades etruscas unidas representavam uma forte potência unida. Em seguida a pressão dos Celtas vindos no Norte, e dos Gregos, vindos do Sul, tornou-lhes a vida mais difícil.
Tanto no mar como em terra, os Etruscos eram uma potência considerável. Era nos seus portos que se fazia o intercâmbio dos produtos entre a Grécia e o Oriente. Aproveitavam o ódio mortal que separava os Fenícios dos Gregos, navegavam até Corinto onde iam levar os produtos à Grécia provenientes do oriente, e navegavam para Cartago levando o artesanato grego.
O comércio e a navegação levaram a riqueza ao país, tornando os Etruscos dependentes de necessidades mais extravagantes de que os seus vizinhos, especialmente os habitantes daquela insípida cidade do Lácio, que mais tarde viria a dominar o mundo, Roma, onde era proverbial a moleza dos efeminados Etruscos.
Nesse tempo o poder dividia-se entre o monarca, o Senado e a Assembleia Curiata. O monarca era vitalício, exercia o poder de chefe político, militar, supremo juiz e supremo sacerdote. O Senado formado pelos trezentos patriarcas, controlava o poder do monarca e indicava três nomes para substitui-lo quando morria. A Assembleia Curiata, composta de patrícios, escolhia qual dos três seria o novo monarca, decidia sobre as guerras e votava as leis propostas pelo Senado.
Os escritores gregos e romanos cantaram a beleza das mulheres etruscas e as pinturas tumulares confirmam o que foi dito por eles. Estas damas passavam, sem dúvida, muito do seu tempo a tratar da sua aparência externa. Eram–lhes concedidas funções políticas, encontrando-se agrupadas numa confederação.
Em meados do século VII a.C., os Etruscos atravessaram o Tibre e dominaram Roma, entre 616 e 509 a.C. Foi com eles que os Romanos aprenderam a trabalhar melhor a terra, usando sistemas de drenagem, desenvolveram o artesanato, passaram a usar moeda nas suas transacções comerciais, adquiriram novas crenças e práticas religiosas, como adivinhações das vontades dos deuses através do voo das aves e das entranhas dos animais.
Neste período os patrícios viram o seu poder enfraquecido, pois os Etruscos não diferenciavam dos plebeus, permitindo inclusive que os mais ricos desta classe social, participassem no exército.
Em 509 a.C. os patrícios rebelaram-se, depondo o último rei etrusco, Tarquínio o Soberbo e organizaram uma nova forma de governo na qual tinham plenos poderes, a Repúb
lica.
Atacados pelos Gregos, aliaram-se aos Cartagineses, inimigo hereditário dos Gregos, mas a sorte não estava com eles. Em 480 a.C., ano em que os Gregos metropolitanos venceram os Persas, os gregos ocidentais infligiram uma esmagadora derrota aos Cartagineses e seis anos mais tarde foi a vez do tirano de Siracusa, Híeron, esmagar os Etruscos perto de Cumas.
Esta derrota marca uma viragem na história dos Etruscos. A partir dessa a altura, a sua decadência foi ininterrupta, e o seu território ocupado pelos Celtas, Samnitas e pelos Romanos.



11 Comments:

Blogger Leonor said...

a novidade de ser a primeira, rsss
é uma coisa incontrolavel e inexplicavel (se calhar explicavel pelo eterno peter pan que ha em nos).

todos os povos antigos me fascinam, inclisivé os etruscos, de quem alias, a historia ate fala pouco. pelo menos nos manuais.

abraço da leonoreta

9:48 da tarde  
Blogger Å®t Øf £övë said...

Augusto,
Este teu espaço é um verdadeiro tratado de história. Por isso é que eu tanto gosto de cá vir, e de ler tudo com a maior atenção. Aprendo sempre mais qualquer coisa.
Pelo que entendi, os Etruscos foram um povo bastante evoluido para a sua época, tendo contribuido bastante com os seus inovadores metodos para a evolução da humanidade.
Abraço.

11:23 da tarde  
Blogger Fátima Santos said...

Fizeste-me lembrar dos meus cadernos de história nos 3º e 4º anos do liceu, em que os "resumos" (grandes TPC!)eram acompanhados de imagens que ia buscar aos cromos ou copiava a tinta da china (até eu me esqueço hoje como é diferente o tempo antes das fotocopiadoras e da net!)
Desculpa, mas deu-me pra isto perante o teus texto!

6:31 da tarde  
Blogger A Sonhadora said...

Boa noite Augusto...passei só para deixar uma beijoca e desejar que tenhas uma rica semana, cheia de alegria...sol....e mar!!!
Um abraço da sonhadora

11:20 da tarde  
Blogger hfm said...

Não me canso de te dizer o que gosto destes teus posts!

9:58 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira said...

sorriso.



largo.



Creta.

Ephebos.


Petra


(toda a rota)


bem estruturado.
como sempre.


bom dia CULTURA: beijo-----------(Vos).

11:53 da manhã  
Blogger Unknown said...

Ora Augusto se essa fosse uma pergunta... de exame...
nesta altura estaria a coçar a cabeça e a dizer cá para mim:
_ os Etruscos- e agora ca granda porra...

mas os amigos servem para isso mesmo... e assim já não vou ser apanhado desprevenido.

abraço

2:22 da tarde  
Blogger Geosapiens said...

...como sempre óptimo...aqui se vê que a Republica que tantos gostam de aclamar (mas que é seguramente melhor que a ditadura encapotada da Monarquia) surgiu pelas elites e para as elites governarem...esse é problema da actual representatividade...os partidos são a institucionalização das elites...o crivo ou a peneira de onde estas saem...a sociedade ou o povo...perdeu o controle...que não foi recuperado...pelas democracias chamadas populares...pois mantinham uma estrutura burocrática de elite...com um partido politico único...qual a solução que propões?

2:24 da tarde  
Blogger Rosalina Simão Nunes said...

outra página, outra lição.

retenho: "A morte inspirava aos Etruscos um terror sem limites."

saudações.

2:51 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira said...

Ornamentarem os seus túmulos com cenas alegres da vida dos defuntos, poderá também revelar que os Etruscos eram uns sujeitos positivistas. Com eles iam para a cova o que de melhor tinha acontecido na sua passagem terrena.

Abraço.

10:55 da tarde  
Blogger Amigo de Alex said...

Tal como hoje, já naquela altura um povo com especial devoção pelas artes, pela liberdade, e com acentuado desenvolvimento económico e social, era considerado "efeminado". Tão longe e tão perto dos tempos de hoje...
Um abraço.

11:50 da tarde  

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