Esquerda, Direita…volver
A utilização dos termos esquerda, centro e direita, sem se saber muito bem a sua origem e o que representam na realidade, leva por vezes, a situações e opções de puro equívoco.
O entendimento destes termos é fundamental para que melhor se possam efectuar as opções, na esperança de não se errar na escolha dos nossos representantes.
A terminologia provem das posições, no espaço físico, que as diversas classes sociais ocupavam nos “Estados Gerais” durante a Revolução Francesa.
Em 1789, quando teve início os trabalhos para a elaboração da primeira Constituição francesa, os deputados (representantes políticos), posicionaram-se geograficamente nos assentos do plenário da seguinte forma. À direita do plenário instalaram-se os representantes da alta burguesia chamados de Girondinos, nome devido ao facto de os seus principais líderes (Brissot e Condorcet) provirem do departamento de La Gironde. Apoiados pela burguesia mercantil, constituíam o grupo conservador, que procurava defender os seus privilégios e evitar que as classes populares pudessem chegar ao poder ou tivessem as suas reivindicações atendidas. Não pretendiam grandes mudanças mas sim reformas que os beneficiassem. À esquerda posicionavam-se os representantes da baixa burguesia, os trabalhadores em geral e os representantes das camadas mais oprimidas. Este grupo reunia-se num partido denominado de Jacobinos, assim chamados por terem o seu lugar de reunião no Convento Dominicano de Saint-Jacques de Paris. Republicanos radicais, eram dirigidos por Robespirre. No centro do congresso sentavam-se os membros de um grupo, de composição variada, representando uma parte da alta burguesia, parte da pequena e média burguesia e alguns membros da aristocracia. Não eram radicais e procuravam uma conciliação. Ora apoiavam a esquerda, ora apoiavam a direita. Não se comprometiam. Pode-se dizer que viviam de acordo com a sua conveniência do momento.
Como podemos ver, estes termos, esquerda-centro-direita, tinham, a princípio, uma conotação espacial. Posteriormente foram adquirindo um perfil ideológico como na actualidade. O caminho que levou esses grupos a se tornarem ideologicamente distintos foi percorrido durante o século XIX em consequência da reacção das classes oprimidas, o proletariado, emergente da Revolução Industrial, contra a burguesia opressora. Durante o século XIX vários movimentos proletários hasteiam uma bandeira política, provocando em contrapartida uma contra-reacção da burguesia que assume, com mais ênfase, uma posição de radicalismo defensivo de forma a combater aqueles movimentos e manter as velhas prerrogativas ameaçadas.
Em face da definição de esquerda, de direita e de centro, é com apreensão que verificamos o equívoco de muitos eleitores ao se posicionarem, na escolha dos seus representantes.
Eleitores de condição social de direita aderirem à esquerda, é coisa tão rara que na prática constitui um facto inverosímil. Já o contrário não partilha, infelizmente, dessa raridade. É confrangedor ver tantos eleitores, inseridos na condição da esquerda, elegerem o campo oposto como o preferido. O facto deve-se fundamentalmente a três factores: o desconhecimento da sua própria condição no contexto social, a conexão de esquerda com formações políticas radicais, como se estas fossem só por si a própria esquerda e o assédio habilidoso da direita.
Só a direita, o que é um paradoxo compreensível, tenta conquistar votos no campo contrário (esquerda), por ser este a maior parte do eleitorado. Qual lobo do Capuchinho Vermelho, disfarça-se de paladino dos pobres, dos velhos (que actualmente são muitos), dos que se julgam injustiçados e de todos que vêem as ambições quotidianas frustradas. Para tanto, veste-se a rigor, maquilha-se de Zé-povinho e até usa boné, vejam lá. Entre beijos e abraços, vai perguntando do que é que as pessoas precisam para serem felizes. Ingénuo, o povo abre o coração e vai fazendo o rol sem fim de pedidos aos quais ela responde sempre. Se for eleita, dará muito mais do que é pedido, pois povo merece e, ela só quer ser eleita para fazer o bem ao povo.
É fácil de compreender que quem tem tão pouco se deixe iludir com alguma facilidade, caindo no logro, para o qual tem quatro anos para se lamentar.
Procurando impingir uma falsa esperança de melhoria de vida, que normalmente traduz exactamente o contrário dos seus objectivos políticos, a direita mente com quantos dentes tem na boca e por vezes precisa de pedir alguns emprestados. Hoje, para ganhar o voto promete tudo, amanhã, ganho voto, para não dar nada diz que se está de tanga. Esta é e será sempre a maneira da direita fazer política. As minorias só vencem pela astúcia utilizando em seu favor as tropas contrárias mal posicionadas e a má memória do povo. O centro fica em casa a ver para que lado corre a maré.
O que faz falta é avisar a malta. Passados tantos anos e a malta ainda não está avisada?
A utilização dos termos esquerda, centro e direita, sem se saber muito bem a sua origem e o que representam na realidade, leva por vezes, a situações e opções de puro equívoco.
O entendimento destes termos é fundamental para que melhor se possam efectuar as opções, na esperança de não se errar na escolha dos nossos representantes.
A terminologia provem das posições, no espaço físico, que as diversas classes sociais ocupavam nos “Estados Gerais” durante a Revolução Francesa.
Em 1789, quando teve início os trabalhos para a elaboração da primeira Constituição francesa, os deputados (representantes políticos), posicionaram-se geograficamente nos assentos do plenário da seguinte forma. À direita do plenário instalaram-se os representantes da alta burguesia chamados de Girondinos, nome devido ao facto de os seus principais líderes (Brissot e Condorcet) provirem do departamento de La Gironde. Apoiados pela burguesia mercantil, constituíam o grupo conservador, que procurava defender os seus privilégios e evitar que as classes populares pudessem chegar ao poder ou tivessem as suas reivindicações atendidas. Não pretendiam grandes mudanças mas sim reformas que os beneficiassem. À esquerda posicionavam-se os representantes da baixa burguesia, os trabalhadores em geral e os representantes das camadas mais oprimidas. Este grupo reunia-se num partido denominado de Jacobinos, assim chamados por terem o seu lugar de reunião no Convento Dominicano de Saint-Jacques de Paris. Republicanos radicais, eram dirigidos por Robespirre. No centro do congresso sentavam-se os membros de um grupo, de composição variada, representando uma parte da alta burguesia, parte da pequena e média burguesia e alguns membros da aristocracia. Não eram radicais e procuravam uma conciliação. Ora apoiavam a esquerda, ora apoiavam a direita. Não se comprometiam. Pode-se dizer que viviam de acordo com a sua conveniência do momento.
Como podemos ver, estes termos, esquerda-centro-direita, tinham, a princípio, uma conotação espacial. Posteriormente foram adquirindo um perfil ideológico como na actualidade. O caminho que levou esses grupos a se tornarem ideologicamente distintos foi percorrido durante o século XIX em consequência da reacção das classes oprimidas, o proletariado, emergente da Revolução Industrial, contra a burguesia opressora. Durante o século XIX vários movimentos proletários hasteiam uma bandeira política, provocando em contrapartida uma contra-reacção da burguesia que assume, com mais ênfase, uma posição de radicalismo defensivo de forma a combater aqueles movimentos e manter as velhas prerrogativas ameaçadas.
Em face da definição de esquerda, de direita e de centro, é com apreensão que verificamos o equívoco de muitos eleitores ao se posicionarem, na escolha dos seus representantes.
Eleitores de condição social de direita aderirem à esquerda, é coisa tão rara que na prática constitui um facto inverosímil. Já o contrário não partilha, infelizmente, dessa raridade. É confrangedor ver tantos eleitores, inseridos na condição da esquerda, elegerem o campo oposto como o preferido. O facto deve-se fundamentalmente a três factores: o desconhecimento da sua própria condição no contexto social, a conexão de esquerda com formações políticas radicais, como se estas fossem só por si a própria esquerda e o assédio habilidoso da direita.
Só a direita, o que é um paradoxo compreensível, tenta conquistar votos no campo contrário (esquerda), por ser este a maior parte do eleitorado. Qual lobo do Capuchinho Vermelho, disfarça-se de paladino dos pobres, dos velhos (que actualmente são muitos), dos que se julgam injustiçados e de todos que vêem as ambições quotidianas frustradas. Para tanto, veste-se a rigor, maquilha-se de Zé-povinho e até usa boné, vejam lá. Entre beijos e abraços, vai perguntando do que é que as pessoas precisam para serem felizes. Ingénuo, o povo abre o coração e vai fazendo o rol sem fim de pedidos aos quais ela responde sempre. Se for eleita, dará muito mais do que é pedido, pois povo merece e, ela só quer ser eleita para fazer o bem ao povo.
É fácil de compreender que quem tem tão pouco se deixe iludir com alguma facilidade, caindo no logro, para o qual tem quatro anos para se lamentar.
Procurando impingir uma falsa esperança de melhoria de vida, que normalmente traduz exactamente o contrário dos seus objectivos políticos, a direita mente com quantos dentes tem na boca e por vezes precisa de pedir alguns emprestados. Hoje, para ganhar o voto promete tudo, amanhã, ganho voto, para não dar nada diz que se está de tanga. Esta é e será sempre a maneira da direita fazer política. As minorias só vencem pela astúcia utilizando em seu favor as tropas contrárias mal posicionadas e a má memória do povo. O centro fica em casa a ver para que lado corre a maré.
O que faz falta é avisar a malta. Passados tantos anos e a malta ainda não está avisada?
12 Comments:
É agradável recordar essa génese das conotações políticas.
Acho que também há uma alta burguesia que sente empatia pela esquerda, talvez por «idealismo romântico».
Essa dos pobres votarem na direita é que é realmente desmoralizadora! O caminho é longo. Quantas vezes «os culpados» são alguma esquerda pouco coerente.
Abraço
a "malta" sofre de anorexia da memória...:)
.
beijo.
com ela. a memória.
O que parece é que "a malta" se está nas tintas. No mundo do marketing e da ilusão do fácil as batalhas ideológicas do passado só mesmo para compêndios de história. Um bom artigo, obrigada pela erudição.
A malta, mesmo avisada, não tem qualquer acção relevante. A malta já não sabe fazer: "ombro...arma!"; "em frente, marche!.
Abraço
Paulo
Olá Augusto, há tempo que não passava por cá...é sempre bom.
Obrigada pela visita ao meu lugar...
Um beijinho
o teu post é interessantissmo. de vez em quando vou sabendo o significado de coisas que pensamos como muito banais.
quanto a ficção factual dos ingleses que referes no meu blog é verdade.é uma grande exercicio de imaginaçao. tinhamos como exercicio numa cadeira de literatura inglesa na universidade e era muito giro para além do trabalhao de escrever em ingles, rsss
beijinhos
Interessantíssimo o teu post. Ao centro estavam aqueles que ora se serviam da direita, ora da esquerda conforme lhes convinha. Era assim e assim é. Quanto à malta, Augusto, por pouco ou nada ter continua com a esperança de um dia melhorar. E vai acreditando. Não foi sempre assim? Não foi o povo que combateu nas revoluções e nas guerras? Quem as aproveitou?
Beijinhosssss
A malta tem dificuldade em perceber. Metade da malta vê telenovelas e estranha quando a electricidade sobe. A outra metade lê o Expresso, o Público e vê os telejornais. A nenhum destes grupos chega qualquer informação válida. Só o aumento de internautas pode obviar o problema. Que se multipliquem exponencialmente.
Augusto, porque não mudar o fundo do blog para branco? É difícil ler assim.
Augusto,
Eu penso é que a malta já se convenceu que quer seja do centro, direita, ou esquerda, quem nos governa, governa-nos sempre mal, e todos de forma igual. A malta já percebeu que não há destinções de ideologias politicas, simplesmente porque elas estão completamente esbatidas.
Abraço.
Esquerda e direita
é a forma de marcar passo
neste País da treta
onde o político quer tacho
Os modelos importados
não merecem a aceitação
por nós os governados
sem a mínima consideração
As políticas adoptadas
à direita ou à esquerda
andam pois desalinhadas
da realidade não acerta
A solução passaria
por um novo quadro político
sem direita nem esquerda
mas cumprindo um dever cívico
Um abraço
Raul
e os vira-casacas que se vão ajeitando conforme o temporal...
abç
Muito interessante, desconhecia esta explicação.
Obrigado.
Abraços
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