A Evolução do pensamento filosófico
Não sendo os Gregos os primeiros a pensarem no mundo e nos seus fenómenos, foram, contudo, os primeiros a separarem-se das crenças religiosas tradicionais para pensarem de maneira racional sobre o mundo, os seus fenómenos, as suas causas e efeitos. Com os Gregos apareceu pela primeira vez na história da Humanidade a necessidade de explicar o mundo e os seus fenómenos através do pensamento puro.
É com os pensadores Jónios da escola de Mitelo, Tales, Anaximandro e Anaxímenes que nascem as bases de um embrião de ciência. A este período do pensamento grego chama-se Período Naturista, porque a nascente especulação dos filósofos é voltada para o mundo exterior, em que julgam também achar o princípio de todas as coisas.
O primeiro filósofo da escola de Mitelo, foi Tales (Mitelo 624 a.C. a 547 a.C.) Nada se sabe com segurança acerca da sua vida, pois, como Sócrates, nunca escreveu nada. Teria aprendido os seus conhecimentos de astronomia e de matemática quando esteve no Egipto.
Ao empenhar-se em buscar explicações racionais para fenómenos da Natureza sem recorrer a explicações míticas, é considerado o pai da filosofia grega e o primeiro filósofo a surgir no Ocidente.
No que diz respeito ao problema do elemento original, Tales chega a esta conclusão: “A água é a fonte de tudo”. Segundo Aristóteles, Tales baseava esta hipótese no facto de as plantas e animais precisarem de humidade; o calor da vida nasce, portanto da humidade.
A água era o princípio formador da matéria porque o que é quente precisa da humidade para viver, o morto se resseca, todos os alimentos estão cheios de seiva. É natural que as coisas se nutram daquilo de que provêm. A água é o princípio da natureza húmida, que contem todas as coisas, e a terra repousa sobre a água.
Em filosofia pura, Tales chegou à seguinte conclusão: todo o visível, ao ser analisado mais profundamente, toma um aspecto diferente do que apresenta aos olhos do profano.
Anaximandro (Mitelo 610 a.C. a 546 a.C.) foi discípulo e sucessor de Tales. Escreveu o primeiro texto filosófico conhecido, intitulado Sobre a Natureza e vai mais longe que o seu mestre na procura do elemento original.
Para Anaximandro considerar a água como origem de tudo não o satisfazia, pois, para fazer passar a água do estado sólido ao líquido, é necessário calor, tal como sucede para fazer passar do estado líquido ao gasoso.
Havia, por consequência, dois princípios primordiais de base: sólido ou frio e o calor. Anaximandro faz nascer esses dois princípios da “separação” de uma matéria original que se encontra nos diferentes aspectos da matéria. Chama a essa matéria infinito (ápeiron), ou “o sem forma e sem limite”.
Dela nascem todas as coisas, por divisão, e para lá voltam, para nela desaparecerem. Todas as coisas devem desaparecer, sendo esse o seu castigo por se terem separado do todo.
Anaximandro vê na transformação e desaparecimento das coisas e no ciclo contínuo do nascimento e da morte a obra de uma poderosa lei da Natureza. Esta aparece-lhe, ao mesmo tempo, como uma ordem que se estende a todas as coisas e que castiga o indivíduo pelo seu “hybris” (orgulho ímpio, a soberba pessoal em relação aos deuses), expresso no próprio facto da sua individualidade. O egoísmo.
Segundo Anaximandro, só merecia ser chamada “divina” uma existência não diferenciada nesse elemento primeiro, infinito, onde residia toda a força.. Ao estabelecer que o princípio de todas as coisas seria o “indeterminado”, Anaximandro deslocou o problema do plano físico material para o plano espiritual.
Anaxímenes (Mileto 585 a.C. a 525 a.C.) Discípulo de Anaximandro, apresentava o ar como origem de tudo o que existe e, com a sua teoria sobre a condensação e rarefacção, contribuiu para o avanço do pensamento científico.
Para ele, o ar era o elemento primordial, de que todas as coisas resultavam e a que retornavam, por um duplo movimento de condensação e rarefacção. Os graus de condensação correspondiam às densidades de diversos tipos de matéria.
Quando distribuído uniformemente, o ar era ar atmosférico invisível. Pela condensação, torna-se visível e forma nuvens donde cai a chuva. Anaxímenes conclui portanto, que quando o ar se condensa ainda mais, se formam matérias sólidas, como a terra e as pedras.
Chegou portanto, pela via do pensamento, à conclusão de que toda a matéria se pode tornar mais ou menos densa e apresentar sob a forma sólida, depois sob a forma líquida e, em seguida, sob a forma gasosa, ou seja alterar o modo de condensação e rarefacção.
Mas quando Anaxímenes emprega a palavra que se traduz por “ar”, pensa em qualquer coisa de mais abstracto. Ela queira significar uma “alma do mundo” que tudo penetra e dá vida. Aliás, diz: “A nossa alma também é ar”.
Com a evolução do pensamento destes três filósofos, consagrando como elemento primordial, primeiro a água depois o calor e por fim o ar, verificamos que o pensamento, inicialmente materialista, passa a espiritual, abrindo assim as portas para os grandes pensadores que se lhes seguiram.
Não sendo os Gregos os primeiros a pensarem no mundo e nos seus fenómenos, foram, contudo, os primeiros a separarem-se das crenças religiosas tradicionais para pensarem de maneira racional sobre o mundo, os seus fenómenos, as suas causas e efeitos. Com os Gregos apareceu pela primeira vez na história da Humanidade a necessidade de explicar o mundo e os seus fenómenos através do pensamento puro.
É com os pensadores Jónios da escola de Mitelo, Tales, Anaximandro e Anaxímenes que nascem as bases de um embrião de ciência. A este período do pensamento grego chama-se Período Naturista, porque a nascente especulação dos filósofos é voltada para o mundo exterior, em que julgam também achar o princípio de todas as coisas.
O primeiro filósofo da escola de Mitelo, foi Tales (Mitelo 624 a.C. a 547 a.C.) Nada se sabe com segurança acerca da sua vida, pois, como Sócrates, nunca escreveu nada. Teria aprendido os seus conhecimentos de astronomia e de matemática quando esteve no Egipto.
Ao empenhar-se em buscar explicações racionais para fenómenos da Natureza sem recorrer a explicações míticas, é considerado o pai da filosofia grega e o primeiro filósofo a surgir no Ocidente.
No que diz respeito ao problema do elemento original, Tales chega a esta conclusão: “A água é a fonte de tudo”. Segundo Aristóteles, Tales baseava esta hipótese no facto de as plantas e animais precisarem de humidade; o calor da vida nasce, portanto da humidade.
A água era o princípio formador da matéria porque o que é quente precisa da humidade para viver, o morto se resseca, todos os alimentos estão cheios de seiva. É natural que as coisas se nutram daquilo de que provêm. A água é o princípio da natureza húmida, que contem todas as coisas, e a terra repousa sobre a água.
Em filosofia pura, Tales chegou à seguinte conclusão: todo o visível, ao ser analisado mais profundamente, toma um aspecto diferente do que apresenta aos olhos do profano.
Anaximandro (Mitelo 610 a.C. a 546 a.C.) foi discípulo e sucessor de Tales. Escreveu o primeiro texto filosófico conhecido, intitulado Sobre a Natureza e vai mais longe que o seu mestre na procura do elemento original.
Para Anaximandro considerar a água como origem de tudo não o satisfazia, pois, para fazer passar a água do estado sólido ao líquido, é necessário calor, tal como sucede para fazer passar do estado líquido ao gasoso.
Havia, por consequência, dois princípios primordiais de base: sólido ou frio e o calor. Anaximandro faz nascer esses dois princípios da “separação” de uma matéria original que se encontra nos diferentes aspectos da matéria. Chama a essa matéria infinito (ápeiron), ou “o sem forma e sem limite”.
Dela nascem todas as coisas, por divisão, e para lá voltam, para nela desaparecerem. Todas as coisas devem desaparecer, sendo esse o seu castigo por se terem separado do todo.
Anaximandro vê na transformação e desaparecimento das coisas e no ciclo contínuo do nascimento e da morte a obra de uma poderosa lei da Natureza. Esta aparece-lhe, ao mesmo tempo, como uma ordem que se estende a todas as coisas e que castiga o indivíduo pelo seu “hybris” (orgulho ímpio, a soberba pessoal em relação aos deuses), expresso no próprio facto da sua individualidade. O egoísmo.
Segundo Anaximandro, só merecia ser chamada “divina” uma existência não diferenciada nesse elemento primeiro, infinito, onde residia toda a força.. Ao estabelecer que o princípio de todas as coisas seria o “indeterminado”, Anaximandro deslocou o problema do plano físico material para o plano espiritual.
Anaxímenes (Mileto 585 a.C. a 525 a.C.) Discípulo de Anaximandro, apresentava o ar como origem de tudo o que existe e, com a sua teoria sobre a condensação e rarefacção, contribuiu para o avanço do pensamento científico.
Para ele, o ar era o elemento primordial, de que todas as coisas resultavam e a que retornavam, por um duplo movimento de condensação e rarefacção. Os graus de condensação correspondiam às densidades de diversos tipos de matéria.
Quando distribuído uniformemente, o ar era ar atmosférico invisível. Pela condensação, torna-se visível e forma nuvens donde cai a chuva. Anaxímenes conclui portanto, que quando o ar se condensa ainda mais, se formam matérias sólidas, como a terra e as pedras.
Chegou portanto, pela via do pensamento, à conclusão de que toda a matéria se pode tornar mais ou menos densa e apresentar sob a forma sólida, depois sob a forma líquida e, em seguida, sob a forma gasosa, ou seja alterar o modo de condensação e rarefacção.
Mas quando Anaxímenes emprega a palavra que se traduz por “ar”, pensa em qualquer coisa de mais abstracto. Ela queira significar uma “alma do mundo” que tudo penetra e dá vida. Aliás, diz: “A nossa alma também é ar”.
Com a evolução do pensamento destes três filósofos, consagrando como elemento primordial, primeiro a água depois o calor e por fim o ar, verificamos que o pensamento, inicialmente materialista, passa a espiritual, abrindo assim as portas para os grandes pensadores que se lhes seguiram.
14 Comments:
Estou sempre a aprender cada vez que te visito, Augusto. Beijinhos, bom fim de semana.
A Talles atribui-se, também, um famoso teorema: "um feixe de rectas paralelas interceptado por duas, ou mais, secantes determinam entre si segmentos de recta proporcionais". Tinha de defender a minha área, né?
A filosofia e a matemática ainda continuam ligadas...
Beijinhos, Augusto.
PS - não vou poder ir a este almoço. Tenho nesse mesmo dia o jantar dos 25 anos da minha escola.
Augusto,
Gostei de ler.
Por aqui é possível aprender sempre algo de interessante.
Abraço.
Gosto destas leituras. Um abraço
Princesa, o jantar é de um grupo de blogs, exclusivamente de pessoas que têm blogs. A Associação de 25 de Aril é o local escolhido por uma questão delogistica, que não tem nada a haver com política, para realizar o jantar.
Em todos os nossos encontros a política e a religião ficam à porta.
está bem...vou tentar suavizar...abrindo as portas ao espírito....do vento?
b.e.i.j.o.
Curioso ter encontrado este blog num momento preciso em que me aproximei da Filosofia para encontrar explicações para alguns problemas actuais. E tenho encontrado filósofos recentes com os quais tenho sentido imensa sintonia e me têm ajudado nesta difícil peregrinação.
Heide-de aqui voltar.
Olá Augusto! Filosofia? Passo.
Pois é... a verdade é que nunca gostei de Filosofia.
ola augusto. gosto de pensar na semelhança das doutrinas d socrates e de jesus dominadas pelo humanismo.
e depois... ambos nao escreveram nada. escreveram por eles. e ambos foram mortos por falarem de mais.
quanto ao eu deixar uma vez por semana os meus alunos conduzirem a aula... eu faço isso. sabes o que acontece? vejo neles os meus tiques. eles imitam-me.
serve tambem para me emendar quando vejo que insistem muito num ponto negativo.
abraço da leonoreta
venho só deixaR UM BEIJO. HELENICO.
Olá Augusto
Um bom ano para ti e para todos aqueles que amas.
Um abraço por esta permanência luminosa.
Luís
Caro amigo:
Um tema que me é caro! Felicito-o pela escolha. Porém, uma coisa me fez comichão: Tales, que noutras línguas se poderá escrever Thales ou Talles como alguém pôs nos comentários, e que foi o pai da Filosofia ocidental, era de Mileto. Mas encontro por duas vezes, Mitelo. Foi propositado? Ou também se pode dizer Mitelo em vez de Mileto?
Abraços
parabens, seu blogger tem assuntos que me ajudou muito na escola!abraço!
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