JANTAR DE HOMENAGEM A FERNANDO BIZARRO
Para se inscrever clique aqui
Será a fé inabalável?
A crença e a fé são abstracções, às quais está sempre subjacente algo que as consubstanciam proveniente do nosso imaginário.
É no pressuposto da formulação dessa substância induzida pela imaginação que se alicerça a pré disposição para a aceitação de verdades irrefutáveis, não construídas pela razão, mas por esse imaginário que reveste a substância dos paliativos necessários, indispensáveis à nossa subjectividade, pelo que a crença e a fé, não são provenientes da razão, mas da aceitação de uma suposta realidade, ditada pela nossa imaginação.
A imaginação dessa substância é condicionada pelo desejo do que se quer que ela seja, resultando o credo e a fé no que se imagina e não no que ela é realmente. A nossa imaginação cria os pressupostos, que para nós são os mais consentâneos, para a formulação dessa imaginada realidade, sem os quais não terá sentido, refutada até.
Por exemplo se associarmos o bem ao belo, só podemos admitir que pessoas belas poderão praticar o bem, ficando as feias inimagináveis de o fazer.
O condicionamento da aceitação da convicção da crença e da fé, é uma manifestação do nosso egoísmo, como pré estabelecendo uma reciprocidade entre o objecto delas, e nós próprios.
Que aconteceria se os crentes fossem confrontados com uma realidade diferente da que imaginaram, para aquilo em crêem? Continuariam a crer? Estou certo de que muitos dificilmente o fariam, pois o que dava substância a sua crença já não existia, não proporcionando por isso a reciprocidade.
A crença e a fé em Jesus, como paladino da bondade, foi consubstanciada na imagem humana de que dele fizeram passar, predicando-a com o nosso conceito do belo, como só o belo tivesse a capacidade para a praticar, discriminando a ausência da beleza como esta tivesse conectada com a maldade.
Porquê Ele teria de ser um homem bonito, pele branca, olhos azuis insinuando bondade, cabelo longo e louro, faces finas e tranquilas, barba aparada, lábios bem torneados, nariz de fino recorte, sobrancelhas aparadas, tendo no seu conjunto um leve toque de beleza feminina?
A mentira de que esta imagem está impregnada, esta conexão do belo com a bondade e a fealdade com o mal, é a prova de quanto é precária a crença e a fé dos homens.
Um Hebreu no tempo em que Jesus viveu, nunca poderia ter feições europeias, sobretudo de traços nórdicos, mas sim completamente diferente, e mesmo belo, essa beleza seria de difícil percepção pelos ocidentais.
Estudos recentes, na tentativa de saber qual o aspecto físico de Jesus, têm chegado a resultados completamente opostos ás concepções impostas até hoje, mostrando-nos a possibilidade de um homem, com as características físicas dos homens da sua época.
Feio, buçal, pele escura, olhos escuros, cabelo negro e curto, barba escura cobrindo-lhe toda a cara, baixo e entroncado.
Foi um choque para o mundo religioso a apresentação do retrato robot dos cientistas, como sendo um sacrilégio apresentar um espécime humano, tão incompatível com os padrões de beleza para Jesus estabelecidos pela Igreja.
A verdade ou a mentira desta hipótese, ainda está por receber o veredicto da ciência, contudo no campo das hipóteses é tão válida como a que estabeleceram.
A temporização da espiritualidade que a Igreja faz, ao impor padrões de beleza e estética à crença e à fé, tem como objectivo a divinização, substituir o Homem entre os homens por um ser mais endeusado do que humanizado, onde a incompreensão é substituída pelo mistério e o dogma torna a sua aceitação inquestionável, e este aceite numa questão de fé.
Termino o meu texto com a pergunta. Se a hipótese dos cientistas prevalecer sobre a da Igreja, a vossa fé continua inabalável?
Para se inscrever clique aqui
Será a fé inabalável?
A crença e a fé são abstracções, às quais está sempre subjacente algo que as consubstanciam proveniente do nosso imaginário.
É no pressuposto da formulação dessa substância induzida pela imaginação que se alicerça a pré disposição para a aceitação de verdades irrefutáveis, não construídas pela razão, mas por esse imaginário que reveste a substância dos paliativos necessários, indispensáveis à nossa subjectividade, pelo que a crença e a fé, não são provenientes da razão, mas da aceitação de uma suposta realidade, ditada pela nossa imaginação.
A imaginação dessa substância é condicionada pelo desejo do que se quer que ela seja, resultando o credo e a fé no que se imagina e não no que ela é realmente. A nossa imaginação cria os pressupostos, que para nós são os mais consentâneos, para a formulação dessa imaginada realidade, sem os quais não terá sentido, refutada até.
Por exemplo se associarmos o bem ao belo, só podemos admitir que pessoas belas poderão praticar o bem, ficando as feias inimagináveis de o fazer.
O condicionamento da aceitação da convicção da crença e da fé, é uma manifestação do nosso egoísmo, como pré estabelecendo uma reciprocidade entre o objecto delas, e nós próprios.
Que aconteceria se os crentes fossem confrontados com uma realidade diferente da que imaginaram, para aquilo em crêem? Continuariam a crer? Estou certo de que muitos dificilmente o fariam, pois o que dava substância a sua crença já não existia, não proporcionando por isso a reciprocidade.
A crença e a fé em Jesus, como paladino da bondade, foi consubstanciada na imagem humana de que dele fizeram passar, predicando-a com o nosso conceito do belo, como só o belo tivesse a capacidade para a praticar, discriminando a ausência da beleza como esta tivesse conectada com a maldade.
Porquê Ele teria de ser um homem bonito, pele branca, olhos azuis insinuando bondade, cabelo longo e louro, faces finas e tranquilas, barba aparada, lábios bem torneados, nariz de fino recorte, sobrancelhas aparadas, tendo no seu conjunto um leve toque de beleza feminina?
A mentira de que esta imagem está impregnada, esta conexão do belo com a bondade e a fealdade com o mal, é a prova de quanto é precária a crença e a fé dos homens.
Um Hebreu no tempo em que Jesus viveu, nunca poderia ter feições europeias, sobretudo de traços nórdicos, mas sim completamente diferente, e mesmo belo, essa beleza seria de difícil percepção pelos ocidentais.
Estudos recentes, na tentativa de saber qual o aspecto físico de Jesus, têm chegado a resultados completamente opostos ás concepções impostas até hoje, mostrando-nos a possibilidade de um homem, com as características físicas dos homens da sua época.
Feio, buçal, pele escura, olhos escuros, cabelo negro e curto, barba escura cobrindo-lhe toda a cara, baixo e entroncado.
Foi um choque para o mundo religioso a apresentação do retrato robot dos cientistas, como sendo um sacrilégio apresentar um espécime humano, tão incompatível com os padrões de beleza para Jesus estabelecidos pela Igreja.
A verdade ou a mentira desta hipótese, ainda está por receber o veredicto da ciência, contudo no campo das hipóteses é tão válida como a que estabeleceram.
A temporização da espiritualidade que a Igreja faz, ao impor padrões de beleza e estética à crença e à fé, tem como objectivo a divinização, substituir o Homem entre os homens por um ser mais endeusado do que humanizado, onde a incompreensão é substituída pelo mistério e o dogma torna a sua aceitação inquestionável, e este aceite numa questão de fé.
Termino o meu texto com a pergunta. Se a hipótese dos cientistas prevalecer sobre a da Igreja, a vossa fé continua inabalável?
11 Comments:
Os mistérios da fé e do amor estão muito para além do racional ... e por isso não são abalados da mesma forma que o conhecimento cientifico.
A minha impressão da imagem proposta é que carece de traços típicos de uma pessoa dinâmica e carismática os quais Jesus deve ter tido. Praticamente todas as pessoas "altamente" carismáticas que conheci tinham um facis belo na minha opinião devido ao facto de que irradiavam saude e energia (motivação). É algo que vem de dentro ... e mesmo que tivessemos acesso ao cranio podiamos errar nesse aspecto importante. Por isso acho irrelevante estar-se a discutir como seria ... embora com o mérito de destruir o que julgo ser uma mentira construída não vamos construir outra. Quanto aos olhos azuis não vejo problema ... pois tenho amigos de origem indiana com olhos azuis ... e já vi vários àrabes com olhos azuis.
a minha sim. foi estruturada à margem dos cânones da igreja.
esqueci-me...boa noite.
a Fé (no que quer que seja) pode existir à margem de qualquer tipo de representação gráfica.
no caso específico da igreja católica romana, as imagens de cristo têm vindo a ter uma evolução paralela à evolução do Belo na sociedade humana, sem que tenha havido grandes alterações de Fé.
Caro Augusto,
Em primeiro lugar quero pedir-te imensa desculpa por já não te visitar há imenso tempo. Não é por falta de interesse, mas porque a minha vida se alterou muito desde que comecei nestas andanças de bloguice. O dia continua a ter 24 horas e o cansaço, esse, aumenta cada vez mais com tudo o que tenho para fazer. É sempre assim, a vida mete-se sempre entre nós e os amigos, sejam eles "virtuais" ou não. Acabo, depois, por me desfazer em desculpas antes de pôr a conversa em dia. Vi pelo teu perfil que tens estado ocupado com mais blogues. Estás imparável! A questão que levantas neste post, sobre a fé, é interessante, como é hábito em ti - promover o debate com questões interessantes.
Devo dizer-te que, pelo que tenho observado a fé pode ser algo realmente inabalável e que, em última instância, pode ser o recurso último de quem já não ao que se agarrar para continuar neste mundo. Quantas histórias não ouvimos já de pessoas que ultrapassam a perda de um ente querido através da fé? Eu sei que ouvi algumas, e todas me tocam profundamente. Não me parece que os cientistas, com todo o seu rigor e pragmatismo, consigam abalar a fé dos homens que a possuem. E se por acaso alguém deixar que dados científicos lhe abale a fé, é porque precisava apenas de um pretexto racional para explicar essa perda de fé. Há quem a perca por razões tão inexplicáveis como inexplicável pode ser a fé inabalável. Penso que a fé vem de dentro e não de fora.
Beijos e obrigada pela visita!
Caro Augusto,
Peço também imensa desculpa pelas várias gralhas que deixei passar no meu comentário. :(( Horas ao computador dão nisto!
Augusto,
Jesus Cristo foi provavelmente a maior figura da humanidade. Esta afirmação é feita em perspectiva global, independentemente da se ter fé ou não. Para quem a tem, que acredita tratar-se do Filho de Deus, Ele próprio Deus, basta retirar o "provavelmente". Foi o Homem que mais modificou o nosso mundo. Lançou os fundamentos da Ética moderna, respeitada mesmo pelos agnósticos e ateus. O próprio marxismo, com preocupações de justiça social, é inspirado na Ética Cristã. Jesus lançou o que se chamaria hoje a "Lei de Bases da Ética".
Propôs a modéstia, a simplicidade, a dedicação ao trabalho, a justiça social, a clemência, o amor ao próximo, a ausência de retaliação, de orgulho e de rancor, a solidariedade, a honestidade material e mental e tudo quanto todos sabem.
Sobretudo, a primazia dos bens espirituais sobre os materiais.
Abraço.
A tua abordagem é sempre com aquela profundidade a que já nos habituaste, não nos deixando espaço de manobra para refutar o teu raciocínio que assenta mais na realidade do que na ficção que é a fé, embora tenhas neste particular cingido à fé cristã, mas como sabes existem, muitas outras, em que Cristo não tem lugar. Eu sem pretender ferir susceptibilidades fico-me por não comentar a fé de cada um que muito sinceramente respeito, sem contudo insistir que tal não passa e como tu bem referis-te do imaginário de cada um. Não é por acaso que também não aprecio minimamente os filmes de ficção. Gosto muito da realidade da vida. Aquele abraço do Raul
Caro Augusto,
Devido ao facto de a abstracção não estar ao alcance do homem, ou devido ao facto de a mente humana não suficientemente elevada para absorver a abstracção, é que se criaram os dogmas. Mas aí, já temos uma fé condicionada a algo criado pelos homens e não por algo que vem de dentro. No entanto, continuo a achar que a fé, ainda assim, é algo muito pessoal, muito íntimo. Boa semana!
Li o texto todo, mas permito-me destacar logo o primeiro parágrafo, porque está de acordo com aquilo que penso:
"A crença e a fé são abstracções, às quais está sempre subjacente algo que as consubstanciam proveniente do nosso imaginário."
Para mim Augusto é um problema que não se põe... acreditar sem nada ver e sem a influência dos homens, essa é a verdeira fé...
Enviar um comentário
<< Home