quinta-feira, fevereiro 10, 2005

IMOHTEP, o médico do Egipto



Entre toda a população do antigo Egipto, não pertencente à realeza, um homem se notabilizou para sempre, devido ao seu saber e ao seu comportamento. Imhotep “esse que vem em paz”, um dos personagens antigos mais conhecidos do mundo de hoje. Provavelmente, temos um conhecimento dele muito maior do que do seu soberano Djoser (2630 a 2611 a.C.), o segundo rei da terceira dinastia.
Existiu como uma personagem mitológica nas mentes dos estudiosos, até ao fim do século XIX, em que pelas descobertas efectuadas, ficou estabelecido ter existido como uma personagem historicamente real.
Foi o primeiro arquitecto nomeado do mundo, e reconhecido também como médico, sacerdote, escriba, sábio, poeta, astrólogo e vizir.
Pode ter vivido não só no reinado de Djoser como dos quatro reis seguintes. Nas inscrições em estátuas de reis podem-se ver os títulos de Imhotep como “vizir do rei”, de “o primeiro a seguir ao rei”, do “administrador da casa grande”, “do nobre hereditário”, “do principal sacerdote de Heliopolis”, “do escultor principal”, e “do carpinteiro principal”.
Dos detalhes da sua vida pouco se sabe, pouco sobreviveu, para além das numerosas estátuas e estatuetas. Algumas mostram-no como um homem vulgar, vestido com uma roupa simples. Outras mostram-no como um sábio sentado numa cadeira com um rolo de papiro sobre os joelhos.
Alguns cientistas supõem que Imhotep terá nascido em Ankhtowë, nos subúrbios da cidade de Memfis, outros sugerem que ele nasceu na vila de Gebeleine, ao sul de Tebas. Seu pai, Kanofer, poderá ter sido um arquitecto. Sua mãe poderia ter sido Khreduonkl ou a outra esposa, Ronfrenofert, mas nenhuma é tomada como certa.
Proveniente de um nascimento modesto, depressa se notabilizou devido ao seu génio, talentos naturais e dedicação.
Como sacerdote chefe do templo de Heliopolis, era o principal sacerdote do Egipto, na sua época.
Como arquitecto é o primeiro construtor de pirâmides conhecido. É lhe atribuída a construção de todo o complexo da pirâmide de degraus de Djoser em Sappara, a colaboração na pirâmide inacabada de Sekhemkhet, e também na construção do templo de Edfu.

Os melhores escritos conhecidas de Imhotep são textos de medicina. Como médico, Imhotep é acreditado como o autor, segundo o papiro de Edwin Smith, de 90 termos anatómicos e a descrição de 48 ferimentos. Fundou uma escola de medicina em Mênfis, conhecida como “Asklepion” que permaneceu famosa por dois mil anos. Tudo isto ocorreu 2.200 anos, antes que o pai da medicina ocidental Hipócrates tivesse aparecido.
Imhotep diagnosticou e tratou cerca de 200 doenças, 15 doenças do abdómen, 11 da bexiga, 10 do recto, 29 dos olhos, e 18 da pele, do cabelo e da língua., a tuberculose, pedra da vesícula, apendicite e artrite.
Também praticou a cirurgia, para a qual foram encontrados diversos instrumentos cirúrgicos em diversas escavações, e foi dentista. Imhotep extraía os remédios das plantas. Conhecia a posição e a função dos órgãos e da circulação do sistema sanguíneo.
Os egípcios eram médicos muito avançados para o seu tempo. Eram mestres na anatomia humana e na cura de doenças devido às possibilidades que a dissecação na mumificação proporcionava. Esta envolvia a remoção da maioria dos órgãos internos incluindo o cérebro, os pulmões, o pâncreas, o fígado, o baço, o coração e o intestino. De todos estes órgãos o que menos importância tinha para os egípcios era o cérebro, que extraído com pinças próprias pelas fossas nasais, era atirado fora enquanto os outros órgãos eram guardados nos vasos canopos.
Os egípcios tiveram, o que é compreensível, um conhecimento básico das funções dos órgãos dentro do corpo.

Os médicos egípcios também frequentemente se especializavam, “médico do olho do palácio”, “médico das entranhas do estômago do palácio”, “o guardião do ânus” etc.
O papiro Kahun é um texto que nos fala da ginecologia, que trata dos órgãos de reprodução, concepção, testes de gravidez, o parto e a concepção.
Graças aos papiros médicos, sabe-se de muitos tratamentos usados nas prescrições egípcias para a cura de doenças e como eram tratadas as fracturas ósseas.
Usavam para o tratamento das doenças, uma variedade muito grande de substâncias provenientes de plantas, minerais e animais como a urina de alguns destes. Souberam usar supositórios, fazer purgas e utilizavam frequentemente o óleo de rícino.
Os egípcios acreditavam que a doença e a morte eram causadas por um deus, ou por alguma força sobrenatural. Tiveram os curandeiros, que descobriam a entidade particular que causava a doença e a tentavam expulsar com rituais e talismãs, contudo, para além dos curandeiros, existiam os médicos com as suas prescrições e tratamentos, algumas vezes com um cunho de magia também.

Uma das doenças mais comuns entre os antigos egípcios , era uma infecção provocada pelo caracol da água. As pessoas eram infectadas pelo contacto com o caracol. O gérmen da infecção aderia à pele e entrava no sistema sanguíneo do hospedeiro, causando anemia, perda de apetite, infecção urinária, perda de forças e outros males.
Sofriam também de outras doenças provenientes dos insectos como a malária, a cólera e devido à má nutrição a tuberculose.
Imhopet é um exemplo do culto da personalidade. Aproximadamente 100 anos após a sua morte, foi considerado como um semideus médico. Em aproximadamente 525 a.C., cerca de 2.000 anos após a sua morte, foi elevado à categoria de um deus, e substituiu Nefertum na tríade grande em Mênfis. No Cânon de Turin era considerado como filho de Ptah. Imhotep foi, conjuntamente Amenhotep, os únicos egípcios mortais que alcançaram o estatuto de deuses. Foi também associado com Thoth, deus da sabedoria, da escrita e da aprendizagem.

Posteriormente foi adorado mesmo pelos cristãos antigos como um Cristo. Os primeiros cristãos adoptaram para seu uso aqueles formulários, quer medicinais quer pagãos, constituindo uma verdadeira tradição.
Foi adorado na Grécia onde foi identificado com o seu deus da medicina Aslepius. Foi honrado pelos Romanos e os imperadores Claudius e Tibérius colocaram inscrições nas paredes dos seus templos egípcios, elogios a Imhotep. Encontrou um lugar na tradição árabe, especialmente em Saqqara, onde se pensa que o seu tumulo se encontra.
Imhotep viveu até muito tarde, tendo morrido aparentemente durante o reinado de Huni, o último faraó da terceira dinastia. O seu túmulo ainda não foi encontrado, contudo, pensa-se que se encontra em Saqqara, à espera que o descubram.

12 Comments:

Blogger hfm said...

Gostei de relembrar Imothep!

11:54 da manhã  
Blogger BlueShell said...

Mais uma vez...confesso que não sabia...e fiquei a saber; mais uma vez digo...é bom vir aqui. Jinho, BShell

12:10 da manhã  
Blogger oasis dossonhos said...

A partilha deste saber variado, das memórias às figuras históricas e lendárias, é algo que enriquece os nossos conhecimentos. Obrigado por nos dares estas preciosas informações.
Bom fim de semana
abraço
Luís

12:51 da manhã  
Blogger trintapermanente said...

descupa. eu li guardião do anus????? também o mumificavam? eheheh

11:36 da manhã  
Blogger peciscas said...

Aqui, vê-se trabalho, investigação, profundidade. Ao contrário de muitos outros espaços que andam por aí!

5:49 da tarde  
Blogger Politikus said...

Devo dizer que admiro profundamente, a cultura egipcia antiga. A sua "ciência" é de tal forma evoluida para a sua época, que parecem extra terrestres... é incrível.

2:07 da tarde  
Blogger AnaP said...

Mais uma vez contribuiste para o alargar da minha cultura.
Beijinhos*

4:21 da tarde  
Blogger BlueShell said...

Pode parecer estranho mas acho que estou, de novo, apaixonada...
Pelos sintomas...
Jinho, BSHell

4:22 da tarde  
Blogger augustoM said...

OLá Ana Maria
Respondi à tua questão directamente no teu blog
Um beijo. Augusto

Olá Stillforty
Extraterestre era o teu avô.
Beijinho

Olá Fernando
Em alguns aspectos avançou, mas noutros regrediu e continua a regredir.
Um abraço. Augusto

Olá Luís
Enquanto houver conhecimentos vou informando, para quem estiver interessado, claro.
Um abraço. Augusto

Olá Tintapremanente
Claro que eram mumificados. O guardião do anus tinha um estatuto elevado, possívelmente era uma mumificação de 2ª categoria.
Beijinhos do pai

Olá Paopboca
Não é para tanto.
Um abraço. Augusto

Olá Polittikus
Não sei o porquê dos parênteses na palavra ciência. Se aquilo não era ciência, então o que era? Cuidado com essa dos extraterrestres, só servem para diminuir a capacidade humana.
Um abraço. Augusto

Olá AnaP
Ainda bem.
Um beijo Augusto

Olá Sell
Se estás apaixonada, não deixes fugir, aproveita ao máximo.
Um beijo. Augusto

9:02 da tarde  
Blogger Unknown said...

Passar por aqui é um prazer...
Um abraço.

5:39 da tarde  
Blogger João Batista de Andrade said...

DIVINO AUGUSTO.
PERDÃO PELA REDUNDÂNCIA E POR TER LHE POSTO FORA DA NATUREZA.
(COM A NATUREZA, PELA NATUREZA, PARA A NATUREZA, PORQUE FORA DA NATUREZA NÃO HÁ SALVAÇÃO... PARODIANDO RUI BARBOSA E O SEU ELOGIO À LEI.
PROCUREI POR IMOHTEP NA WIKIPEDIA E NÃO ACHEI. ATRAVÉS DO GOOGLE PESQUISA É QUE ME DEPAREI COM O SEU BRILHATE TEXTO.
SAUDAÇÕES NATURALISTAS.

11:21 da tarde  
Blogger Unknown said...

Muito boa sua pesquisa e aula.
Aprovietei-me de seus conhecimentos para enriquecer minha aula sobre Cirurgia Geral!
parabéns
O fundo prêto porém faz efeito mas torna a leitura mais difícil!!!

12:39 da manhã  

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